58. Como vamos sair?

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Alguns dias se passaram desde a última vez em que tive um tempo para respirar. Eu estava tão ocupada com os deveres da escola que me esquecia completamente que tinha uma vida fora dela.

Estava amontuada de tarefas do grêmio estudantil e das minhas tarefas como representante de turma. Principalmente nessa semana de provas que se encerrou.

Eu não sei o que se passa na cabeça do diretor, mas acho que ele planejava passar o seu cargo para mim. Já que fazia questão que eu cuidasse de todos os assuntos do colégio.

Acreditava firmemente que depois dessa semana de provas, eu teria finalmente um dia de descanso. Mas surgiu o festival das artes no colégio que me fazia crer que eu não teria paz.

O festival das artes era basicamente um show de talentos onde todos os alunos se apresentavam mostrando no que era bom. Os alunos de teatro ensaiavam peças afim de apreseta-las nesse show, os músicos da orquestra da escola sempre preparavam seus repertórios, os dançarinos montavam suas coreografias, os escritores se derramaram em suas palavras e os artistas, fotógrafos, cineastas, escultores e pintores emolduravam suas artes as deixando expostas.

Todos tinham o costume de participar principalmente por conta da pontuação que recebiam nas notas do trimestre.

— Alguns dos dançarinos não estão com as coreografias prontas. Muitos deles alegam estar com bloqueio criativo depois que o diretor colocou alguns limites na dança. — Eu conversar com Olivia que me ajudava no projeto. — O mesmo aconteceu com os artistas, alguns deles nem começaram a pintar ainda.

— O diretor e essas regras impossíveis de seguir. — A menina revirou os olhos. — E a orquestra? Acho que eles estão indo bem.

— Sim, o maestro me chamou para assistir um dos ensaios amanhã. — Anotei esse lembrete para não me esquecer. — Eu recebi um trecho do livro da escritora do terceiro ano, você recebeu? — Ela assentiu com a cabeça. — Por um instante, pare e análise as coisas ao seu redor. Se estiver em um lugar público, pare e veja o quão apressada são as pessoas. Muitas delas vivem com pressa. Comem apressadamente, olham apressadamente, andam apressadamente, vivem de pressa. E é por conta disso que perdem os detalhes da vida. É por conta disso que se perguntam muitas vezes se trancaram a porta de casa, porque não teve atenção suficiente no que estava fazendo. É por conta disso que não observam o quanto os filhos já estão enormes, que não notam a flor desabrochando e dando início a primaveira. Que não percebem o quanto o tempo passou e depois falam "nossa! Como esse ano passou rápido!". Que não prestam atenção no quanto envelheceu e não aproveitou os mínimos detalhes da vida. Que muita das vezes é acordar com calma e notar que você está vivo. — Li o pequeno trecho do livro chamado "o outro lado da vida". Onde uma das alunas do colégio escreveu.

— Ela tem um talento natural para isso. — Olivia falou com um ar de impressionada.

— Eu adorei. Acho que poderia abrir a parte de escrita já recitando esse pequeno pedaço do livro. — Dei a ideia enquanto Olivia anotava. — Pronto, por hoje é isso que temos.

— Calma, e a peça de teatro? — A menina indagou.

— Pediram mais uma semana antes da avaliação. — Recolhi os meus pertences. — Como ainda faltam três semanas para o festival, concedi isso a eles.

— Entendi, então tudo bem. — A menina também juntou suas coisas.

Quando me virei para voltar a sala de aula, bati com tudo em alguém que veio em minha direção.

— Ah! — Bufei ao ver que tudo caiu no chão. — Você não olha por onde anda, não? — Soltei, recolhendo os meus pertences. Quando olhei para cima notando ser Mike, o vi se abaixar e me ajudar a recolher.

— Está falando comigo? — Abriu um sorrisinho, catando cada caneta do chão.

— Me desculpa, acho que estou um pouco agitada por conta de tanta coisa que tenho para fazer. — Eu prendi o cabelo com a presilha em minhas mãos.

— Você precisa relaxar. E é por isso que estou aqui para te fazer uma proposta irrecusável! — Ele tomou as minhas coisas, caminhando comigo até os armários.

— Irrecusável? — Estreitei os meus olhos.

— Digamos que eu esteja sentindo falta de passar um tempo com a minha gatinha, porque ela está tão atarefada que não tem tempo nem de me dar um beijinho de bom dia. — Ele fez um biquinho e levou a mão ao peito. — Está tão esquecida que nem me ligar ela liga. — Revirei os olhos, com um sorriso no rosto. — Então, como essas últimas duas aulas não são tão importantes, as aulas extras também não e as monitorias você pode dispensar por hoje, estava pensando de sairmos mais cedo para passar o dia juntos. Já que você está ocupada praticamente o dia inteiro.

— Você não está tentando me convencer a faltar aula não, né? — Ele aumentou o seu biquinho.

— Ah, amor. Por favor. Um diazinho não vai ser o fim do mundo! — Implorou mais um pouco. — Eu prometo que você não vai se arrepender.

Aquilo parecia um proposta interessante. Eu não tinha nada de falta no boletim e talvez uma em uma única aula não faria diferença nenhuma. Eu estava precisando de um descanso depois dessa semana terrível de provas e essa cheia de afazeres.

— Não é uma má ideia. — Ele abriu um sorriso tão grande que era possível notar a sua animação de longe.

— Sério?! Nem acredito que você aceitou! — Paramos em frente ao meu armário e eu enfiei todos os cadernos que ele carregava lá dentro. Fechei e o tranquei.

— Acho que realmente não tenho te dado a devida atenção como namorada. E todas as partes da vida precisam estar em equilíbrio, não é? — Sorri e ele abriu os braços me agarrando para um abraço. Me ergueu no meio do corredor mostrando nitidamente a sua felicidade.

— Como vamos sair? — Perguntei, assim que ele me colocou no chão.

— Essa é a parte mais fácil. — Abriu um sorrisinho de canto e pegou em minha mão, me conduzindo até o portão principal.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora