Dizem que alunos que normalmente são chamados de "nerds", mas eu prefiro responsáveis e dedicados, devem amar os primeiros dias de aulas pois finalmente irão voltar a fazer o que mais amam: estudar.
Mas eu não.
Talvez eu estava sendo "nerd" do jeito errado.
Não vou negar que estudar é o que muita das vezes me faz sentir leve quando tenho que passar por uma situação conturbada em minha vida, mas mesmo assim, preferia mil vezes pular esses inícios de aula.
— Quem é esse povo todo? — Sussurrei para Olivia assim que adentrei as portas do grêmio com as milhares de folhas.
— São candidatos novos e alguns antigos que querem voltar a participar. — Ela prestava atenção na prancheta em mãos.
— Mas eu já não enviei os membros? — Coloquei os papéis sobre a minha mesa e apoiei as mãos sobre ela, analisando o lugar.
— Cinco pessoas rejeitaram, ou seja, temos oficialmente cinco vagas disponíveis. — Ela levou a caneta a boca, com uma expressão pensativa. — Está com a lista de alunos novos para apresentar a escola? Tenho que fazer antes do sinal tocar.
— Um minuto. — Procurei, até encontrar um papel escrito "alunos novos, 2001" e estendi para a menina. — Obrigada por fazer isso. Sério, é de grande ajuda. — Respirei fundo, me sentando na cadeira e notando as pessoas se aproximando com papéis.
Mais papéis.
— Nada. Estou aqui para isso. — Ela sorriu somente com os lábios, e se retirou do recinto.
— Tudo bem. — Falei, forçando um sorriso. — Uma fila por favor. — E assim, segui o meu dia lendo currículos de possíveis membros do grêmio. Um grêmio onde eu era a responsável e precisava com todas as forças dar o meu melhor.
(...)
Depois das longas primeiras horas dessa manhã, caminhei em direção ao refeitório ao perceber que havia perdido todos os primeiros quatro tempos de aula. Estava exausta e com a cabeça girando de tantos nomes e problemas que precisei resolver. Agora entendo a expressão exausta do diretor.
— Aqui, Mya! — Olivia, que estava sentada em uma das mesa com um menino e uma menina ao seu lado, acenou para mim.
A menina tinha a pele branca, mas eu diria que sua característica mais marcante é o seu cabelo já que um dos lados, especificamente o lado direito, era complemente rosa, e o outro, totalmente azul. Ele chegava até os ombros e era ondulado. Ela se virou para mim com um sorriso e notei seus olhos castanhos amendoados finos, seu nariz pequeno e o aparelho colorido em sua boca. Além disso, suas bochechas possuíam um tom tão rosado, que me perguntei por um momento se ela não havia levado um tapa.
Ela parecia ter cor demais.
O menino ao seu lado, se virou para mim, mostrando uma personalidade completamente diferente da menina colorida.
Ele tinha os olhos mais escondidos e carregava um olhar sério. Seus cabelos eram bem cacheados e possuía uma tonalidade loira, parecendo o estereótipo perfeito de um anjo. Faltou apenas os olhos azuis, que ao invés disso, eram castanhos em um tom de mel, no mesmo tom dos olhos de Olivia.
Assim que me sentei ao lado da menina colorida, sorri educadamente.
— Mya, esses daqui são uns dos novos alunos de nossa sala. — Ela apontou para o menino anjo. — Esse aqui é Noah Williams. — Em seguida, apontou para a garota arco-íris. — Essa, Hilary Welker.
— Um prazer. — Abaixei minha cabeça, em uma reverência.
— Gente. — Chamou a atenção deles.— Essa aqui é a Mya Campbell, a represen... — Antes que ela terminasse, o loiro continuou.
— A representante de turma e do grêmio. Irmã de um dos meninos mais inteligentes que já passou por essa escola. Filha do grande empresário Adam Campbell com suas empresas multimilionárias. Filha também, de Ava Campbell, braço direito da empresa Campbell's e esposa de Adam a exatos 23 anos. — Ele declarou, colocando um pedaço de panqueca na boca com a expressão mais natural possível.
— Uau. — Olivia arregalou os olhos, surpresa.
— Você é stalker ou algo do tipo? — Hilary perguntou, deixando o seu garfo cair sobre o prato.
— E se eu for Hilary Welker? Vai me mandar para a clínica psiquiatra do Senhor Welker? Que por acaso é seu pai? — Ela franziu o cenho.
— M-meu pai? — Gaguejou um pouco.
— Ele é bem requisitado, não é mesmo? Bastante conhecido e também tratou de disturbios mentais bem perigosos. — Ele apoiou os braços sobre a mesa, com um sorrisinho no rosto.
— Tá legal, você me deixou com medo agora. — Ela voltou a sua atenção no prato, e eu sorri com o cenho franzido.
— Acho que encontrei uma ótima pessoa para cuidar do jornal da escola. — Olhei para Olivia e depois o meu olhar se voltou para o garoto. — Williams, está afim de... — Antes que eu terminasse, ele me interrompeu.
— Nem pensar. — Levantou o seu dedo indicador, o balançando para os lados. — Odeio a escola e qualquer coisa que faça eu me envolver mais com ela. — Ele se encostou novamente na cadeira, com um olhar sério.
— Fofoqueiro que se banca de frio e desinteressado, era só o que me faltava. — Ouvi Hilary sussurrar um pouco alto demais.
— Fala pra fora, unicórnio. — Debochou, fazendo um bico se formar no rosto da garota. — E eu não sou fofoqueiro, sou apenas alguém que gosta de se manter informado.
— Fofoqueiro. — Ela afirmou, tentando abrir uma barrinha de cerial com uma certa dificuldade.
— Não sou fofoqueiro. — Ele tomou a barrinha de sua mão e a tirou do pacote, devolvendo-a para a colorida.
— Vejo que seremos ótimos amigos. — Olivia declarou, com um sorriso animado no rosto.
Eu já não tinha tanta certeza daquilo.
— Trarei a papelada no fim do dia, loiro. — Declarei por fim, me levantando da mesa e vendo o seu semblante confuso. — E Hilary, tenho certeza que você também irá se encaixar no jornal da escola. Afinal, é comunicativa e gosto da sua ironia. — Sorri, sem mostrar os dentes. — Acho que você e Noah podem trabalhar muito bem juntos. — Voltei a caminhar pelo refeitório, sem esperar uma resposta de ambos.
— Ela costuma ser mandona assim? — Ouvi a voz de Noah.
— Gostei dela. — Foi a vez de Hilary falar. — Parece super gente boa.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...