40. O Intervalo chega em breve.

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— Toma Mya, aqui está seu celular. — Olivia me entregou o telefone assim que pisou na escola. — Ah, bom dia. Como foi a sua noite? — Se sentou ao meu lado na mesa da sala, com o cansaço evidente nos olhos. — Estou exausta demais até para proferir uma única palavra.

— Que exagerada. — Ri um pouco. — Estou cansada também.

Olivia começou a me encarar de um jeito estranho. Ela se ergueu de repente da cadeira e começou a analisar cada detalhe do meu rosto.

— Sinto o amor pairando sobre o ar. — Ela estreitou os olhos, levando uma das mãos até o queixo. — O que você aprontou, hein Mya? Sei que alguma coisa está acontecendo. Você está... felizinha demais.

— Isso significa que eu sou triste na maioria das vezes? — Arregalei os olhos.

— Também, mas isso significa que você é brava na maioria das vezes. — Deu de ombros, ainda esperando a minha resposta.

— Bom dia, meninas. — Hilary entrou na sala de aula com uma expressão de morta. A menina estava com olheiras e o rosto muito inchado. Algo aconteceu que a fez chorar a noite inteira ao invés de dormir.

— Meu Deus Hilary, o que houve? — Graças a Deus Hilary surgiu com um assunto mais importante. O que fez Olivia esquecer de mim.

Eu pretendia contar as duas o que fiz na noite passada. Pretendia contar a coragem e determinação que tive para falar abertamente sobre os meus sentimentos, e a maior parte: beijar Mike duas vezes. Eu queria realmente contar, mas não sabia de que forma faria isso.

— Eu passei a noite em claro me desidratando de tanto chorar. — Ela afirmou, se sentando na cadeira e logo afundando o rosto entre suas mãos.

— Mas o que houve? — Nos aproximamos dela. Olivia me encarou com uma certa preocupação. — Foi a prova que fizemos na semana passada? Que você tirou outra nota baixa?

— Você acha que eu sou você? Que fica morrendo se não for bem em umas provas? — Me encarou com mais lágrimas no rosto. — Eu não acredito nisso. — Começou a chorar mais e mais.

— Hilary se você não falar, fica um pouco difícil. — Olivia a apontou um pouco impaciente.

— É que... — A menina fungou um pouco, tentando se recuperar.

Estava aguardando ela dizer, quando Noah entrou no mesmo estado pelas portas. Os olhos tão inchados que parecia ter levado um soco.

— Meu Deus! O que está acontecendo gente? — Olivia levou uma das mãos a testa, extremamente preocupada.

— Não estou afim de conversar. Estou entendendo as minhas emoções. — Noah declarou, batendo com tudo a sua cabeça na mesa. — Por que isso tinha que acontecer logo com o meu personagem favorito?

Assim que ele declarou isso, Hilary ergueu a cabeça e o encarou, surpresa.

— Você disse o quê? — Perguntou a ele.

— Descobri ontem a noite que meu personagem favorito de jujutsu Kaisen morreu. Eu quase não acreditei. Maldito twitter que fica liberando spoilers! — Ele bateu a mão na mesa.

— Meu Deus você viu também?! Mas eu chorei tanto enquanto xingava essas pessoas! Maldito autor que não tem pena de matar os personagens! — Eu e Olivia não sabíamos como reagir aquilo.

Eles estavam literalmente chorando de soluçar por conta da morte de um personagem fictício?

— Eu me arrepiei todo ao ver a cena. Até agora não tô acreditando nisso! — Noah suspirou e o silêncio tomou conta da sala de aula.

— Eu que não tô acreditando nisso. — Olivia balançou a cabeça em negação, pegando o seu fone de ouvido e o seu livro. Se sentou na cadeira ao lado da minha e começou a ler, ignorando todos ali.

— Duvido que quando um dos personagens desses livros dela morre, ela não fica igual a gente. — A colorida debateu, cruzando os braços.

Quando os alunos começaram a entrar para o início das aulas, notei que Mike ainda não tinha chego, o que me deu uma certa preocupação.

Peguei o celular e abri nas mensagens, procurando ver se alguma delas era dele.

Passamos a noite, a madrugada e o iniciozinho da manhã conversando. Como se agora que fomos sinceros um com o outro, os assuntos se abriram mais também. Mike me contou mais de sua mãe, de algumas músicas que compôs com ela e algumas que ainda estavam paradas. Conversamos sobre a escola, planos futuros e sobre nós. Porque agora, nós queríamos incluir um ao outro nos planos futuros.

Gatinha, eu vou me atrasar um pouco. Não me dê advertência e nem risque o meu nome na chamada! — Li sua mensagem sentindo o meu coração se aquecer. Sua voz já estava tão gravada em minha mente que eu conseguia ouvir claramente o som ao ler a mensagem.

A tolerância de atraso é cinco minutos. — Enviei, vendo que ele já havia visualizado e estava digitando.

Prometo chegar em duas horas. Tenho um beijo marcado por volta desse horário. — Soltei uma leve risadinha e escutei alguém coçar a garganta.

Olhei para frente e pude ver o professor parado com a turma inteira me olhando. Senti uma tremenda vontade de enterrar a minha cabeça em algum buraco.

— Senhorita Mya, quer explicar a matéria para nós? Já que você já sabe e por conta disso está usando o celular. — Cruzou os braços aguardando uma resposta minha.

— Professor, eu não tive a intenção alguma de desrespeitar a sua aula. — Guardei o celular rapidamente, endireitando a postura.

— Vou deixar passa porque você é uma aluna brilhante e provavelmente saberia explicar toda essa matéria. — Ele balançou a cabeça negativamente e eu olhei para Olivia ao meu lado, que carregava uma desconfiança no olhar.

Voltei a prestar atenção na aula antes que mais uma vez o professor viesse chamar minha atenção. Olivia tentou a todo custo roubar a minha atenção do quadro, mas fingi que nem estava vendo.

Me lançou bolinhas de papel, passou uns vinte bilhetinhos, me cutucou com o lápis e até me chutou com muita força por eu a estar ignorando.

Abri um dos bilhetes lendo atentamente o que estava escrito.

"Você não me escapa, m Mya. O intervalo chega em breve."

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora