56. Vício.

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Quando adentrei a escola, o colégio estava lotado de alunos de várias outras escolas, que concorriam nessa mesma olimpíada. Todos enviados para realizar o exame e disputando por primeiro, segundo e terceiro lugar.

No primeiro lugar a escola era premiada como "colégio de prestígio". Os alunos ganhavam medalhas de ouro e mais um prêmio de mil dólares na mão. Entravam na academia de estudo onde teriam professores exclusivamente separados para auxilia-los.

Era o prêmio que Larry ganhou a uns anos atrás.

Mya! Oi! — Alex veio em minha direção muito animado.

— Oi, Alex. Está pronto? — Perguntei ao ver o garoto carregando um pilha de folhas.

— Sim! Isso são resumos de todas as matérias que vai cair. Fiz pra gente dar uma revisada antes da prova. — Ao olhar aquilo, o meu eu que gostaria de agradar o meu pai provavelmente faria. Mas o meu eu de agora se recusa a ler tudo isso para dar uma "revisada".

— Relaxa, Alex. Estudamos muito e tenho a total certeza de que vamos conseguir, ok? — Toquei seu ombro e caminhei em direção a sala da prova, o deixando lá parado.

A prova começaria em meia hora. Ou seja, eu tinha meia hora para ficar ali parada olhando para o nada. Peguei o meu celular olhando a barra de notificações onde tinha diversas mensagens de apoio. Das meninas, da minha mãe, de Noah, mais algumas de Larry e Mike. Fiquei feliz ao ver que todos acreditavam no meu potencial.

(...)

Quando saímos da sala, Alex não parava de falar um minuto sobre como ele achou aquela prova fácil e que a parte dele ele cumpriu. Perguntou o que eu achei, se eu tinha conseguido o suficiente e ainda teve a coragem de fazer uma "brincadeira" dizendo: espero que você não me atrapalhe, hein.

Estava em frente à escola ainda, buscando uma forma de fazer aquele garoto parar de fala enquanto esperava o motorista. Me distraí por um momento ao sentir um toque em minha mão, se transformar em um entrelaçar de dedos. Olhei para o lado notando Mike com um sorriso contagiante.

— Vamos? — Ele me indagou. Olhei para o outro lado vendo a expressão confusa de Alex.

— Vamos sim. — Liguei para o motorista avisando que não precisava vir. Aproveitei e enviei uma mensagem a Larry, o avisando para inventar uma desculpa, dizendo aos meus pais que estava em qualquer lugar, menos na casa de Mike. O menino respondeu com um joinha e um emoji desconfiado.

— Esse seu irmão é muito gente boa. — Declarou ao ligar o carro e manobrar.

— Ele é sim. — Abri um pouco o vidro sentindo o ar da noite se aproximando. — Vem cá, esse carro é do seu pai?

— Sim. Ele me disse que agora que estou na linha, ele pretende me dar um novo. Quando eu ainda vagava em minha vida de delinquente... — Olhou para mim com um sorriso. — Ele tinha medo que eu acabasse com o carro em brigas, bebida e mulheres.

— Você me disse que não "aproveitava" a vida com mulheres... — Arqueei a minha sobrancelha, o encarando.

— E você acreditou? — Ele encarou de volta e logo abri a boca em surpresa. Imediatamente ele começou a rir. — É brincadeira, meu amor. Eu não era desse jeito, não! É claro que eu vivia arrumando brigas e bebia em um quantidade absurda mesmo sendo de menor e meu pai odiando. Mas por algum motivo, ele nunca me forçou a parar. Acho que entendia que na maioria das vezes em que eu bebia, era tentando esquecer da minha mãe. — Prestei bem atenção em suas palavras. — Todas as vezes em que eu bebia, era tentando apagar aquela saudade imensa que surgia do nada. E foi assim que adquiri um vício na bebida. — Ele olhou para mim, parecendo analisar o que minha expressão transmitia. Provavelmente estava com medo de eu achar que por ele ter sido assim, não é bom o suficiente para mim. — Mas eu descobri algo muito maior que o meu vício. — Sorriu levemente. — O amor que eu tenho por você.

Um sorriso abriu em meus lábios. Desviei o olhar para a estrada ainda ouvindo suas palavras.

— Desde que te conheci Mya, meus pensamentos se tornaram exclusivamente seus. Eu não tinha tempo para deixar os demônios de minha mente domina-la por completo. Porque eu só pensava em você. De certa forma você se tornou o meu vício, e é muito bom estar viciado em você. — Declarou, com os olhos fitos no caminho. Ele ainda carregava o seu sorriso e eu o analisava em cada detalhe. Era lindo.

— Você sabia que a palavra "vício" vem do latim e significa falha ou defeito? — Declarei de repente, o fazendo cair na gargalhada. — Está rindo do que?

— Cara, vou te falar, eu te amo muito. — Ele ainda ria. — Eu acabei de soltar a declaração mais intensa da minha vida e você vem me dizer o significado de vício? — Arqueou a sobrancelha, intercalando o seu olhar para o volante e para mim.

— Ah, para! — Dei um tapa em suas costas. — O que eu quis dizer é que vício nunca tem o significado bom. Você não pode estar viciado em mim e me usar como um "jeito de esquecer de tudo", como fazia com a bebida. Eu tenho que ser aquela que alivia a tensão dentro de você e te ajuda a vence-la, e não a que faz você esquecer e ignorar tudo. Não posso ser um vício, entende? — Ele me observou, parando o carro em frente à casa. Estava tão envolvida na conversa que nem notei quando chegamos.

— Eu entendi, minha gatinha. Só estava tentando ser romântico mas pelo visto você é sem senso de paixão. — Mostrou a língua para mim.

— E o que seria senso de paixão? — O indaguei.

— Não sabe degustar as palavras de um homem absurdamente apaixonado. — Abriu a porta do carro.

— Você que não sabe usar as palavras como um homem absurdamente apaixonado! Não tenho culpa se você que não tem senso de paixão. — Dei de ombros, também saindo do carro.

Mimimi. — Ele fez de sua mão uma boquinha de jacaré e começou a fazer barulhinhos debochado com a boca.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora