— Mya! Onde você está indo? O que aconteceu? — Ele não parava de me seguir. Me seguiu pelas ruas até pararmos em um sinal, onde ele ficou do meu lado esperando uma resposta.
Eu estava nervosa, angustiada e com muita raiva, principalmente dele, por ter me convencido a vir.
Seu pai sempre avisou o que aconteceria caso se relacionasse com alguém que não está com os mesmo pensamentos...
— Será que você pode conversar? — O garoto segurou o meu braço, me impedindo de atravessar a rua quando o sinal fechou. Puxei o braço de volta e o encarei. Eu sentia tanta raiva que nem ao menos conseguia olhar para ele por muito tempo. De repente, não o enxergava da mesma forma, e sim dá forma que o enxergava no início do ano.
Um garoto sem uma perspectiva do que quer para a vida. Que não liga para nada, nem muito menos para o futuro.
— Não foi uma boa ideia ter vindo. — Declarei, vendo que aquilo o afetou de uma forma absurda. — Acabei de descobrir que uma das provas trimestrais foi aplicada nesse tempo que faltamos. — Senti uma lágrima quente escorrer pelo o meu rosto. A tamanha decepção que tomou o meu coração era inexplicável. — Corremos risco de ficar com nota vermelha no boletim se não houver uma justificativa plausível pela falta. — Cada vez que eu pensava mais sobre isso, mais meu coração acelerava.
— Calma Mya, isso é só uma pro...
— Não termina essa frase. — O fiz se calar ao ter a certeza do que falaria. — Isso é uma tremenda irrresponsabilidade Mike, me desculpa se você não tem um pingo de responsabilidade.
— Como? — Mike questionou, incrédulo. — O que foi que disse, Mya? — Eu sentia uma certa raiva em seu tom de voz.
— OLHA SÓ O QUE VOCÊ ME FEZ FAZER! — Berrei, eu sentia olhares sobre nós mas aquilo não foi realmente o que me abalou. Era como se minha vida escolar estivesse passando pelos meus olhos naquele instante. Todo o meu esforço, todo o meu suor... tudo foi jogado no lixo por conta de um momento.
troquei o meu propósito por uma mera proposta...
— Mya, é só uma nota ruim! — Eu estava com ódio. Ele estava com ódio. Nós dois sentíamos ódio pela aquela situação.
— Para você não faz diferença, né? Uma, duas ou até vinte notas ruins nunca vão fazer diferença! — Soltei cada uma das palavras sem arrependimento nenhum. Estava furiosa por nem ao menos ele se importar com a situação. — Mas para mim... você literalmente acabou de destruir o meu futuro. — Balancei a cabeça completamente desacreditada. — Tem noção do quanto eu me esforcei? Tem noção do quanto me dediquei, Mike? De tudo que fiz para ser perfeita? — A essa altura, eu já estava chorando sem me importar de estar no meio da rua. — Eu não devia ter vindo. Não devia ter te escutado, Mike! — Levei as mãos até a cabeça, tentando parar de pensar em tudo aquilo. Ele mantinha uma expressão firme. Não parecia abatido com nenhuma das minhas palavras. Não demonstrava mais ódio nem muito menos tristeza. — Meu pai tinha razão. — Comecei a falar, o encarando de maneira decidida. — Eu não devia me relacionar com alguém como você. Somos completamente diferentes. — Eu limpei as lágrimas, irritada por não conseguir parar de chorar. — Isso aqui. — Apontei para nós dois. — Isso, nunca vai dar certo. Temos sonhos, planos e vidas diferentes. Não posso ficar com alguém que nem ao menos se importa com o meu e nem com o próprio futuro. Eu me precipitei, talvez realmente não fomos feitos um para o outro.
Terminei de falar. Entreguei o anel que antes brilhava em meu dedo, agora o seu brilho não parecia mais tão intenso assim. O encarei pela última vez. Mike engoliu a seco mas não questionou. Ele estava distante e parecia não saber o que dizer. Foi a primeira vez que o vi me deixar com a última palavra por não saber como rebater.
Notei o sinal fechar novamente. Atravessei a rua, sem olhar para trás.
(...)
Quando cheguei em casa por volta das oito da noite, todos pareciam estar me esperando pois sabiam da notícia. O diretor era tão amigo do meu pai que perguntou o que tinha acontecido comigo. Eles estavam tão preocupados com medo de algo ter acontecido, que vieram correndo em minha direção para um abraço. Eu segurava cada uma daquelas lágrimas pois estava farta de chorar.
Meu pai não parecia tão irritado, na verdade ele carregava um ar de que "eu avisei que isso aconteceria". Mas eu não podia condena-lo. Ele estava certo, me avisou e eu simplesmente decidi não ouvir. Pela primeira vez em muito tempo, vi meu pai me acolher de verdade.
— Está tudo bem, filha. Nós cometemos erros, não somos perfeitos. Só precisa saber que um erro não pode ser cometido mais de uma vez. — Ele me fez sentar no sofá e pediu para que um dos serviçais me trouxesse um copo de água.
— Que bom que está bem. Eu estava tão preocupada. — Foi a vez de minha mãe dizer. Ela se sentou ao meu lado, segurando uma de minhas mãos.
— Sim. Que bom que está bem e que esse menino não faz mais parte da sua vida! — O homem carregava um sorriso radiante nos olhos. — Você entendeu finalmente o quanto você vale perto dele. Agora precisamos arrumar um jeito de tirar essa nota vermelha do seu caminho. — Levou a mão ao queixo, pensativo. — Vou marcar uma reunião com o diretor amanhã. Vou ver o que consigo fazer por você, minha filha. — Acariciou os fios de meu cabelo. O homem pegou o seu celular e foi em direção às escadas, creio eu que para ir ao seu quarto.
— Ele vai resolver, tão bom filha? Agora descansa, hoje o dia foi cheio de emoções. — Ela beijou a minha testa, indo em direção a cozinha. Provavelmente para resolver o que seria do jantar.
Respirei fundo. Por algum motivo, eu me sentia mais calma com toda aquela atenção. Era como se aquilo fosse uma anestesia que tinha uma duração de um curto espaço de tempo.
Olhei para frente. Larry estava com os braços cruzados e um olhar estranho, Parecia me observar atentamente, buscando entender o que se passava em minha cabeça.
— Como você está se sentindo em relação a tudo isso? — Descruzou os braços, esperando uma resposta.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...