47. A minha Mya.

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— Você sabe que precisa chama-la antes do baile né? E se você não sabe, o baile é amanhã. — Eu dizia a Noah enquanto adentrava pela porta de casa. Noah praticamente me implorou para ligar assim que saísse de perto da Hilary. Eu não aguenta mais ele choramingando por não conseguir falar o que sente. Quem diria que o garoto todo autoconfiante que eu conheci a uns dois meses estava com medo de levar um fora.

Você pode por favor me ajudar sem ser irônica? Não aguento mais! É melhor nem me ajudar. — Reclamou do outro lado da linha.

— Tudo bem então. Tchau, até amanhã. — Estava prestes a desligar quando ele gritou para não desligar. Soltei uma risada.

Por favor, Myazinha. Ajude essa pobre alma. Eu te ajudei quando você precisou, legal? — Declarou com uma voz manhosa.

— Me ajudou em que, Noah?

Quem você acha que convenceu Mike a falar sobre os sentimentos? — Se vangloriou.

— Meu Deus, eu mereço. Olha só Noah, sendo bem sincera, você só precisa dizer a ela o que sente. Fala que quer muito a companhia dela no baile. Aparece na casa dela com flores e chocolates, escreve uma carta, pinta um quadro ou sei lá, só faça ela ver que é especial para você. — Acenei para Larry que estava na sala e caminhei em direção a cozinha, para pegar um copo de água.

Mas é se ela recusar? — Perguntou, meio indeciso ainda.

— Ela não vai! Pensamentos positivos. — Incentivei mais um pouco. — Você precisa fazer isso. Ou prefere manter todos esses sentimentos guardados aí pra sempre?

Eu prefiro mantê-los guardados aqui para sempre. — Declarou.

— Uma vez me disseram que não podemos ter medo do "incerto". Porque por conta desse medo, acabamos perdendo sentimentos, emoções, memórias... tudo por conta do medo de tentar. Não podemos ter medo do tentar. É a partir dele que surgem as novas experiências, por mais que algumas delas sejam desagradáveis. — Tomei um gole de água, ouvindo a sua respiração. — Então vai lá, mostra que você é forte e capaz de vencer o medo do "tentar".

Obrigada por isso, Mya. Eu acho que precisava disso. — Declarou, e simplesmente desligou o celular sem ao menos se despedir.

— Oxi. — Encarei a tela do celular. — Garoto maluco. — Dei de ombros. Caminhei de volta para a sala com o copo de água nas mãos e uma garrafa na outra. Hoje estava fazendo um calor infernal

— Você pode me conceder um pouco dessa água? — Larry me pediu, sem tirar os olhos do seu livro.

— Pode pegar. — Estendi a garrafa para ele. — Por que está lendo um livro de teoria musical uma hora dessas? — Perguntei com um tom de curiosidade.

— Tenho uma prova importante amanhã. — Abriu um sorrisinho animado. — Estou me dedicando na faculdade. Nunca fiquei tão feliz de ter uma prova. — Bebeu um gole da garrafa e voltou a focar seus olhos no livro.

Me aproximei do garoto e dirigi meu olhar para o seu livro, onde continha tantos rabiscos de um lado para o outro que fiquei tonta só de ver.

— Como assim música não é só dó, ré, mi, fá, sol, lá, si? — Fiz uma careta. O menino riu.

— Você sabe muito bem que música não é apenas isso. — Toquei em seu ombro, sorrindo. Decidi subir para o meu quarto e deixá-lo sozinho com os seus afazeres.

Assim que passei pela porta, me joguei em minha cama pensando em tudo que precisava resolver ainda hoje.

Essa prova não estava me fazendo bem. Eu tentava esquece-la fazendo qualquer outra coisa mas toda vez que eu parava para pensar, a primeira coisa que surgia em minha mente era ela. Estava com medo de todo o meu esforço não ser suficiente, como sempre. Nunca era suficiente, e se dessa vez for igual? E se tudo que eu estou fazendo for em vão?

Um toque em meu celular interrompeu os meus pensamentos autodepreciativos.

— Alô? — Atendi sem ao menos ver quem era. Estava tão imersa nesses pensamentos, que conseguiram consumir o pouco que me restava de energia.

É assim que você me atende depois de discar 2 para saudade? — Ouvi a voz de Mike e me levantei quase de imediato com a surpresa.

— Ah, Mike. — Falei, me arrependendo de ter dito aquilo.

Nossa que burra! Como é que eu digo apenas "ah, Mike" para o garoto que será o meu possível namorado? Será que eu penso? O que eu digo agora? Uma risada seria tão constrangedor assim?

Por que você parece nervosa? Não sei, sua voz me diz isso. — Travei, engolindo a seco. — Eu sei que sou incrível demais e receber uma ligação minha é quase ganhar um troféu, mas não precisa disso tudo. Sabe que pode agir normalmente comigo, do seu jeitinho. Adoro o seu jeitinho. — Declarou. Senti os meus lábios se curvando aos pouco em um sorriso. Ele sempre sabe o que dizer.

— Estou normal ué, você acha que eu ligo de como me portar perto de você? Você que deveria se preocupar em como se portar perto de alguém tão influente como eu. — Retruquei, ouvindo a sua risada do outro lado da linha.

Agora sim, essa é a minha gatinha. — Respondeu. — Liguei só para saber como está sendo o seu final de semana. Gostaria muito de te ver mas acredito que agora você está ocupada com os estudos para a prova, não é?

Nem me fala dessa prova. — Soltei um suspiro tão longo que um silêncio se instalou, ouvia apenas o som da sua respiração.

Ei, Mya.

— Sim?

Você sabe que é capaz, né? Eu acredito em você. Uma mulher brilhante e genial, isso é o que você é. Dedicada, talentosa e extraordinária, essa é a Mya. — Eu quase pude ver o seu sorriso consolador. — Você vai encarar essa prova, responder todas as questões e provar para todos que você é capaz. Porque você é a Mya, a minha Mya.

Soltei uma risada aliviadora ao ouvir aquilo. Ele não sabia o quanto eu agradecia por tê-lo na minha vida.

Escutei um barulho na porta e me levantei para olhar, vendo que não tinha nada, apenas o corredor vazio.

O que houve? — Perguntou ao ouvir o barulho que fiz ao fechar a porta.

— Achei que tinha escutado alguma coisa, bobeira minha.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora