57. Fazer o quê?

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— Estava bom? — Pai de Mike se colocou em minha frente assim que eu acabei de comer. Nos sentamos na sala em um tapete tão felpudinho que me senti aquecida. Ele serviu um prato de lasanha de queijo com presunto. Era uma lasanha caseira, que ele mesmo fez.

— Uma delícia! Nunca comi um prato simples tão gostoso. — Disse, o entregando o prato vazio.

— Está chamando a especialidade do meu pai de simples? — Ele fez um olhar surpreso. — Que absurdo.

— Mike! — O chutei, forte o suficiente para uma careta surgir em seu rosto. — Não quis dizer isso, Mike interpreta tudo errado!

— Você que não sabe usar as palavras. — Deu de ombros.

— Vocês são hilários. — O homem pegou o meu prato, dando altas gargalhadas.

— Você é inacreditável, hein! — Falei entre os dentes quando o pai do menino se afastou.

— Vem. — Disse em meio às risadas. — Quero te mostrar o cantinho da minha mãe. — Ele me estendeu a mão e eu a agarrei, me levantando. — Pai, vamos lá em cima, tá bom?

— Fazer o quê? — O homem colocou uma parte do seu corpo a nossa vista, ele estava com um sorriso de canto e uma das sobrancelhas arqueadas.

— Para com isso! — Mike se envergonhou. — Não é nada disso! Vamos na salinha da minha mãe! — Ele revirou os olhos, tremendamente envergonhado.

— Sei. — O pai erguia as sobrancelhas de uma maneira muito engraçada, o que me fez rir.

Mike bufou trampando o rosto. Nunca tinha o visto daquela maneira, tão tímido.

— Vamos, Mya. — Pegou em minha mão, me direcionando até o último andar da sua casa. Esse andar era meio que um corredor com três portas.

Passamos por duas até chegar na última, onde ele abriu dando espaço a um quarto enorme. Lotados de diversas coisas.

— Antes estava uma verdadeira bagunça. — Riu, analisando o lugar com uma expressão carregada de paz. — Agora demos um jeitinho de parecer mais com a minha mãe. Ela era tão organizada que acho que não ia querer ver o quarto daquele jeito. — Caminhamos pelo lugar e eu andava calmamente analisando cada detalhe.

Uma das paredes estava cheia de fotos, quadros e desenhos. Tinha fotos de uma mulher, que eu julguei ser sua mãe, um menino, que eu acreditei ser Mike, e muitas delas não tinha o pai dele. Era raro as vezes que ele aparecia.

— Essa é sua mãe, não é? — Perguntei me virando para ele, que estava sentando me encarando com um expressão leve. — Nossa, você é muito parecido com ela.

— Sou lindo, não é? — Declarou, o que me fez gargalhar. O menino fez um olhar debochado.

— Posso perguntar uma coisa? — Recuperei o meu fôlego.

— O que quiser.

— Por que você não se dava bem com seu pai? Isso tem a ver com as poucas fotos dele na parede? — Questionei, indo me sentar ao seu lado.

— Nossa, como você é observadora. — Passou o seu braço por trás do meu pescoço e beijou a minha cabeça. — Meu pai era um homem completamente diferente do que é hoje. Ele colocava o trabalho como principal prioridade enquanto a família sempre ficava em segundo plano. — Começou dizendo. — Me forçava a fazer aulas, a me dedicar, vivia me colocando para baixo dizendo que eu nunca conseguiria realizar nada sendo quem eu era. — Aquilo não parecia afetar mais ele, então dizia normal, sem sentir mais aquela dor. — A única pessoa que ele ainda escutava era minha mãe, porque a amava intensamente. Mas eles sempre brigavam porque minha mãe tentava fazê-lo mudar de ideia enquanto ele resistia. Até que ela ficou doente.

— Entendi, então seu pai era uma versão parecida do meu? — Indaguei com uma risada.

— Não, o seu é muito pior. — Começamos a rir como se aquilo fosse uma piada. — Mentira, eles era parecido sim. Não é atoa que se tornaram amigos de anos. Só que agora, sei que meu pai não concorda com muita coisa que o seu faz.

— E quem concorda? Só doido ou também aqueles que precisam se submeter para não serem demitidos. — Dei de ombros.

— Isso é difícil. Queria te roubar e trazer você para morar comigo. — O encarei. — Aí ele nunca mais te atingiria com palavras e poderíamos dormir todos os dias juntinhos. — O menino me apertou contra o seu corpo, me fazendo rir.

— Eu adoraria que você me roubasse. — Levei a minha mão até o canto da sua mandíbula, acariciando-a.

— Eu adoraria te roubar. — De repente ele se calou, parecendo pensativo.

— O que foi? — Perguntei.

— Seu pai falou mais alguma coisa sobre nós? — Um semblante de preocupação tomou conta de seu rosto.

— Não, mas ele não vai fazer nada, não se preocupe. Se ele te mandar para a Ásia eu tô indo atrás de você. — O garoto soltou uma risada.

— Tenho medo do que ele pode fazer. Pessoas narcicistas fogem do limite. — Suspirou.

— Ei. — Chamei sua atenção. — Não se preocupe com isso. Temos o apoio de várias pessoas. Ele não pode fazer nada. — Demorou um pouco para reagir a minha fala, mas ainda sim forçou um sorriso, por mais que por trás dele escondesse uma grande preocupação.

O menino intercalava o seu olhar entre os meus olhos e os meus lábios. Seu olhar agora era intenso e ele parecia estar se segurando para não avançar. Eu me aproximei mais do garoto o dando a permissão que precisava para unir nossos lábios.

O beijo se iniciou calmo, cada um buscando cada canto da boca um do outro, sem muita pressa. Era como se ambos aproveitasse o máximo daquele beijo. Quando me dei conta, Mike me puxou para o seu colo sem interferir no beijo. Suas mãos apertavam a minha cintura enquanto o beijo se intensificava a cada segundo. Passei os meus braços entorno do seu pescoço, me aproximando mais dele, quebrando qualquer mínima distância entre nós. Mike encerrou o beijo ao faltar o ar. Eu ouvia a sua respiração ofegante enquanto também tentava puxar o ar. Ele levou uma de suas mãos ao meu rosto, beijando cada catinho de meu pescoço em uma forma de carinho.

— Eu amo você. — Mordeu levemente o lóbulo da minha orelha, me fazendo sorrir por fazer cosquinha.

— Eu amo você também.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora