38. Você também me atrai, Mike.

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Narrado por Mike.

Olhando-a comer em minha frente, tão decepcionada e chateada comigo, me questionei sobre tê-la em minha vida.

Mya tinha muitos objetivos e com certeza eu não era um deles. Eu não acrescentava em nada na vida dela, não fazia muita diferença e talvez só estivesse atrapalhando.

Agora com essa sua obsessão para orgulhar o pai de todas as maneiras, não tinha um lugar sobrando para mim. A prova disso é o quanto seu dia foi agitado hoje. Foi tão agitado que ela não conseguiu nem ao menos me dar monitoria.

Não tinha um espaço para mim. E eu fui burro o suficiente para achar que podia me encaixar no meio disso tudo. Mas por mais que eu quisesse me encaixar, ela não fazia questão de me colocar em seus planos. O que era triste demais para admitir.

Agora o que me restava era enterrar todo e qualquer vestígio de sentimento por ela. Eu não podia atrapalhar a sua vida, e não podia deixar que ela interferisse assim dentro de mim. Então se essa era a única solução, que assim seja feito.

— Como está a comida, Mya? — Meu pai perguntou, assim que notou o silêncio que estava na mesa.

— Está ótima, obrigada por me convidar. — Ela se esforçou para dar o seu lindo sorriso. Era incrível como até mesmo nitidamente magoada, ela continuava sorrindo de forma única.

Esse sorriso era tão luminoso quanto o da minha mãe...

Não posso mantê-la por perto, não posso estragar a vida dela com a minha irresponsabilidade. Tem pessoas muito melhores, como Alex. Ela não precisa de mim.

Repetia em minha mente.

Quando o jantar se encerrou, meu pai continuou atormentando a garota com milhões de perguntas aleatórias. Falava sobre a empresa dos seus pais, o estudos, sobre o que aconteceu com Larry e até se ela pretendia assumir a Campbell's.

— A conversa está ótima, mas eu preciso ir agora. — Mya se levantou com sua mochila.

— Ah sim, verdade. Está muito tarde e pode ser perigoso. Filho você não pode levá-la, não? — Meu pai ergueu o corpo e ambos se viraram para mim, aguardando uma resposta. Por mais que eu quisesse muito me afastar, parece que sempre tem algo que me puxa pra perto dela.

— Levo. — Respondi, subindo até o meu quarto para colocar uma blusa e pegar um casaco.

Não podia deixá-la por aí sozinha, nunca me perdoaria se algo acontecesse.

A garota se despediu do meu pai e caminhamos pelas ruas vazias, um ao lado do outro. Sem uma unica alma viva além de nós dois.

Passei o caminho inteiro tentando evitar o seu olhar. Andei o mais rápido possível para que ela não pudesse me acompanhar, mas de repente, ela parou. Só percebi quando notei não escutar mais os seus passos barulhentos. Virei para trás e percebi estar bem distante dela, mais ou menos uma distancia de uns quinze passos. A observei atentamente, ela carregava duvidas em suas expressões. Duvida das quais eu não podia tirar. Seus olhos estavam marejados e sua voz soou levemente pelo local vazio.

— Por que está me tratando assim..? — Perguntou, abaixando a sua cabeça enquanto apertava os dedos. Parecia insegura e com muito medo da resposta. Talvez com medo de mim.

— Assim como? Estou normal. — Ameacei começar a andar novamente, mas ela me parou com mais uma indagação.

— O que aconteceu, Mike? Fala comigo o que está de errado! Se o problema for comigo, eu peço desculpas. — Andou em minha direção com passos largos.

— Não aconteceu nada, Mya! Caramba. — Me afastava dela enquanto a garota continuava se aproximando.

— Eu achei que estávamos nos dando bem. — Parou à uns cinco passos em minha frente. Uma lágrima deslizou suavemente pelo seu rosto, e eu me perguntei porque ela era tão chorona. — Mike, me conta o que está errado!

— Que merda! — Levei as mãos ao rosto, me sentindo irritado.

— Não grita! Por que está com raiva agora? — Perguntou, batendo um dos pés no chão, igual a uma criança.

— Porque você é irritante! — A encarei, vendo-a se sentir atacada.

— Eu sou irritante? - Se aproximou mais, ficando apenas uns dois passos longe. — Você é um imbecil ignorante que não sabe como tratar as pessoas! — Me apontou.

— Ah, é? E voce é uma garotinha chorona que não sabe nem ao menos controlar suas emoções! — Ela fez um bico com muita fúria nos olhos.

— ME DIZ LOGO QUAL É O SEU PROBLEMA! — A garota berrou tão alto, que eu pude sentir o quanto estava nervosa. — Por que está me evitando? Por que está tão frio? Você não quer mais falar comigo, é isso? Não se importa mais, é? Ou melhor, você nunca se importou e fingir está ficando mais difícil? — Dessa vez, ela que carregava o olhar frio.

— Nossa, que droga! É claro que eu me importo! — Me virei de costa para ela, tentando evita-la.

— Então porquê de tudo isso? — Seu tom de voz abaixou. — Por que estamos brigando?

— Não posso mante-la por perto Mya, não posso. — Virei novamente o meu corpo, notando estar perto demais da menina. A distância agora se resumia a cinco dedos.

— Por que..? — Perguntou, mas sua voz estava tão baixa que foi quase impossível compreender. — Por que não pode me manter por perto, Mike?

— Porque você me atrai, Mya. — Isso foi suficiente para abaixar a sua guarda. Ela agora estava surpresa, era difícil saber o que se passava por sua cabeça. Mas era possível que coisas como "ele acha que pode gostar de mim?" ou então "eu nunca me apaixonaria por alguem como ele" ou ainda pior "eca". — Eu sei que não podemos ficar juntos. — Tentei aliviar a tensão enquanto a garota ainda se mantinha paralisada em minha frente, completamente em choque. — E é por esse motivo que estou me afastando. Você é ocupada demais, tem seus deveres e eu percebi hoje que só os atrapalho, lotando ainda mais a sua agenda com tarefas insignificantes. Sabe, eu não me encaixo em sua vida, não atinjo as expectativas de um bom par para você. Então talvez, o melhor seja me afastar e esperar que por um milagre, o sentimento desapareça. Eu sinto muito por isso, eu sei que você nunca vai retribuir esses sentimentos, talvez isso seja uma piada para você... — Um silêncio se estabeleceu no lugar. só era possível escutar o barulho de alguns animais noturnos. Mya ainda estava em choque, com a respiração descontrolada. O que me fez ficar ainda mais nervoso. Eu não devia ter contado, eu devia ter enterrado esses sentimentos desde o dia que ela me empurrou daquela maldita cadeira. Eu não...

A ruiva interrompeu os meus pensamentos com uma única frase.

— Você também me atrai, Mike.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora