Esse era o momento perfeito para passar por cima daquele que demorei anos para alcançar. Me levantar com tudo e mostrar ao meu pai que eu podia sim ser suficiente.
Larry decepcionou o papai. Isso era ótimo para mim. Precisava pensar em algo rápido para me tornar a nova favorita da casa.
Coloquei o meu uniforme naquela manhã, e desci com um enorme sorriso no rosto, preparada para o melhor dia da minha vida.
Estava na hora de realmente conquistar o meu lugar. Conquistar tudo aquilo que eu desejo. Esse era o dia.
— Bom dia! — Praticamente berrei na cozinha e depois percebi que estava vazia. Ninguém. — O que houve? Cadê eles? — Perguntei ao mordomo assim que ele se aproximou.
— A notícia abalou um pouco eles, estão tentando se recupe... — Um barulho muito alto de vidro se chocando contra o chão foi escutado, interrompendo a fala dele.
Corri em direção as escadas de volta para os quartos, vozes altas tomavam o lugar do silêncio.
— Eu cansei! Não quero mais que controlem a minha vida. — Larry berrava com uma voz nítida de choro.
— Escuta aqui. — O dono da voz fria tomou espaço. — Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo? Eu fiz você ganhar tudo que tem hoje. Você deve isso a mim! — Ele impôs sua vontade sobre o menino.
— Olha só o que vocês estão me pedindo... — Abri a porta devagar e pude ver o menino levar as mãos ao rosto e se ajoelhar. — Olha o que você quer que eu faça... — Chorou descontroladamente enquanto mamãe tentava segurar as lágrimas ao seu lado. — Você quer que eu me case com alguém que nem sequer pensa em mim.
— Casamento não é sobre amor. — Ele falou seco. — Casamentos são negócios. E se você fosse um pouco mais atraente, talvez ela não teria feito isso com você. — Cuspiu as palavras e eu percebi minha mãe abaixar a cabeça e engolir a seco.
— Então o seu casamento com a mamãe não passa de negócios? — Larry juntou tudo que restava de si para perguntar.
— Exatamente. — Uma raiva tão grande se apossou de mim. Como ele tinha essa coragem?
— Você é frio. Você não se importa com ninguém além de si mesmo. Você não liga para as emoções das pessoas. Só quer que elas estejam vinte e quatro horas ao seu dispor, fazendo aquilo que é benéfico para você. — Larry declarou em uma só voz. — Quer saber de uma coisa, papai? Eu não quero mais me submeter a isso. Não quero mais ser manipulado por você. Não quero mais ser seu robô programado. — O homem mais velho o encarava com uma fúria muito grande nos olhos. — Não vou mais administrar empresa nenhuma e não quero mais seguir os seus passos. Não o tenho mais como um exemplo a ser seguido. — E assim, o menino se ergueu do chão e foi em direção a porta, batendo de frente comigo.
Seu olhar estava pesado. Ele parecia distante. Mas algo dizia que estava melhor do que antes.
Larry continuou me encarando buscando algum tipo de consolo. Ergui uma das minhas mãos e apoiei em seu ombro, meus lábios aos poucos se curvaram em um sorriso. O garoto me puxou para um abraço e um sorriso fraco surgiu em seu rosto.
Ele só precisava daquilo. Que uma única pessoa o entendesse ao invés de o julgar. As vezes só precisamos disso. Que nos entendam.
As pessoas são tão rancorosas e nunca param pra pensar no outro, e que as vezes, uma única palavra que você libera sem pensar, pode ferir drasticamente aquele que ouviu. Se eu não tiver noção de como dói o que ele sente, como posso julga-lo? Como posso dizer que a dor dele "nem é tudo isso"? A dor machuca independentemente da sua intensidade. As vezes uma queimadura pode ter a mesma intensidade de dor que um coração partido.
Por cima dos ombros de Larry, pude ver o olhar enfurecido de meu pai, enquanto um arrepio corria pelo meu corpo.
Me afastei aos poucos. Ele prosseguiu o seu caminho, limpando algumas lágrimas dos olhos. Parecia melhor, mais leve e decidido daquilo que estava fazendo.
— Que isso sirva de lição para você Mya. — Meu pai chamou a minha atenção. — Não seja como ele. Você pode ser melhor do que ele. — Meu pai sorria para mim de uma forma que eu nunca vi antes.
Larry não estava mais no jogo. O meu maior obstáculo não estava mais jogando, e por conta disso, eu tinha chance! Eu posso ser finalmente aquilo que eu sempre quis. O orgulho do meu pai... Certamente a minha maior conquista: honrar o nome da minha família.
— O senhor acha mesmo que posso superar Larry? — Minha mãe tinha um olhar distante. Parecia cansada daquilo tudo, mas mesmo assim, não parecia querer se envolver na história.
— Eu acho minha filha. — Meu pai se aproximou de mim e pousou uma de suas mãos em minha bochecha. — Você só precisa me provar isso. Prove para mim que você consegue o superar. — Depositou um beijo em minha testa e sorriu de canto.
Eu o encarava sentindo uma sensação muito única. Meu pai acredita em mim finalmente. Ele finalmente depositou toda a sua confiança em mim.
Enquanto eu encarava o homem sentindo todas aquelas emoções, minha mãe se retirou do quarto, sem dizer uma palavra.
— Agora olha só o que vou te dizer. — O homem começou a falar, encarando os meus olhos. — Não seja uma decepção como Larry tem sido. Faça o possível e o impossível para ser a melhor. Tanto nas aulas, tanto na missão que eu passei, quanto em casa. Seja impecável, sem erro algum. Entendeu bem? Você agora é a número um da família Campbell, o título agora é seu querida. Me deixe orgulhoso, e quem sabe no futuro você seja a próxima a herdar a minha empresa com um futuro marido de minha escolha.
— Darei o meu melhor, papai.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...