46. Disquei 2.

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Passamos o resto do dia na casa de Olivia. Conversando e terminando de ajudar Olivia com os preparativos do baile. A menina era impecável em organização. Era tanto que até eu me assustava.

— Sabe, Mya. Eu tava pensando de te colocar para tocar no piano, o que acha? — Arregalei os meus olhos e me engasguei com o refrigerante.

— Como é que é? — Senti Hilary bater em minhas costas.

— Sim, você não toca piano? Poderia tocar umas músicas lentas na hora da dança dos casais. — Ela dizia na maior certeza daquilo.

— Não, eu não posso fazer isso. Por que não contrata um profissional? — Perguntei, tomando o resto do refrigerante.

— A escola já gastou mais do que o combinado com esse baile. Estou proibida de exigir mais verba. Palavras do diretor. — Bufou, revirando os olhos de indignação.

Como pode alguém gastar tanto dinheiro com um baile de escola?

— Eu pago. — Declarei. — Dinheiro não é o problema.

— Uiui, desculpa senhorita filha de empresário. — Hilary falou, levando a mão ao peito com uma careta no rosto. — Ai porque meus pais me dão muito dinheiro. — Ergueu a mão como se segurasse uma bolsa imaginária.

— Não foi bem isso que eu quis dizer, tá legal?

— Claro, claro. Porque você é a humildade em pessoa. — Olivia declarou. As duas de repente começaram a gargalhar ao ver a minha expressão irritada.

— Você são insuportáveis. — Dei um tapa em Hilary.

—  Mya, e como estão as coisas entre você e Mike, hein? — Olivia se levantou para recolher a bagunça que fizemos na mesinha da sala, então me levantei também para ajudá-la.

— Está tudo bem. — Entreguei a ela as embalagens vazias e os copos.

— Vocês já estão namorando? — Hilary perguntou, varrendo a sala.

— Não, não estamos. — Me sentei no balcão, esperando a menina acabar. Ela varria de um jeito desengonçado, parece que nunca pegou em uma vassoura.

— O que falta para isso acontecer? — A de tranças se sentou ao meu lado, também observando Hilary varrer.

— Eu não sei. Estamos indo devagar. Nos conhecendo e entendo mais sobre o outro. Acredito que em breve estaremos juntos oficialmente. — Sorri ao imaginar aquilo. Imagina ser oficialmente a sua namorada? Visita-lo quando eu bem entender, sair todos os fins de semana, mandar mensagens a hora que quiser.

— Eu acho que vocês são lentos. Bem lentos. — A colorida declarou, apoiando seu braço na vassoura.

— Olha só quem fala. — A desafiei. — O Noah está lá esperando ser convidado para o baile e você quer falar da minha lentidão?

— Você fala como se fosse fácil! O seu namoradinho se declarou primeiro! Quem me garante que Noah realmente gosta de mim? Hein? Quem me garante que não vou levar um fora? — Ela suspirou, formando um bico com os lábios.

— Quem te garante que ele não gosta? — Me levantei do balcão, pegando a minha mochila com os meus pertences. — As vezes perdemos sensações, emoções, pessoas... as vezes perdemos tantas coisas por pensar demais no "E se?" — Abri a mochila e tirei um pijama, uma toalha e a escova de dente. — "E se eu não passar?", "e se ele não gostar?", "e se me julgarem?", "e se der errado?". A gente se importa muito com ele e esquece que se der certo, é ótimo. Mas caso der errado, é uma experiência necessária. Então tudo é necessário, até mesmo as partes ruins da vida. — Terminei aquele pensamento com um longo suspiro. As meninas pareciam pensar e concordar com o meu  raciocínio. Peguei tudo e fui em direção ao banheiro para tomar um banho.

(...)

Naquela manhã, eu acordei sentindo uma baita dor de cabeça. Passamos a noite inteira em claro decidindo qual era o melhor paquera de amor doce. Não chegamos a um acordo e começamos a discutir dizendo as qualidades de cada paquera.

Hilary deixou bem claro que seu amor era totalmente do Nathaniel. Ela deve gostar mesmo de um loiro. Já Olivia, falou que nenhum paquera era digno do seu amor na escola, e que amor doce só fica bom quando a Priya entra. Mostrando claramente o seu lado gay. E quando eu disse que o Castiel era o melhor paquera, quase fui agredida com uma vassoura e um chinelo.

— Você deve ter tara por garoto que se acha o centro do universo, não é possível. — Essas foram as palavras de Olivia depois de lançar um chinelo de dedo em minha direção. A sorte foi que eu desviei a tempo.

— Por que não dormimos mais cedo? — Hilary resmungo, quando Olivia a cutucou para levantar.

— Porque você estava ocupada demais defendendo um loiro que nem existe. — Acusei a garota que rolou da cama até cair com tudo no chão.

— Ai! Misericórdia! Quem foi que me empurrou? — Ela levantou com tudo do chão, armando o corpo para brigar. Notamos o canto da sua boca todo babado e os cabelos coloridos pareciam realmente nuvens agora, de tão bagunçado.

— Vai ajeitar esse cabelo. — Olivia jogou um travesseiro na garota, a vendo bufar.

— Pra vocês é fácil falar né. Uma tem o cabelo lisinho, a outra só vive de trança. A ondulada aqui sofre ao acordar. — Ela foi batendo o pé no chão até o banheiro, onde se trancou dando espaço para rirmos.

Enquanto aguardava Hilary sair do banheiro, peguei o celular notando ter um monte de mensagens. A maioria eram de Noah, e eu me perguntei o que ele queria em um domingo de manhã.

Mya, preciso da sua ajuda!
Mya, acordada?
Me responde! É caso de vida ou morte.
Mya, cê aí?
Mya! Cadê você?
Preciso da sua ajuda!
Sou um lesado e não sei fazer nada sozinho, será que agora você pode aparecer?
Que mania vocês têm de não atender o celular!
Mya! Por favor, estou surtando!
Eu faço o que você quiser por um ano se me responder.
Mya!!!

Pelo amor de Deus, não é possível. O garoto não deu nem um intervalo de um minuto para enviar cada mensagem.

Meu Deus do céu. Por acaso você sabe o que as pessoas fazem em um domingo de manhã? Se não sabe, bom, elas costumam dormir! — Enviei, vendo que ele visualizou tão depressa que eu me assustei.

Sai de sua conversa vendo que ainda havia umas três mensagens.

Você se esqueceu onde mora? — Essa era de Larry. Enviei apenas um bom dia com uma carinha feliz. Me perguntava se Larry tinha outra coisa pra fazer além de me esperar chegar em casa.

Bom dia filha, sabe que hoje precisa estudar né? Chegue em casa antes das três da tarde. Um beijo. — Essa outra era de minha mãe. Ela me fez lembrar que meu domingo não seria de descanso. Respondi com um bom dia e um ok.

Sai da mensagem vendo que a última era de Mike. Ele me enviou um áudio e eu estranhei. Será que algo tinha acontecido?

Olá, bom dia. Estou enviando essa mensagem pois um menino, cujo o nome é Mike Lewis, está morrendo de saudades de sua gatinha, cujo o nome é Mya Campbell. Caso queira repetir a mensagem, disque 1; caso queira enviar um "também estou com saudades", disque 2; e se deseja ignorar a mensagem, por favor não faça isso.

Esse menino tinha umas maneiras muito estranhas de demonstrar o seu amor. Eu adorava isso.

Disquei 2.

A Maior Conquista: O AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora