70. Um cisne figurante?!

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Narrado por Mya.

Alguns dias se passaram desde a minha premiação. A premiação que eu não senti absolutamente nada ao ganhar o prêmio que sempre quis em toda a minha existência.

Será que os meus desejos mudaram?

Era dia do festival das artes. Todos estavam muito animados com os estandes. A escola estava lotada pois o festival era aberto a todos.

Meus pais decidiram ir de última hora, então de repente, Larry também sentiu vontade de ir. Ele me explicou depois que jamais deixaria meus pais estragarem o meu dia.

Olivia foi a primeira que encontrei. Estava linda. Suas tranças já mudaram e era incrível como ela trocava de tranças como mudava de roupa. Agora estava com uma fulani braids, que ficou incrível como todas as outras. Sua maquiagem era marcante, mas mesmo assim, muito linda. Mantinha o uniforme no corpo pois todos foram obrigados a ir com eles. Segundo o diretor, ele precisava identificar os alunos.

— Animada, amiga? — Perguntou, observando toda aquela gente.

— Nem tanto. — Respondi um pouco desanimada, assim que os meus pais se afastaram e foram até os estandes principais. — Tá tudo certo? Precisa de alguma ajuda?

— Tudo sobre controle, amiga! As pessoas que você colocou no grêmio são excelentes profissionais. — Deu uma piscadela e abriu um sorriso, me tranquilizando. — Vai se divertir, vai aproveitar. Acho que você merece esvaziar um pouco a cabeça. — Ela pegou o seu celular e discou algumas coisas. — Vou ligar para Hilary vir pegar você. — Levou o celular até o ouvido.

— Não precisa disso! Eu posso encontrá-la. — Revirei os olhos, com um sorriso nos lábios.

— Hilary? Vem aqui na entrada por favor. Mya chegou. — Ela tampou o outro ouvido, tentando escutar o que a menina dizia. — Que que tem? Mike e Mya não podem respirar o mesmo ar, não? — Aquilo me fez dar um passo para trás. — Vem logo! Ela está esperando.

Quando a menina desligou, esperei que me dissesse algo, mas apenas ficou olhando para os lados vendo as pessoas entrarem.

— Olivia? — Chamei sua atenção.

— O quê? — Perguntou, aérea.

— Mike está com Hilary?

— Ah, sim. Noah e Mike então com ela. — Falou calmamente. — E estão vindo para cá.

— Diz a ela que estou com Larry. — Puxei a mão de meu irmão que analisava animadamente um estande de artes abstratas.

— O que é isso? — O menino tinha uma ruga no meio da testa, não entendeu o porquê puxei sua mão.

— Só me segue. — Ele assentiu e eu não entendi como obedeceu tão rápido.

Me direcionei para a quadra da escola, onde estava lotada de pessoas e estandes. Os estandes da quadra eram voltados para histórias em quadrinhos, livros e fotografias. Na quadra teria uma apresentação de cinema. Onde os alunos de cinema apresentariam uma produção deles. No pátio, aconteceria as apresentações de dança, o auditório foi exclusivamente reservado para os músicos e o salão principal da escola, um pouco menor que a quadra, foi separado para os estudantes de teatro. Para a peça tão aguardada.

Eu me enfiei entre eles, tentando chegar até a área de trás da quadra, onde ficavam os banheiros e lugares para sentar. As arquibancadas estavam lotadas e de maneira nenhuma eu me sentaria ali, bem no centro onde podem me achar.

— Por que estamos nos escondendo? — Larry perguntou, assim que viu eu me sentar.

— Só dez minutinhos, calma. — Levei as mãos até o joelho, recuperando todo o meu fôlego que a corrida me levou.

— Essa escola abraça tanto a arte, não é? Olha só como está tudo tão repleto de... mágica. — Os olhos do menino se acenderam ao dizer aquilo. — Alguns desses artistas possuem muita sorte de estudar aqui.

— É verdade. A arte parece dar uma leveza ao ambiente.

— Sim. Uma leveza enorme. — Sorriu. — Assim como deu para a minha vida.

(...)

As apresentações finalmente iriam começar. Algumas seriam nos mesmo horários para que todos pudessem se apresentar, até os que decidiram fazer apresentações individuais. A primeira seria de teatro, onde Hilary e Olivia se apresentariam. A peça era "o lago dos cisnes" criada por Piotr llitch Tchaikovski. Estava ansiosa para ver seus papéis.

— Por que vamos ver as peças de teatro primeiro? Eu queria ver as de música! — Larry brigou comigo, irritado.

— Calma! As de música vão começar em quarenta minutos. Assim que a apresentação principal de teatro acabar. — Retruquei, dando a ele um folheto dos horários.

— Ah sim, então essa é uma apresentação de lago dos cisnes? — Fez uma careta. — Eu não mereço isso não.

(...)

No meio da peça, eu fiquei um pouco desanimada ao ver que minhas amigas eram cisnes. Quando me disseram que seus papéis eram de grande importância, não imaginei que estavam falando disso. E não eram nem o cisne branco e o negro, Odette e Odile, eram cisnes figurantes.

A peça se seguiu e só aí eu notei que o pessoal da dança, especificamente do balé, fez parte da peça. O pessoal do teatro jamais conseguiria dar aquelas piruetas.

Assim que se encerrou, Larry me puxou rapidamente para o auditório. Ele estava doido para as apresentações de música. Mas no meio do caminho, Olivia puxou o meu braço me fazendo solta-lo.

A garota mantinha um sorriso radiante nos lábios, e ainda estava com a fantasia de cisne.

— Gostou da nossa participação? — Perguntou e Hilary logo apareceu do seu lado.

— Bom, foi... adorável! — Respondi, ao achar a palavra certa.

— Foi ridículo. — Noah surgiu ao nosso lado. — Ela, Assim como eu, acreditou que ao menos vocês teriam um papel decente. Fala sério, um cisne figurante?! — Noah começou uma séria discussão, mas eu não estava prestando atenção nisso. Me perguntava onde Mike estava. Se Noah se encontrava aqui e as meninas também, onde ele estava?

Resolvi me afastar dos três quando notei Larry ao longe, com os braços cruzados e uma cara emburrada. Ele batia o pé algumas vezes no chão, mostrando claramente a sua falta de paciência.

Caminhamos no meio de toda aquela gente, em direção ao auditório. Sentamos perto de nossos pais, na primeira fileira, ao notar que eles também decidiram assistir as de música.

Meu pai estava feliz, minha mãe parecia leve e Larry estava radiante por se sentir em casa. E eu? Bom, acho que eu sempre fui um probleminha na família, mas estava bem fingindo que tudo estava bem.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora