Narrado por Mya.
Passei o dia inteiro agitada por conta das tarefas. Fazia tempo que eu não tinha tantos afazeres assim, pra ser mais exata, um total de uma semana e meia. Por ser uma pessoa agitada, eu já estava sentindo falta dessa minha rotina.
Agora eu estava terminando de dar aula ao Liam e teria que dar o mais rápido possível a segunda monitoria, que era de Mike. Como era Mike, eu tinha certeza que ele entenderia que eu precisava sair mais cedo para estudar com Alex.
Assim que Liam levantou retirando suas coisas, recolhi os livros e já peguei o de segundo ano para adiantar. Mike demorou uns minutos, mas logo surgiu na biblioteca com seu sorriso no rosto.
Hoje mais cedo o senti meio estranho depois da aparição repentina de Alex, era bom saber que ele já estava melhor.
— Oi Mike. Então, hoje vamos estudar um pouco de geometria porque acho que você está com um pouco de dificuldade, e depois podemos entr... — Assim que eu estava preste a terminar de falar, ele me interrompeu.
— É... calma. Eu preciso te falar uma coisa antes de começar. — Ele carregava um semblante mais sério agora. Parecia nervoso.
— É muito importante? Eu meio que estou ocupada demais hoje e preciso terminar a sua monitoria o mais rápido possível. — Expliquei, vendo coçar a garganta.
— É sério sim, é meio que uma coisa que estou querendo falar tem um tempo. Eu descobri recentemente e não sabia como cont... — Ele foi interrompido por alguém que veio correndo em direção a nossa mesa. Esse alguém era Alex. Ellen veio logo atrás dando uma bronca nele e dizendo que não se pode correr em uma biblioteca, muito menos correr gritando.
— Alex? O que foi? — O questionei assim que ele tomou ar da corrida.
— Precisamos ir agora. O professor de matemática topou nos dar uma aula extra hoje, pra tirar qualquer dúvida que temos.
— Nossa, sério?! — Perguntei animada. — Poxa... mas agora? Eu preciso dar monitoria. — Apontei para Mike, que estendeu a mão com um sorrisinho forçado no rosto.
— Tenho certeza que essa aula pode ficar pra outro dia, não é? — Alex encarou Mike, que o olhou como se quisesse socar a cara dele.
— Mas é claro. — O cacheado concordou, se levantando da mesa e saindo pelas portas. Sem ao menos se despedir.
— Sabe Alex... Por que não vai sozinho? Acho que Mike se chateou um pouco. Eu posso pesquisar depois, não tem problema. — Me senti mal ao ver Mike saindo completamente diferente do jeito que ele entrou, fora que parecia ter algo sério para dizer.
— Para de bobeira, Mya. Mike nem se importa com os estudos. Do dia pra noite resolveu ligar por algum motivo, se é que ele realmente decidiu ligar. — Ele começou a me ajudar a recolher as coisas enquanto eu me questionava.
— Mike se importa agora. E se ele resolveu se importar, é meu dever ajudá-lo. Fora que agora somos amigos. — Rebati a resposta do menino.
— Se ele for mesmo seu amigo, vai entender que você está fazendo isso pelo seu futuro, pra orgulhar seus pais.
Meus pais...
Meu pais com certeza sentiriam muito orgulho caso eu ganhasse essa olimpíada. Uma das mais difíceis na história dessa escola. Poucos alunos entraram no corredor dos vencedores. Onde ficam todos as premiações da escola, dos professores e dos alunos. Só Larry tem um total de doze troféus, e a escola ainda acabou ganhando um por sua conta. Por ele ser um dos alunos mais inteligentes que já passou por lá.
— É, talvez sim. — Peguei a minha mochila, e me retirei da biblioteca juntamente com Alex.
(...)
Tirei diversas dúvidas de coisas mínimas com o professor de matemática. Ele deu alguns métodos e dicas para que pudéssemos fazer as questões mais rápido e de forma lógica.
— Nossa eu estou cansada demais. — Me sentei no banco do pátio, me perguntando se um dos meu amigos ainda estaria ali.
— Eu também. — Alex sentou do meu lado, respirando bem fundo. — Você tá afim de comer um sorvete ou coisa assim?
— Agora? — Arqueei a minha sobrancelha.
— Sim. Tem uma sorveteria aqui perto que eu acho que poderíamos ir. — Eu assenti pensando um pouco na ideia. Alex não parecia ser uma pessoa ruim, e com certeza ele estava fazendo aquilo para aliviar um pouco a cabeça. Pois estudamos praticamente o dia inteiro.
— Tudo bem, eu aceito. — Vi um sorriso surgir em seu rosto. — Só não aceito falar sobre qualquer coisa que envolva estudo.
— Tudo bem, trato feito. — Ele estendeu a mão e eu apertei, marcando ali o nosso trato.
Saímos da escola e caminhamos até a sorveteria que não era muito longe. Um total de dez minutos andando. Pedi um copo um pouquinho maior do que o médio, e coloquei apenas sorvete de menta.
Isso me lembra dá época em que eu e Larry éramos menores. Larry é completamente viciado em tudo que seja doce. E ele tem uma paixão tão grande por sorvete que é até difícil de acreditar.
Acho que o cérebro dele por gastar muito energia de tanto pensar, tem a necessidade de consumir uma maior quantia de doce. Se é que isso faz sentido.
Ele colocava tanta calda e confeitava tanto o sorvete, que eu nunca entendi como ele não teve diabetes.
Uma coisa que pelo menos meus pais nunca controlaram, foi a alimentação dele. Porque eu acho que ele se sentiria perdido sem os doces diários.
Eu lembro do quanto o menino ficava indignado por eu adorar sorvete de menta. E mais indignado ainda por eu comer puro, somente o sorvete. Dizia que isso era coisa de gente triste e que só faz escolhas erradas na vida.
— Você gosta de menta? — Alex perguntou se sentando na mesa com um copo enorme de sorvete de chocolate.
— Meu favorito desde criança.
— Nossa que legal, eu gosto também. — Forcei um sorriso e voltei a comer o sorvete. Tentando não focar no olhar do garoto.
Foi quando senti alguém parar ao meu lado e eu soube exatamente quem era. Ergui os meu olhos o encarando.
— Mike? O que faz aqui? — Perguntei surpresa ao ver o garoto do meu lado.
— Seu sorvete explica muita coisa. Normalmente quem gosta de menta é triste e só faz escolhas erradas na vida. — Ele deu de ombros e eu sorri ao ver que Mike tinha o mesmo pensamento que Larry. — E talvez eu estivesse esperando até agora a minha aluna de piano, mas vejo que ela está ocupada demais tomando sorvete com sua companhia. — Meu sorriso se desfez na hora. Como pude esquecer da aula do nosso contrato? — Bom, até mais.
E assim ele seguiu o seu caminho, me causando uma onda imensa de arrependimento.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...