01. Fazer história.

453 50 91
                                    

CA. Los Angeles.

Estudar...
O que você entende quando ouve essa palavra? O que essa palavra causa em você? Talvez desânimo? Foco? Raiva? Paixão?

O estudo para uns, é uma chance de mudar de vida. É uma chance de mudar o cenário em que se encontra. Para outros, é apenas um capricho já que no fim das contas, irão herdar as empresas multimilionárias de seus pais junto com toda sua herança. E para alguns, assim como eu, é a necessidade de provar que é capaz.

— Olha só Mya... seu irmão ganhou novamente a medalha de primeiro lugar no concurso de mentes brilhantes. — Meu pai estava focado em seu celular, analisando cada palavra da notícia com um brilho orgulhoso nos olhos.

Às vezes eu me perguntava porque esse brilho só surgia quando o assunto era Larry.

Larry sempre veio primeiro em tudo. Desde a primeira letra do nome, até a escolha do prato principal do jantar. Ele era sempre o aplaudido por ser "perfeito" e possuir um nível de inteligência tão grande, capaz de colocar qualquer um no chinelo. Sempre encantando as pessoas com o seu charme e seu sorriso perfeito. Mas aquela carinha de santo, não era capaz de me cativar.

Eu não considero isso que eu sinto por ele inveja, pois afinal, eu tinha muito orgulho e ficava impressionada com suas conquistas. Eu só não admitia ele roubar a atenção de todos ao nosso redor, o que me fazia ficar sempre na sombra.

— É... ele é incrível. — Beberiquei o suco, sentindo o meu coração doer com aquilo. — Pai, sabia que nesse novo ano eu fui reeleita a representante geral do grêmio? E representante da minha turma também! Essa semana preciso convocar os alunos que já faziam parte do grêmio e convidar novos alunos para participar.

— Esse grêmio é o que fica responsável pelos eventos da escola, não é? — Ele falou, sem tirar os olhos do telefone.

— Sim. — Disse, com um certo orgulho.

— Ah sim. E como vão as aulas de piano esse ano? Ainda está no básico? —Tomou sua xícara de café, me observando.

— Bem, eu... — Notei ele negar com a cabeça. — Eu tenho tentado pai... não consigo fazer tudo ao mesmo tempo.

— O seu irmão consegue. — Falou simplesmente, se levantando da mesa.

— Me esqueci que ele é Beethoven e Einstein em uma só mente. — Sussurrei, sentindo toda a minha alegria sair do corpo como se estivesse sendo sugada por um canudo.

— Bom dia, irmã. — Larry adentrou a cozinha, e me abraçou de lado com um sorriso no rosto. — Cadê o papai? Preciso contar a ele uma novidade.

— Que você ganhou mais uma vez o prêmio de mentes brilhantes? — Comi uma fatia do bolo, vendo os olhos azuis arregalados em surpresa. Larry era muito bonito, seus cabelos eram ondulados e possuíam um corte chase hudson, onde seus fios ruivos se dividiam ao meio. Ele tinha a pele branca, mas não pálida. E seus olhos eram azuis. — Perfeito até na aparência. — Achei que havia falado em um tom baixo, mas saiu mais alto do que pensei.

— Irmãzinha tola. — Ele riu baixo, enquanto balançava sua cabeça para os lados. — Não sou tão perfeito quanto pensa, e minha aparência muito menos. Devo lembrá-la que a nossa tonalidade de cabelo só passou a ser aceita depois de algumas décadas? E que se vivêssemos naqueles tempos eu, você e mamãe seríamos mortos por sermos considerados bruxos ou algo assim?

— Não me chame de tola! E não precisa me lembrar sobre o que os ruivos enfrentaram no passado.

— Vejo que não está bem humorada hoje. — Ele sorriu, modiscando uma fatia do bolo que eu julguei ser de laranja.

— O que posso fazer? Não sou perfeita como você.

— Já disse para parar com isso. — Levou a mão a cabeça, com um sorriso meio forçado nos lábios. — Eu não te falei que não sou perfeito? Pois então, pare de me considerar assim.

— Perdão, senhor perfeição. — Declarando isso, me levantei da mesa, vendo ele tentando esconder a sua raiva através do sorriso.

Antes de sair pelas portas da cozinha, o menino chamou a minha atenção.

— Só mais uma coisa. — Me encarou depois de tomar o líquido da xícara. — Minha noiva virá mais tarde para passarmos um tempo juntos. Por favor, não faça nada que eu não faria. — E assim, voltou sua atenção para o bolo em seu prato.

Aquela simples frase, foi suficiente para desencadear uma raiva imensa dentro de mim. Me virei de volta para a porta, respirei fundo e voltei a andar.

Passei por nossa sala de estar e notei  minha mãe trabalhando em algo no seu computador. Peguei minha mochila que estava no sofá e parei em frente a mulher.

— Estou indo mãe. Me deseje sorte. — Ela desviou o seu olhar do computador, e focou sua atenção em mim, abrindo um sorriso assim que me olhou da cabeça aos pés.

— Nem acredito que minha menina já iniciou o segundo ano, que orgulho! — A mulher colocou o seu computador ao lado no sofá e se levantou ficando de frente para mim. — Mais uma ano que eu tenho certeza que você irá muito bem. Vai lá e arrasa! Um verdadeiro Campbell não precisa de sorte. — Ela declarou, depositando um beijo em minha testa.

— Obrigada, mãe. — As palavras de minha mãe fizeram meu coração se acalmar um pouco. A ansiedade sumiu no exato momento em que ela disse que tinha orgulho de mim. Ela tinha orgulho da pessoa que eu estava construindo aos poucos.

— Senhorita Campbell? — Nosso motorista Charles surgiu. — Está pronta?

— Estou sim. — Levei a mochila até as costas, caminhando em sua direção. O homem deu espaço para que eu passasse e logo pude ouvir seus passos atrás de mim.

O primeiro dia de aula era sempre o mais difícil. Eram agitados, barulhentos e estressantes. Ainda mais para alguém tão importante como eu, que sempre era convocada para resolver todo tipo de situação. Mas mesmo não gostando de primeiros dias de aula, eu me sentia animada de alguma forma. Sentia que aquele ano seria diferente. Que eu deixaria minha marcar e faria história como o meu irmão fez.

Estava certa daquilo.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora