A Maior Conquista: O Amor

71. Por favor...

A apresentação da orquestra se iniciou. Era incrível a variedade de instrumentos que aquela escola ensinava. Eles começaram com a Sinfonia n.º 9 de Beethoven. Depois foi para sinfonia n. ° 41 de Mozart, a famosa "júpiter". Tocou mais algumas, que eu não tinha conhecimento mas Larry com certeza tinha pela sua animação, e por último, encerrou com as quatro estações, sinfonia de Antonio Vivaldi. A minha favorita era Primavera.

Quando se encerrou e o palco ficou escuro, me virei para Larry para saber o nosso próximo destino, mas o menino apenas sorriu e pediu para esperar mais um pouco.

— Você quer ver até as apresentações dos alunos? Meu Deus! O amor pela música é grande viu. — Bufei. Estava meio chateada pois queria ver as apresentações de dança da escola. E como meus amigos estavam espalhados por aí, ou eu ficava com Larry ou eu  ficava sozinha. A melhor opção era Larry. — Eu quero ver as de dança, Larry!

— É só uma única apresentação que eu quero ver! Calma. — Eu acho que dentre todas as apresentações, as de música eram as mais escolhidas, pois o auditório ainda estava cheio.

— Tudo bem. — Apoiei o meu braço no apoio da cadeira e esperei, vendo que até meus pais decidiram ficar ali. Acho que o ar-condicionado do auditório prendeu todos ali também.

Algumas apresentações se seguiram e nada de Larry levantar, estava ficando impaciente. Quem ele tanto queria ver?

Olhei ao redor e notei Olivia, Hilary e Noah ao lado do palco, falando com alguém que não consegui identificar pois estava atrás da cortina. Eles perceberam o meu olhar e disfarçaram um pouco, vindo em minha direção. Olivia sentou ao meu lado, e Noah e Hilary, atrás de mim.

— O que tá acontecendo? — Perguntei a ela.

— Nada, era só um músico que estava meio perdido na hora em que vai entrar. Já resolvi. — Respirei aliviada, ao ver que estava tudo sobre controle.

Eu tinha uma séria mania de querer estar por cima de tudo, avaliando se estava tudo certo, tudo nos trilhos.

Precisava parar urgentemente com isso.

Olhei para o lado de meus pais e percebi o pai de Mike. Meu Deus, o que ele está fazendo aqui? Isso significa que Mike pode aparecer a qualquer momento.

O homem se sentou ao lado dele, e sorriu. Comprimentou com um aperto de mão e começaram a conversar. Eu não entendia muito bem o fato de meu pai adorar o pai de Mike, mas odiar o filho dele.

A violinista encerrou a sua música e de repente tudo ficou escuro. Com muito esforço, vi algumas pessoas carregando um piano. O telão do auditório se acendeu com um fundo branco lotado de rosa e no meio, a frase "all for me".
Aquilo me lembrou da música.

Todos ao meu redor pareciam muito animados. Como se a apresentação que estivessem esperando fosse essa. Então, finalmente prestei toda a minha atenção.

Quando o músico saiu de trás do palco e se sentou no piano, eu quase não acreditei. Olhei para um lado e vi Olivia abrindo um sorriso lentamente, olhei para o outro e Larry nem fez questão de me encarar, apenas sorria em direção ao palco. Noah e Hilary riam e cochichavam alguma coisa um para o outro. Meu pai e minha mãe forçavam um sorriso pois Jack falava animadamente sobre o filho. Eu não sabia o que fazer.

Por um momento eu pensei em me levar e sair, mas minhas pernas não me obedeciam e um pensamento insistente permanecia em minha cabeça.

Você vai fugir de novo? Por que sempre foge dos problemas? Vá resolve-los!

Eu não fujo dos problemas! Eu sempre os resolvo! Como por exemplo os do grêmio, ou então os das salas de aula.

Mas e os problemas que envolvem você? Quantas vezes fugiu para a sala de música e chorou? Quantas vezes se trancou dentro do quarto e chorou? Quantas vezes caiu nas manipulações do seu pai? Sempre foge.

Maldita voz na minha cabeça. Incrível como o meu subconsciente tinha um poder enorme sobre meu corpo inteiro.

— Eu não fujo. — Falei baixinho, como uma forma de me fazer acreditar naquilo. Larry me encarou de soslaio, como se me perguntasse o que eu estava falando.

Mike me encarou de cima do palco. Seus olhos se direcionaram tão rápido aos meus que me perguntei se ele me observavam por trás das cortinas. Ele ficou alguns segundo me observando, como se buscasse alguns sinais para seguir em frente com a apresentação.

— Bom... — Suspirou, parecia nervoso. Nunca o vi tão nervoso como naquela hora.

Ele sempre transmitiu segurança enquanto tocava, tenho a absoluta certeza que nunca se sentiu inseguro tocando qualquer um dos seus instrumentos, o que é que o deixa nervoso então?

— Eu... — Limpou a garganta. — Gostaria de falar algumas coisas antes de começar. — Seus olhos focaram mais uma vez nos meus. Dessa vez carregavam um brilho, o mesmo brilho que surgia toda vez que me beijava. — Eu cometi um erro recentemente. E esse erro, acabou tirando a pessoa que eu mais amava da minha vida. A primeira garota que eu aprendi a amar. A que me ensinou sobre o amor e consegue verbaliza-lo de uma forma única. A garota que me faz sentir coisas que jamais imaginaria. Um exemplo disso é eu estar em cima desse palco prestes a dedicar uma música a ela. — Ele deu uma pausa e respirou, ainda observando minhas reações. Estava com medo, agora eu entendi. Ele estava com medo da rejeição. Naquele momento, eu tinha poder sobre ele e era por isso que estava nervoso. — Ela é linda, educada, dedicada, gentil, absurdamente inteligente, é sensível, uma excelente amiga e é tão preciosa. É preciosa demais para mim... — Uma lágrima rolou de seus olhos. Ele chorou por mim em público. — E quando eu cometi esse erro, eu fiquei me questionando se eu era mesmo a pessoa certa. Porque ela merece alguém incrível e eu não estava exercendo esse papel. Mas por favor, nesse momento, se você ao menos sente alguma coisa por mim, deixe-me tentar de novo? Vamos melhorar juntos. Vamos mudar juntos. Porque, Mya. — Foi a primeira vez que falou o meu nome. Minha respiração ficou fraca. Por mais que eu soubesse que aquilo era para mim, as pessoas do auditório não tinha ideia. Bom, agora tinham. — Você me completa. Como o mito de Platão diz. Você é a parte que completa a minha vida. Você me faz querer melhorar a cada dia, me faz querer me moldar para encaixar em sua vida. Você é a única capaz de me compreender, de me fazer gargalhar e chorar de rir, por mais que seu sorvete favorito seja menta, o que é um pecado. — O auditório começou a gargalhar — Ainda é perfeita para mim. É dona dos abraços mais reconfortantes do mundo e é tão linda que eu até perco o ar perto de você. — Ele limpou algumas lágrimas que escorregavam involuntariamente. — Você é a melodia das minhas canções mais profundas. Você é a razão de eu querer viver intensamente, do seu lado. Você é a única coisa que eu preciso. Então por favor, se sente a minha falta como eu sinto a sua, se sente que sem mim nada faz sentido, se ainda me deseja em sua vida... por favor... — Não terminou a frase. O menino puxou o ar e soltou lentamente. Se virou para o piano e começou a tocar.