A Maior Conquista: O Amor

22. O ritmo é esse.

— Eu quase meti o pau naquele moleque. Quem ele pensa que é pra falar assim de alguém tão incrível quanto você? — Hilary estava sentada no banco do pátio tentando se acalmar enquanto Noah abanava a menina.

— Já passou Hilary, eu tô bem. — Eu sorria balançando a cabeça. Ela era inacreditável.

— Exagerada como sempre. — Noah revirou os olhos.

— Você tá bem mesmo? Tem certeza? — Olivia perguntou com um tom de preocupação.

— Estou sim. — Meus olhos desviaram-se para o outro banco próximo ao nosso. Mike estava sentando nos encarando. Parecia estar pensando em uma maneira de se aproximar e conversar um pouco, mas não sabia como.

— Mike! — O gritei e ele tomou um susto enorme, me encarando de cara feia. — Vem aqui!

Demorou um pouco para se levantar. Mas quando se levantou, veio caminhando calmamente em nossa direção.

— Por que está chamando ele? Ele não faz parte do grupo. — Hilary cochichou.

— Talvez devesse. — Declarei, com um sorriso largo.

A colorida fez um olhar estranhamente peculiar para mim, mas ignorei quando Mike chegou.

— Oi gente. — Ele fez um gesto com a cabeça para todos que se encontravam ali, depois, se virou para mim. — Do que precisa, gatinha?

— Primeiro, não me chama desse jeito. — Revirei os olhos ao ver os olhares dos meus amigos.

— Ok, gatinha. — Fez de novo, com seu famoso sorriso debochado.

— Segundo, Sua monitoria é hoje, logo após a do meu aluno favorito.

— E porquê eu não sou o seu aluno favorito? — Ergueu uma das sobrancelhas, me questionando.

— Porque ainda não te dei aula, vamos ver você pensando um pouco.

— Isso é um desafio? — Me intimidou com os olhos. — Vamos ver como você lida comigo sendo seu professor de música.

— Isso é um desafio? — O fiz a mesma pergunta, o vendo rir.

— Até mais tarde, já estou indo para aula. — Disse, se afastando de mim.

— Mas já está indo para sala de aula?

— Alguém me disse que eu preciso tomar jeito na vida. — Piscou para mim e prosseguiu seu caminho, colocando os fones no ouvido.

— O que foi isso? — Olivia foi a primeira a questionar. Os três estavam com a boca aberta de tão chocados. Era chocante nós dois estarmos nos dando bem.

— Ele é legal. Não parece, mas é. — Declarei, rindo um pouco. — Acho que devíamos ir andando para a sala também.

— Calma aí que eu tenho muitas perguntas! — A colorida correu atrás de mim me fazendo mais perguntas do que eu poderia responder.

(...)

— Nossa mas eu fui péssima nessa prova de matemática! Quem foi que inventou esse negócio de seno, cosseno e tangente? — Hilary reclamava assim que o professor entregou a sua prova.

— Você é péssima em tudo que envolve matemática. — Noah deu de ombros com um sorriso cínico nos lábios.

— Ah, olha só quem fala! Como se você fosse muito melhor. — Sorriu, debochada.

Ele virou a sua prova para a menina, mostrando um B bem grande na folha.

— É, acho que ele é sim melhor que você. — Olivia soltou, nos fazendo gargalhar enquanto ela revirava os olhos bufando.

O professor passou pela minha mesa e deixou a prova, onde tinha um A+ bem grande na folha, o que me fez sorrir.

Virei para eles e mostrei a prova com um sorriso no rosto.

— Você sendo incrível como sempre. — Hilary declarou como se estivesse orgulhosa.

Senti alguém cutucando o meu ombro e olhei para o lado, notando Mike sentando na cadeira e estendendo a sua prova para mim, ele tinha o seu sorriso travesso.

— Acho que as aulas são necessárias. — Falou, e eu não entendi até notar a sua nota F na folha.

Imediatamente o encarei com uma expressão surpresa.

— Ele consegue ser pior que eu. — Hilary falou ao se aproximar e ver a nota.

— Isso é o impossível acontecendo. — O anjinho declarou.

O professor chamou a atenção da turma quando terminou de distribuir as provas. Mike voltou a sentar do meu lado quando percebeu o olhar do professor para nós.

— A todos aqueles que não foram bem, a prova de recuperação é na semana que vem. O conteúdo é o mesmo, estudem gente.

— Ah não, eu não mereço uma coisa dessas. — Hilary afundou na cadeira.

— Você pode melhora. — Cochichei para Mike. — Podemos estudar o conteúdo hoje pra você melhorar.

— Eu ainda não sei porquê aceitei isso. — Ele cochichou de volta, me fazendo rir.

(...)

— Não, Mya! Está errado de novo! Presta atenção na partitura. — Margaret mais uma vez parou no meio da música e dessa vez parecia mais irritada que o normal.

— Eu não tenho ideia do que estou fazendo de errado, se a senhora puder... — Antes que eu sequer terminasse a frase, ela bateu com a palma das mãos no piano e me encarou.

— A aula se encerrou. — E assim, pegou suas coisas e se retirou da sala, me deixando.

Não estava no horário de encerrar a aula. Ela não me aguentava mais, era isso. Não consigo melhorar e talvez nunca consiga. É tão frustante você lutar tanto para ser bom em algo e ver que não faz diferença já que você nunca será bom.

— Eita mais que velha rabugenta, não acha? — Uma voz surgiu quebrando o silêncio da sala e me dando um susto.

— O que tá fazendo aqui? Você não tem aula? — Perguntei.

— Tenho. Mas não entendo porque me inscrevi em teatro se não sou bom nisso. — Deu de ombros. — Fugi para aula de música e percebi que você é a única doida que faz aula com essa mulher. — O menino se aproximou, parando atrás de mim. Me causando um arrepio com a sua proximidade. — Você está tensa, de novo. — Ele encostou em meus ombros. — Relaxa os músculos, respira fundo e só sente a música.

Tentei tocar, mas novamente errei uma das notas e um desespero bateu em meu peito.

— Está errando porque o seu tempo está errado. — Ele mostrou na partitura, três tempos por compasso. — Fica calma, não se apresse. As notas estão se embolando porque o tempo está errado, então calma.

Respirei fundo e tentei mais uma vez, falhando novamente.

— Olha, eu vou contar o tempo. — Ele começou a dar leves batidinhas com o pé no chão, no ritmo da música. — O ritmo é esse.

Enquanto eu ouvia suas batidas no chão, era como se escutasse a música sendo tocada. Foquei no piano em minha frente, e tentei mais uma vez.