— Responder as perguntas? — Arqueei a minha sobrancelha, tentando entender porque razão eu responderia as perguntas. Por quem eu estaria apaixonada ao ponto de desmaiar por aí?
— Você acha mesmo que engana a gente? — Welker abriu um sorriso perverso.
— Você por acaso não tem sentido nada parecido com paixão por um cacheado sarcástico? — Travei ao ouvir aquilo. Olivia estava insinuando que eu sentia atração por Mike? Ela achava mesmo isso?
— Por que acha que eu gosto de Mike? — Respondi, me sentindo mais nervosa que o normal, eu cutucava os dedos para disfarçar o nervosismo.
— E por acaso eu disse que era Mike? Por que deduziu ser ele? — A de trança estreitou os olhos, tentando me intimidar.
— Ah, como assim? Mas é claro que estão falando de Mike! É óbvio! — Me debrucei um pouco no braço do sofá e dei um tapa no ombro de Olivia que não parava de rir.
— Ué, Noah tem cabelo cacheado e é muito sarcástico. Por que pensou logo em Mike? — Hilary debateu com o seu sorriso desafiador.
— Você acha mesmo que vou gostar do menino que você gosta? — A questionei. — Na verdade eu nem sei como é gostar de alguém, acho que nunca gostei de ninguem em toda a minha vida.
— Pois então te digo: Você gosta de alguém agora! — Olivia se levantou do sofá e começou a pular em forma de comemoração. — Vai, vai! Responda as perguntas! Mas antes de responder, pensa bastante em Mike, ok?
— Não, não. Eu não quero fazer isso não. — Afastei o caderno com as perguntas absurdas que ela escreveu, e respirei fundo. — Não estou apaixonada gente.
— Faça! Depois a gente discute! — Protestou Hilary, me empurrando o caderno.
Eu tomei o caderno pelas mãos e observei cada pergunta com atenção. As meninas me encaravam ansiosas por aquilo, ansiosas pelo o momento em que eu iria me erguer e declarar que estava loucamente apaixonada.
— Vai logo! Leia a primeira pergunta em voz alta que nós vamos te ajudar. — Olivia me obrigou.
— Eu não acredito nisso. — Suspirei e comecei a ler completamente desapontada. — Seus sorrisos são frequentes perto dele?
— Essa você não pode negar que é verdadeiríssima! — A colorida tomou a frente.
— Você estava toda tristonha hoje e quando ele apareceu, abriu um sorriso tão largo que o sol se sentiu ofendido com tanto brilho. — Olivia virou seu rosto para Hilary e ambas começaram a sorrir, animadas.
— Eu não estava "ofuscando o sol" por conta da presença dele! Bom, tecnicamente era sim por conta da presença dele, m-mas não era isso! — Ela me olhavam como se estivessem certas do que estavam afirmando.
— Próxima pergunta. — A colorida apontou para a próxima pergunta, me encarando até eu ler.
— Isso é tortura psicológica. — Declarei, me dando por vencida. — Quando ele não está por perto, é o seu pensamento mais insistente? — Terminei de ler, jurando que elas iriam se intrometer e dizer aquilo que achavam, mas na verdade me observavam atentamente esperando uma resposta. — É... não sei. Não costumo prestar tanta atenção nisso.
— Isso é mais um sim!!! — Hilary pulou em Olivia e ambas comemoraram mais um pouco.
— Meu Deus, não é possível. — Eu balançava a minha cabeça em repreensão, quando meu celular tocou mais uma vez na bancada. Ameacei levantar, mas Olivia parou imediatamente de rodopiar e correu em direção ao balcão.
— Você ainda vem me dizer que não está apaixonada? Olha só pra você, está ansiosa para responder a mensagem. — Me encarou, com a certeza de que eu não teria como negar agora. Mas uma coisa que elas não entendem é que desconheço a palavra "paixão". Não sei, nunca senti e se senti, não me dei conta.
Não sei o que é desejar alguém intensamente porque em toda a minha vida isso nunca esteve na minha lista de conquistas. E digamos que eu não tenha um exemplo muito bom de amor na minha família. Meu pai se casou com a minha mãe por questões de negócios. Eles possuem um bom relacionamento mas de forma alguma são apaixonados um pelo outro. Por mais que eu não tenha ideia do que seja paixão, é nítido que neles não há. Fora o meu irmão, que dizia ser loucamente apaixonado por uma garota que via uma vez por mês em jantares formais, não conversavam, nem sequer olhavam um para o outro e ainda foi traído.
Minha família não tem os melhores exemplos do amor.
— Admite que está apaixonada! — Hilary me desafiou, pulando de um lado para o outro berrando a mesma coisa a cada pulo.
— Eu não sei o que é isso! — Gritei, sentindo um desconforto imenso por conta da pressão que estavam colocando. — Estão satisfeitas? Não sei, poxa. — Larguei o celular, me sentando no banquinho do balcão. — Eu acho que a vida esqueceu de me ensinar isso. Essa aula em devo ter faltado ou não sei, porque ninguém nunca me explicou ou me contou sobre. Nunca recebi um manual dizendo "os dez sinais da paixão" e nunca senti tal coisa. — Eu me sentia mal ao dizer tudo aquilo. Era difícil alguém que tem um orgulho imenso de saber de tudo, admitir que não conhece algo tão simples e humano. — Na real, eu nunca me preocupei com essas coisas pois estava sempre obcecada querendo reconhecimento. E talvez eu ainda esteja assim. — Dei de ombros, sentindo um silêncio reinar na sala.
— Poxa... — Olivia quebrou o silêncio com uma voz fraca. — Eu achei que você estava brincando quando disse que não tinha ideia do que é sentir a paixão.
— Nos perdoa por ter sido tão insensível, Mya. Não era intenção nossa te constranger dessa maneira. — Foi a vez de Hilary falar. — E sabe, talvez uma hora você aprenda verdadeiramente o que é a paixão.
— E sinta na carne o que estar apaixonada. — Completou a de tranças, passando a mão por cima do meu ombro. — Mas existem alguns sintomas que ajudam a reconhecer isso. Como por exemplo o calor surreal que você sente quando a pessoa está por perto.
— Ou então a necessidade que você tem de estar com ela. — Foi a vez de Welker.
— A paz que sentimos perto dela, as vezes em que nos pegamos pensando nela, a vontade de ajudar, abraçar e querer que a pessoa esteja bem. — A de pele escura encostou sua cabeça em meu ombro. — Isso é o amor, Mya. É colocar as premências da pessoa acima das suas.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...