Passei o dia de sábado inteiro com as meninas. Elas falavam ansiosamente da peça que fariam no festival das artes. Nenhuma das duas recebeu um papel grande, mas o papel que receberam era de grande importância na peça.
Me pressionaram a dizer mais um pouco sobre a minha situação com o Mike e eu apenas disse que as coisas agora são assim, não existe mais nada entre nós dois.
— Não é possível que as coisas terminem assim, Mya. — Rebateu Olivia.
— Sim! Vocês são lindo juntos. — Foi a vez de Hilary.
Graças ao meu bom Deus, o telefone da casa começou a tocar, fazendo um barulho ensurdecedor.
— Vou atender, com licença. — Me levantei, dando glória a Deus por não ter que ouvir mais as duas.
— Você não escapa. — Hilary me avisou.
— Alô? — Atendi o telefone, encarando ainda a menina.
— Olá, é da casa Campbell? — Uma voz muito reconhecível me respondeu.
— Sim. Quem fala? — Perguntei, tentando me lembrar de onde escutei aquela voz.
— É o diretor do colégio. — Bingo, descobri a voz. Que merda deu agora? — Gostaria de falar com um superior.
— Ah, sim. Tudo bem. Um minuto por favor. — Deixei o celular em cima da mesinha e corri até o quarto de Larry para pedir suporte. Meu Deus e se eu fiz alguma coisa que não me lembro?
— Que isso, menina? — Larry perguntou assustado, ao notar que eu abri a porta de seu quarto com tudo, desesperada.
— Larry, você vai descer agora e atender o telefone como um bom adulto que você é. — Aquilo soou mais como uma ameaça. — O diretor está na linha e eu não tenho ideia do que ele quer.
— Bom, eu tenho certeza que falar comigo ele não quer. — O menino deu de ombros e voltou o seu rosto para os livros.
— Larry, vamos esquecer a nossa última discussão, ok? Lembra, nós somos irmãozinhos, manos, amigões e todos esses substantivos que definem irmãos. — Juntei minhas mãos em forma de oração e me ajoelhei do lado de sua cama.
— Então você admite que eu estou certo? — Encarou o meu rosto, com a sobrancelha arqueada.
— Não! — Ele bufou e voltou o seu olhar mais uma vez para o livro.
— Então vaza do meu quarto! — Declarou.
— Não Larryzinho. Não fala assim! — Bufei ao ver que ele não mudaria de ideia tão fácil assim. — Tá bom, você tá certo! Eu sou a vilã que feriu o coração do Mike. Eu sou fútil, só penso em mim mesma e sou uma marionete controlada pelo senhor Campbell. — Respondi, vendo o garoto arregalar os seus olhos. — Agora vai atender aquele telefone. — Puxei o seu braço o fazendo levantar com tudo de sua cama. Ele largou o livro em cima dela e tentou me acompanhar.
Quando chegamos no pé da escada. Pude notar meu pai com o telefone na orelha. Ouvindo atentamente o que estava sendo falado. Um arrepio percorreu a minha espinha.
O homem se virou em nossa direção e ao invés de bravo, ele parecia feliz. Calma aí, ele estava feliz? Não era para ser uma notícia ruim do diretor? Que o deixaria tão irritado ao ponto de arrancar a minha cabeça? O que aconteceu?
— Nossa, isso é muito bom! Mais um orgulho para a nossa família. — Dizia em meio às risadas. — Pode deixar, eu aviso sim. Ela estará amanhã arrumada para a premiação. — Mais uma vez sorriu, só que dessa vez me encarando.
O sorriso... o sorriso era... era para mim...
O sorriso era para mim...
Todo esse tempo aguardando e desejando incessantemente... e dessa vez, quando eu achava que jamais teria seu sorriso orgulhoso voltado para mim, ele apareceu de repente, aquecendo o meu coração.
— Você ganhou, Mya! — Assim que desligou o telefone, ele comemorou mostrando o quanto estava feliz. — Você levou ouro para a escola! Igual ao seu irmão.
Eu levei a mão ao rosto, desacreditada com aquilo. As meninas vinham me abraçar mostrando o quanto estava felizes por mim, Larry abraçou nós três com um sorriso enorme no rosto. Começamos a pular em comemoração. Era uma alegria muito grande saber que finalmente consegui algo que desejava tanto.
Mas faltava algo.
Eu sentia a falta de algo.
Ou melhor, alguém.
Por que eu sentia tanta falta assim dele? Eu tinha tudo! Meus pais, amigos, meu irmão, uma casa boa, uma escola excelente, minhas metas finalmente estavam sendo conquistadas, por que é que isso tudo não parecia valer muito perto da ideia de estar com ele? Aproveitando cada uma dessas coisas? Como se ele fosse a peça principal de um jogo de xadrez.
Do que adianta ter conquistado uma das minhas metas, se ele não está aqui para me aplaudir? Para me abraçar e dizer o quanto está orgulhoso?
Eu acho que nunca vou esquece-lo, por mais que me esforce.
Meu pai dizia o quanto estava orgulhoso de mim e falava alguma coisa sobre ser a primeira de muitas mas eu não prestava tanta atenção assim. Minha cabeça estava presa em um único pensamento: Vai falar com ele.
Diga a ele tudo que está engasgado. Traz ele de volta para a sua vida assim como vc tirou. Pede desculpas e diz a importância que ele tem em sua vida. Diga a ele que o ama, e que faria de tudo por um futuro ao seu lado.
Liga para ele.
Fui tirada desse pensamento quando Larry me chamou ao ver meu olhar distante. Papai já não estava mais na sala, estava atrás do balcão, que dividia a cozinha e a sala, ligando animadamente para várias pessoas. Olivia e Hilary me encaravam preocupadas.
— Você não acha que devia falar com ele? — Larry foi direto ao assunto. Talvez ele tenha percebido minha mudança repentina.
— Do que está falando? — Dei uma risada para disfarçar.
— Você devia falar com ele. — Olivia declarou.
— Não dá para fugir do que sente. — Foi a vez de Hilary dizem com um sorriso triste.
— Ele provavelmente nem quer mais falar comigo, gente. — Suspirei, encarando a realidade. — Eu devo ter o magoado de um forma tão grande, que talvez ele nem queira mais olhar para mim.
— Não diz isso. — Olivia balançou a cabeça para os lados.
— Ele te ama ainda, eu tenho certeza disso. Só o jeito que ele te olha mesmo depois de tudo que aconteceu, é a maior prova disso. — Hilary complementou.
Não vou negar que o quero de volta. Se eu pudesse voltar atrás, nunca diria tudo aquilo a ele. Na verdade, ele foi uma das melhores coisa que me aconteceu, ele foi uma calmaria no meio de toda aquela tempestade que era a minha vida. Ele foi a pessoa que mais me apoiou nos momentos de fraqueza. E por que eu quero tira-lo no momento de alegria? Se ele esteve nos piores.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...