Passei o fim de semana inteiro organizando as matérias de primeiro ano para o início das monitorias. Esse é o meu segundo ano dando monitoria, já que no primeiro, decidi que ensinaria o nono ano no middle school, que fica atrás do high school. Mas por algum motivo que desconheço, estava mais nervosa do que da primeira vez.
Escutei batidas na porta do meu quarto e rapidamente me virei para abrir, dando de cara com o meu irmão.
— O que você quer? — Perguntei, apoiando o meu corpo no batente da porta.
— Como é delicada. — Ele sorriu forçadamente. — Admiro muito isso.
— Olha Larry, de verdade, eu estou muito ocupada e não quero discutir com você. Sério, não estou com nenhuma vontade. Então será que você pode me dizer o que quer e se retirar? — Suspirei, vendo o seu sorriso.
— Eu acabei de terminar os meus trabalhos da faculdade e... — Ele parou por um momento. — Ah, esquece. — Encarou o meu rosto e logo em seguida se virou indo em direção ao seu quarto. — Boa noite, Mya. — Deu um sorriso curto e prosseguiu seu caminho.
Aquilo foi realmente muito estranho. Parecia que ele queria dizer alguma coisa mas não conseguiu. Alguma coisa séria e sincera.
Não combina muito com ele me tratar dessa maneira.
Assim que fechei a porta e voltei aos trabalhos, decidi que organizar aquilo tudo não valia a minha noite. Então fui me deitar.
Amanhã será um dia bem complicado. É oficialmente o primeiro dia de aula. As aulas seriam das sete até meio dia e meia. A tarde, de duas até as quatro, são as aulas extracurriculares, e mais tarde são as monitorias e os clubes em geral.
Decidi que entraria no clube do livro essa tarde. Acho que me faria bem já que não ando lendo tanto. Queria adquirir o hábito e acho que isso pode me ajudar.
Assim que fechei os olhos para pegar no sono, ouvi meu celular me notificar uma nova mensagem.
Hilary: Gente, como assim amanhã já é segunda-feira?
Eu não aguento mais essa vida de estudante! Cadê as minhas férias?Olivia: Você fala isso desde que nos conhecemos.
Hilary: É porque eu ja não aguento mais!!
Eu: Vocês não dormem, não? E quem criou esse grupo? Hilary vai passar o dia inteiro reclamando da escola e do Noah.
Dei uma leve risada ao notar que o nome do grupo era as nerdolas e hilary, o que me fez crer que ela que havia criado o grupo.
Hilary: Não me lembra desse menino. Vou internar ele na clínica do meu pai.
Olivia: Me interna também.
Gargalhei ou ler a última mensagem e desliguei o celular. Estava muito cansada e se continuasse a conversa provavelmente dormiria muito tarde.
Quando puxei a coberta a abracei o urso marrom, me senti confortável ao ponto de apagar e só acordar no dia seguinte.
(...)
— Bom dia. — Adentrei a cozinha da minha casa depois de tomar um banho e colocar o uniforme, sentindo um doce aroma de panquecas e bacon com ovos.
— Bom dia. — Respondeu meu pai que já folheava o seu jornal. — Parece animada.
— Sinto que o dia vai ser produtivo. — Sorri amigavelmente vendo o olhar do meu irmão em mim. — Bom dia, Larry.
— Bom dia, Mya. — Declarou, desviando o seu olhar para o prato.
— Filho, seu cabelo não está muito grande? Acho que você podia aparar um pouco as pontas. — Minha mãe observava atentamente o menino.
— Vou cortar hoje ainda. — Ele falou de forma desanimada.
Em todos os meus anos de vida, que não são muitos, nunca vi Larry tão desanimado quanto agora. Ele parecia distante e a todo momento parecia querer gritar algo que estava enterrado no peito.
— Como estão as coisas na faculdade? — Papai tentou puxar um assunto.
— Excelentes. Com licença. — Disse simplesmente, e se levantou saindo da cozinha.
— O que aconteceu com Larry? — Perguntei, sentindo o olhar de ambos sobre mim.
— Não vejo nada de diferente. — Meu pai fez uma expressão de indiferença.
— É. Me parece normal. — Minha mãe voltou o seu olhar para suas torradas no prato.
Me pergunto o que eles consideram normal. Porque se na cabeça deles o normal era o próprio filho respondendo de maneira seca, nitidamente desanimado e não comendo nem o básico do café da manhã, eles não tinham ideia do que era normal.
— Acho que é coisa da minha cabeça. —Me levantei da mesa, tomando apenas um gole do suco de maracujá. Precisava de muita calmaria nesse dia de hoje. — Bom trabalho para vocês.
Me retirei da mesa ouvindo um "boa aula" de ambos e corri pegando a minha mochila.
(...)
— Nossa! Esses são os seus planos de aula? — Olivia falou quando eu mostrei o plano de aulas da monitoria.
— Passei a noite inteira organizando, mas ainda não tá pronto. — Peguei a pasta de suas mãos e guardei dentro da mochila. — Cadê a Hilary? Não vem hoje?
— Ela aí atrás. — Olivia levou os olhos para trás de mim, o que me fez virar e notar a colorida com uma aparência cansada. — O que aconteceu com você?
— Eu sou uma irresponsável. — Declarou, se jogando sobre a sua mesa.
— E você descobriu isso agora? Coitada. — Respondi, vendo se formar em seu rosto um sorriso debochado.
— Por que está dizendo isso? — Olivia perguntou, enquanto seu foco se dividia entre uns papéis em suas mãos e a conversa.
— Minha mãe que me disse hoje de manhã. — Ela falou normalmente como se aquilo não afetasse de maneira alguma. — Eu dormi demais por ter ficado até tarde assistindo anime. E bom, me atrasei hoje.
— Pelo menos chegou para a terceira aula. — Afirmei.
— Já viram o trio aterrorizante? — Ela perguntou, se referindo aos garotos.
— Já com saudade, Welker? — Noah entrou na sala de aula com seus cachos perfeitamente alinhados.
— Você não sabe quanta, Williams. — Ela levou a mão ao peito, ironicamente.
— Sei que a minha presença faz toda diferença. — Ele puxou um cadeira e se sentou nos encarando.
— Você ainda não entregou a folha com os seus dados para o jornal. — Declarei, puxando alguns papéis de Olivia para ajudá-la. A maioria eram sobre o baile de boas vindas.
— E é justamente ela que eu vim entregar. — Ele me estendeu a folha e eu peguei analisando cada canto.
— Perfeito. — Sorri educadamente. — Vocês vão precisar de um roteiro. Poderão falar sobre tudo: clima, música, provas, jogos dos times da escola, apresentações e sobre o baile. E é isso, vai ser divertido. — Notei ambos concordarem com um sorriso.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...