12. Suco de uva.

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Com o fim das aulas, levei para a coordenação o diário de chamada do representante e fui até o grêmio levar a papelada com o orçamento para o baile.

Agora estava tentando decidir se vou almoçar em casa, ou comprar um almoço e ficar para as aulas da tarde e a monitoria.

— Eu vou ficar pois acho mais vantajoso almoçar na escola. — Olivia declarou.

— Se eu for pra casa, não volto mais. — Foi a vez da colorida.

— Então eu não tenho outra escolha a não ser ficar, não é mesmo? — Falei, vendo o sorriso delas.

— Podemos ir no shopping aqui perto depois do almoço. Se quiserem matar o tempo. — Olivia deu a ideia.

— Eu acho que vou aproveitar para estudar para a minha aula de piano. — Dispensei o convite, vendo ela assentir.

— Você é tão certinha. — Hilary falou. — Que linda, continua assim.

(...)

— Você ainda não sabe uma coisa simples como a pausa! Você não entende o que é uma pausa! — Margaret gritava comigo pela quinta vez no dia por eu ter errado a bendita da pausa. — Alguém tão importante como eu não pode ter uma aluna que erra pausa!

Abaixei meu olhar sentindo aquela mesma raiva misturada com uma angústia enorme. Como eu odeio tudo relacionado a música.

A música devia ser pura e tocante. Devia ser algo que vai ao encontro da sua alma, que mexe com o seu coração.

A música não é isso que ela me ensina.

— Vou melhorar as pausas. — Declarei, juntando as minhas partituras.

— Eu não acredito nisso. — Ela fez um sinal de desprezo com uma das mãos e foi até a sua mesa. — Se na próxima aula você não estiver perfeita em pausas, eu sugiro que procure outra coisa para aprender.

Me levantei, sentindo os dedo doloridos por conta de todos os exercícios que precisei fazer. Caminhei em direção a porta e a fechei assim que passei por ela.

Eu odeio isso...

— Mya! — Ouvi uma voz familiar caminhando em minha direção e rapidamente me recompus, limpando as lágrimas de dor que insistiam em cair. — Como vai? — Alex, com novos óculos, se aproximou com um sorriso largo.

— Vou bem. — Um pequeno sorriso se formou em meus lábios. — Acabei de sair da aula de piano.

— Você faz todo ano, não é? Muito dedicada. — Ele parecia nervoso e inquieto já que a todo momento apertava os dedos das mãos.

— Tá tudo bem Alex? — Peguei uma de suas mãos e senti o menino se afastar com o toque. — Desculpa. É que você parece nervoso.

— Não! Eu tô bem! Espero um dia poder ouvir você tocar. Até logo. — Ele simplesmente se virou e correu na direção oposta da minha.

— Até... — Sem entender muito bem, voltei a caminhar pelos corredores a procura das meninas antes da segunda aula.

(...)

— Imagina interpretar uma peça da escola! Isso é demais. — As meninas falavam ansiosamente sobre uma peça que aconteceria no final do bimestre, no festival das artes. Onde as audições começariam na próxima semana de aula.

— Quero pegar um papel legal, mas pelo visto meu cabelo atrapalha bastante. — Hilary soltou, um pouco desanimada.

— Claro, quem vai levar um algodão doce a sério? — Noah declarou, colocando na frente da menina um copo que eu julguei ser café gelado.

— Cala a boca, Williams. — Franziu a testa e tomou o copo com uma das mãos, para beber.

— Como foram as aulas? — Noah perguntou assim que se sentou.

— Eu simplesmente amei a aula. — A de tranças falou com um sorriso radiante. — A professora é um anjo e nossa sala é enorme! Toda arrumadinha e decorada.

— Fora que os alunos da nossa sala são super gente boa. — A colorida declarou.

— Então foi boa. — Ele abriu um sorriso gentil. — E você Mya?

— Foi boa também. — Levei a bebida até a boca lembrando do quão estressante foi essa aula.

— Agora temos reforço de matemática. — Olivia lembrou e eu logo percebi a careta de todos.

— Vocês vão gostar da professora de reforço, fora que lá vão poder tirar suas dúvidas sem medo algum. — Me levantei da mesa com um sorriso no rosto, na tentativa de incentivar cada um deles. — Boa aula e até mais tarde.

Quando me virei ainda tomando o copo de suco natural, arregalei meus olhos ao esbarrar com tudo em alguém e ver o suco se espalhando pelo chão e por toda a minha blusa.

— Opa, foi mal. — Ele carregava um sorriso irônico no rosto. — Juro que não te vi.

Eu estava desacreditada com tamanha falta de noção do menino. Peguei o copo, joguei no lixo e me retirei do local ouvindo o tumulto que se formou no refeitório.

(...)

— Ah, que raiva! — Eu limpava a minha blusa com um pedaço de papel higiênico enquanto reclamava incessantemente da cara de pau do garoto. — Que audacioso! Que menino petulante! Insolente! Arrogante! Ordinário desprimoroso!

— Será que dá pra você xingar direito? Sei lá, chama ele de geladinho de chorume. — Hilary declarou, com um pano molhado em mãos.

— Dá pra você parar de incentivar? — Olivia deu um tapa no braço da menina e tirou o pano de suas mãos. — Eu acho que você devia se acalmar. Vamos resolver essa situação, calma. — Ela abriu um sorriso tão tranquilizador que eu consegui entender porque era tão querida e amada por todos.

Olivia passou o pano úmido na enorme mancha roxa que se formou no uniforme.

— Eita que vai ter que comprar um vanish. — A colorida declarou ao ver a dificuldade que Olivia estava para tirar a mancha.

— Droga! Odeio roupa manchada. — Afastei a menina, respirando bem fundo para não enlouquecer. — Ele está destruindo a minha reputação! Como vão ter respeito por mim agora?

— Ele pode realmente ter feito sem querer. — A de tranças afirmou, o que me fez arquear uma das sobrancelhas.

— Olivia sempre acreditando que todo mundo é bonzinho. — Hilary revirou os olhos, incrédula.

— Tá legal! Ele é malvado. — Bufou, como se fosse a coisa mais difícil de se dizer.

— Malvado? Aquilo dali é a versão humana do capeta. Se ele não for o anticristo, eu não sei mais quem pode tomar esse cargo. — Ela se sentou no canto da pia, parecendo pensativa. — Ah não, se não for ele, eu acredito que seja Ethan. — Bufou. — Mas isso não vai ficar assim não.

— Não vai mesmo. Eu vou garantir que não fique assim. — Eu encarei a garota, sentindo toda raiva voltando aos poucos.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora