Narrado por Mike.
Mais uma segunda-feira cinza. Não era segredo que as segundas eram cinzas, mas por algum motivo, ela parecia em um tom mais acinzentado que o normal.
Eu estava no auditório da escola. Mya recebia a medalha ao lado de Alex. Ela parecia feliz. Noah estava do meu lado e levou a mão ao meu ombro em uma tentativa de consolo, ao ver que Alex colocou a mão em sua cintura e a puxou para mais perto, para tirar uma foto.
Ela sorria, mas não parecia tão feliz assim. Mas ainda sim sorria.
Sempre interpretando papéis. Pensei
Adoro quando não está interpretando um papel, quando não está atuando. Adoro ela, ela mesma. A Mya que gosta de ensinar, não porque o pai a obriga, e sim, porque ela gosta de passar o conhecimento. A Mya sensível que tem medo de trovões. A Mya que gosta de falar sobre assuntos aleatórios e que está sempre lutando por aquilo que ela acredita. Essa é a minha Mya.
Seu pai é o que parecia mais feliz. Ele mantinha um sorriso radiante nos lábios enquanto tirava as fotos com a menina. Larry, seu irmão, parecia feliz mas não tão confortável com todas aquelas câmeras e pessoas focando nele e não na irmã. A mãe dela estava feliz pela garota, mas nada muito exagerado. Parecia manter a postura de esposa bem sucedida que cuida da casa, dos filhos e do marido. Uma família repleta de atores.
Quando a cerimônia acabou, os alunos desceram do palco, o diretor levou os embaixadores do prêmio embora, o grêmio saiu do auditório e aos poucos, os convidados também se retiraram.
Eu fui até a sala de música. Acho que não aguentava toda aquele climinha de felicidade quando eu não estava feliz. Na verdade, vê-la feliz era muito bom. Me odiaria pelo resto da vida se estragasse todos os planos dela. Pelo menos alguém precisa ficar feliz.
Sentei no piano, abrindo sua tampa. Apertei algumas teclas e comecei a tocar a melodia de all for me.
Quando meu pai me disse que cantar uma música seria bom, eu absorvi aquela ideia. Mya não gostava de tocar, mas quando ainda estávamos juntos, ela adorava me ver tocando. Talvez gostasse de ouvir uma letra profunda saindo dos meus lábios.
A letra dessa música imediatamente surgiu em minha cabeça, saindo de minha boca uma por uma, em um som intenso. Parecia que carregava toda a minha dor, toda vontade que eu tinha de tê-la de volta, toda tristeza e arrependimento daquele dia.
Poxa... estávamos tão bem.
Por que essas coisas precisam acontecer? Por que quando eu encontro a felicidade, ela parece correr de mim sem pensar duas vezes? Estava cansado disso. Eu a queria de volta. Eu perdi a primeira mulher que amei, não posso perder Mya. Preciso pelo menos tentar.
Não vou negar que vê-la no colégio estava me matando. Eu tinha vontade de correr toda vez até ela e gritar para que me perdoasse. Tinha vontade de gritar que eu estava errado e ela sempre teve razão, que ela é tudo que eu mais desejo e não queria perde-la. E quem sabe, ela me escutaria.
Mas não, não era desse jeito simples que eu a queria de volta. Eu queria acender nela novamente a vontade de estar comigo. Queria que ela entendesse o quanto eu amo e espero ansiosamente pela sua vida unida a minha novamente. Queria que fosse eu e ela contra o mundo de novo, como antes.
Eu a quero de volta.
Quando a melodia se encerrou, as memória também se encerraram. Senti meu rosto quente e quando olhei para a teclas, notei algumas lágrimas.
Eu chorei.
Limpei os olhos sentindo um aperto no coração. Pensamentos do tipo "e se ela não me quiser?", "e se eu parecer um bobo lá na frente quando ela me rejeitar?".
Resolvi ignorar aquilo tudo e fechei a tampa. Encostei a cabeça em cima dos braços apoiados na tampa superior, olhando para a porta. Desejei com todas as minhas forças que ela entrasse por elas, como sempre fazia. Imaginei ela entrando como da primeira vez. A primeira vez que me ouviu tocando por trás da porta, jurando que veria todo mundo, menos eu. E ao me ver, ficou tão brava que eu só conseguia rir.
Era engraçado o quanto nos odiavamos.
Naquele dia, eu a ajudei com o piano. Ela estava tão tensa e mesmo me odiando, eu consegui acalma-la. Foi a primeira vez que conseguimos conversar sem querer matar um ao outro. A partir daquele momento, eu percebi que não a odiava tanto assim, que na verdade eu gostava da sua companhia, gostava de implicar com ela. Depois que vi o seu lado frágil, senti vontade de toma-la para mim, de protege-la. Aquele foi o dia que senti algo surgindo dentro de mim, algo que me fez sentir vivo, como há um tempo não sentia.
(...)
Depois da escola, eu fui para casa. Não tinha mais monitoria já que a minha monitora fez questão de deixar de me dar aula. Noah tentou animar uma pizzaria com Olivia, Hilary e Mya. Mas achei que a minha presença a deixaria irritada ou constrangida. Então achei melhor não ir.
Meu pai ficou me perturbando dizendo o quanto eu estava deprimido e sem o brilho nos olhos. Disse que não posso me deixar abater por uma mulher e que existem várias ruivinhas no mundo.
Depois que me viu ficar ainda mais magoado, me consolou dizendo que ela ainda me amava e que isso era apenas uma fase. Disse que ia pedir lanche para ver se eu me animava.
Vai entender esse homem.
Depois de escrever uma carta dizendo tudo aquilo que eu sentia para Mya, deitei minha cabeça em meu travesseiro e encarei o teto. Branco, simples, sem vida. Pensamentos começaram a surgir em minha mente.
Será que ela sente minha falta? Será que já chegou a pensar que talvez nunca mais iremos ficar juntos? Será que esse pensamento a apavora assim como me apavora?
Será que essas noites, todas elas, quando deitou para dormir, eu apareci em algum momento em seus pensamentos? Será que algum vez, ela pediu a Deus que ficássemos juntos de novo?
Porque eu pedi.
E se o Deus que tanto dizem para chamar no momento de aflição, estiver ouvindo, peço que possa me ajudar.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...