07. Mya menos, gatinha.

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— Então quer dizer que não foi o diretor querendo se aproveitar da sua boa vontade? — Hilary dizia com um olhar surpreso.

— Não foi. — Bufei, tirando alguns livros de dentro do armário. Hoje, como eu consegui organizar tudo que precisava, vou comparecer as aulas. — Agora preciso fazer de tudo para colocar esse menino na linha.

— Você consegue. — Olivia colocou uma de suas mãos em meu ombro.

— Não estou muito confiante... — Caminhamos em direção a sala de aula, quando notei que o loiro não estava conosco. — Onde está Williams? Não chegou ainda?

— Então... — Hilary declarou, apontando para frente com a cabeça. — Ele está com esses garotos desde ontem quando fomos nos escrever nas aulas extras.

Ah não.

— Ele fez amizade com o Jones. — Olivia bufou e negou com um cabeça. — Perdemos um soldado.

Estavam os três em frente a porta da nossa sala dando risinhos e comentando sobre as pessoas que passavam pela porta. Que falta de maturidade.

Ethan Jones. Simplesmente o garoto mais perturbado que eu já conheci. Acredito que nem um pastor de uma assembleia seria capaz de consertar ele, só um milagre de Deus. O menino não era dedicado, estava na escola para arranjar namoradas e vivia humilhando as pessoas sem necessidade alguma. E quando eu digo pessoas, não estou me referindo apenas aos alunos, me refiro aos funcionários também. Os professores sofriam ao serem interrompidos por ele porque o menino simplesmente não queria aquela aula, ou o diretor, que quando tenta chamar sua atenção, é ameaçado, ou então a inspetora, que é obrigada a acobertar cada fugida dele das aulas.

E mesmo ele sendo tudo isso, ainda era o mais querido entre os alunos. Me perguntava o que esse povo tem na cabeça.

Ele era bonito? Era, muito. Pele parda, cabelo baixo, olhos azuis e amendoados, nariz reto e maxilar bem marcado. Ele era bonito. Mas do que adianta a beleza se não existe o caráter?

Mas o que me chamou mais atenção não era Ethan, era o mesmo menino dos olhos verdes que estava ao seu lado. O menino que derrubou os meus livros e ao invés de se desculpar, me culpou por estar na sua frente.

Esse palhaço dos olhos verdes.

Passei por eles, sentindo o olhar de cada um sobre nós e os sorrisos cínicos típicos de idiotas.

— Segurem os livros, porque talvez alguém resolva passar quase te atropelando e dizer ainda que a culpa foi sua por estar no caminho. — Falei, alto o suficiente para que escutassem. Ouvi uma risada no meio deles e adentrei pelas portas da sala.

— Essa é a representante e o seu bando de nerds gatinhas? — Escutei a voz que eu julguei ser do cacheado.

— Sim. Elas estudam comigo desde o fundamental. É um castigo. — Ethan declarou.

Sim, é um castigo.

— Elas são de boa. — O loiro nos defendeu. — Mya é mandona, Hilary irritante e Olivia bobona, mas são tranquilas. — Escutei ele dizer e revirei os olhos no mesmo instante.

E você um fofoqueiro stalker, que se acha o centro do mundo.

— Mya. — Escutei a voz do cacheado e em seguida, uma risada. — Que nome engraçado.

O professor passou pelos três e pediu para que entrassem. Por algum milagre, fizeram isso sem contestar.

— Bom dia turma! Sou o Ben, o novo professor de português de vocês. — Ele abriu um sorriso.

— De novo não tem nada, né? — Ethan declarou, fazendo metade da sala de aula começar a rir.

— Bom... — O professor riu, um pouco sem graça. — Realmente, de novo eu não tenho nada. Mas então, eu gostaria de fazer a chamada para nos conhecermos melhor. — Ele foi em direção a sua mesa e se sentou analisando os papéis.

Ouvi um barulho de cadeira sendo arrastada e notei o cacheado dos olhos verdes sentando ao meu lado com um sorriso de canto nos lábios. Revirei os olhos imediatamente.

— Não estou escutando na parte de trás. — Falou, com um sorriso inocente.

— Não me interessa. — Notei ele arquear uma das sobrancelhas.

— Que eu saiba uma representante de turma não trata os alunos assim. — Negou com a cabeça, voltando a sua atenção para o professor que já fazia a chamada.

— Sinto muito pela sua impossibilidade de ouvir. — Forcei um sorriso, encarando seu rosto. Ele riu fraco e continuou a encarar o professor.

Ele é muito bonito.

Parece tão inocente e generoso...

— Mike Lewis. — O professor chamou e arregalei os olhos ao ouvir aquele nome.

— Estou aqui. — O cacheado ao meu lado levantou uma das mãos, se virando para mim ao notar minha expressão surpresa. — O que foi? Gostou do meu nome? — Abriu um sorriso debochado.

— Nome de cachorro. — Declarei sem intenção, quando um silêncio pairou sobre a sala, causando uma gargalhada na turma inteira.

— Vamos fazer silêncio pessoal! — O professor advertiu e eu tampei a boca ao ver que foi eu que causei aquilo tudo. Mike, por outro lado, não parecia achar aquilo engraçado. — Mya Campbell.

— Presente. — Ergui a mão, notando agora o seu olhar surpreso sobre mim. Um olhar mais enfurecido do que surpreso. — O que foi?

— Mya? Sério? — Ele pareceu sair do seu transe. — Você quer falar sobre qual nome é mais estranho? Me poupe né! Mya menos, gatinha. — Ele se levantou da cadeira e mais uma vez escutei as risadas da turma.

Me sentia em um espetáculo de comédia.

— Gente! Por favor! — O professor implorou mais uma vez.

— Mandou bem. — Escutei Ethan aplaudir o menino com algumas risadas e por um momento esqueci até como respirava.

Ele era o menino da monitoria.

— Estou ferrada. — Levei as mãos à cabeça e respirei fundo, tentando prestar atenção no que o professor dizia.

(...)

— Você está bem? — Olivia veio até a minha mesa com uma expressão chateada.

— Esse é o menino que darei monitoria. — Suspirei, vendo a cara de espanto delas.

— Sinto muito. — Hilary colocou a sua mão sobre a minha. — Estarei orando para você sobreviver.

— Obrigada. — Ri, me erguendo da cadeira para respirar antes da próxima aula.

As últimas três aulas depois da primeira, foram tranquilas. Os professores super compreensivos e gentis. Quase conseguiram acalmar a raiva que estava dentro de mim.

Quase.

Se prepare Mike Lewis, porque essa gatinha aqui fará você adquirir pavor de gatos.

Será a primeira vez que o cachorro terá medo do gato.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora