— Acredito que todos já chegaram a conclusão sobre a definição do amor. — Declarou, depois de umas meia hora. — Bom, nem todos vão conseguir falar sobre suas opiniões. Mas mesmo assim, eu gostaria de ouvir algumas. — Ele observou a sala, e a primeira pessoa premiada foi uma garota calada que sempre senta bem no fundo. Ela balançou a cabeça para os lados, dizendo não querer falar, mas o professor esperou até que falasse.
— Eu não sei ao certo. — Ela disse tão baixo que quase não escutei. — Mas acredito que o amor é além do que se sai em forma verbal, é aquilo que se sente e transmite em atitudes. Atitudes de verdade, que você faz sem esperar nada em troca. A troca que recebemos é no dia-a-dia, com preocupações, risos, carinhos, mimos ou até mesmo só a presença. Para mim, amar é transmitir o que sente e receber o que tá sendo transmitido por outra pessoa. — Ela soltou, deixando todos surpresos com a sua definição.
— Então Lisa define o amor como uma troca sem obrigações, você faz porque simplesmente sente, não é? — O professor declarou e a garota assentiu lentamente. — Você aí do canto. — O homem apontou para um menino de toca, que sentava perto da janela.
— Sabe aquele poema? — O menino começou a dizer. — O amor é uma flor roxa, que nasce no coração dos trouxa. Ela cresce e vira galho, na cabeça dos otários. — Disse simplesmente, fazendo a turma praticamente inteira começar a gargalhar. — Então, eu concordo com ele.
— Bryan diz que o amor é coisa de otário, correto? — O professor declarou, e foi a primeira vez que não o vi discutir com um aluno por não levar a sério o seu trabalho. Na verdade, ele riu com aquela piada. Talvez relevou pelo fato de ser um trabalho de opiniões. — Sua vez. — Ele apontou para Noah, que de branco, ficou vermelho de tanto nervosismo.
— Bom, eu acho que o amor é um sentimento único, muito dificil de descrever porque cada um sente de uma forma. Mas uma coisa interessante, é que existem algumas opiniões que sempre batem umas com as outras. Como por exemplo quando dizem que o amor pode ser definido como gestos, carinhos, ações e o famoso burburinho na barriga. — Ele começou a dizer aquilo tudo e eu quase não acreditei ser Noah. — E eu acredito que seja um conjunto de tudo isso. A sensação de estar próximo à pessoa, a falta excessiva que ela faz quando não está por perto. A vontade que você tem de dedicar poemas, músicas e até mesmo de desenha-la. E toda essa vontade que você tem de inserir a pessoa de qualquer forma em sua vida. Então assim, eu adorei o mito de Platão onde diz que os seres buscam estar completos. Porque inserir alguém em sua vida, é pedir que ela entre com a parte que faltava. — Ele encerrou, fazendo o professor abrir um sorriso orgulhoso, como se estivesse satisfeito com a linha de raciocínio dele. — E sobre a sua pergunta final, sim. Eu me sinto completo. Acho que encontrei a parte que faltava. — O garoto abriu um sorriso e olhou para Hilary. A garota parecia muito feliz e envergonhada ao mesmo tempo.
— Então Noah diz que o amor é a junção de muitas sensações. E concorda, em parte, com o mito de Platão, em que os seres buscam estar completos com uma outra pessoa. Certo, Noah? — Noah concordou com a cabeça e ele observou mais um pouco a sala de aula. E dessa vez, pegou Olivia.
— Ah, eu não sei muito não professor. Eu acho que só pode falar sobre uma coisa quando você já vivenciou. E bom, nunca vivenciei o mais puro amor, mas para mim, é muito além de um sentimento ou emoção, é uma escolha. Você decide amar alguém ou não amar. Mas também considero a coisa mais forte no mundo, o amor realmente pode curar e salvar alguém. Além de inspirar os poetas e outros artista, e bom, realmente me inspira. É bom você observar ao seu redor e ver a atuação do amor ainda entre nós. — Ela terminou.
— Então Olivia define o amor como uma escolha. E também o define como o sentimento mais forte. Tendo o poder até mesmo de curar e salvar alguém. E ainda traz inspiração. Afirmativo? — Ela fez que sim, com um sorriso. — Bom, e por último, Mya.
Eu arregalei os meus olhos e encarei o papel ao ver que só havia uma única frase incompleta "O amor é...". Eu não tinha uma ideia concreta do que era o amor. Mas precisava dizer a todo custo. Minha vida dependia da aprovação desse professor. Respirei fundo.
— É... — Comecei. Eu sentia a sala inteira com os olhos focados em mim, esperando ansiosamente a minha definição sobre o maior sentimento da face da terra. — O amor é... é um sentimento com diferentes intensidades. Por exemplo, o amor que é sentido pelos pais, não é o mesmo por um animal de estimação. O que é sentido por um amigo, não é o mesmo por um namorado. Então eu acredito que o amor pode estar em diversas coisas, mas com intensidades diferentes. Acho que a intensidade depende do quanto de sentimento que é depositado naquela coisa, seja ela pessoa, comida, objeto ou animal. — Dei uma respirada, notando que o professor balançava a cabeça, prestando atenção. — Eu também acredito que é tudo em um só. É uma mistura de tudo que disseram. É a preocupação, o desejo, a vontade,o carinho, as ações, os risos, a inspiração, a escolha, a cura, a sensação de "inteiro" e a necessidade de ter o outro por perto. De contar a ele como foi seu dia pois sabe que vai querer saber, contar uma piada pois sabe que ele é o único que iria rir, descobrir a cada dia do que ele gosta pois se seu filme favorito for "quatro vida de um cachorro" você vai assistir só para conversar horas e horas com a outra parte. — A essa altura, minha mente se voltou a Mike, sempre se voltava a ele. — É começar a adorar verde porque essa cor te lembra absurdamente dessa pessoa. É querer ouvir a todo instante o som da sua voz, porque é como uma melodia tão gostosa que você ficaria por horas ouvindo, é odiar toque físico mas se o abraço for dessa pessoa, você passa a amar. Mas acho que acima de tudo... — E mais uma vez, Larry surgiu em minha cabeça. — O amor é a mudança de vida para que tudo possa se encaixar perfeitamente. — Respirei fundo, soltando o ar e apertando os dedos. — Platão diz que quando é achado a outra metade perdida pelo mundo, é uma grande alegria. Mas acontece que quando separadas, ambas precisam enfrentar diversas coisas sozinhas. São traumas, desafios da vida, perseguições e muitas outras coisas. E por isso, as partes precisam ser moldadas novamente para que nenhuma das feridas sangre no outro, nenhum dos espinhos espete o outro, nenhum dos traumas seja descontado no outro. E é por isso que deve haver essa mudança para que venham se encaixar. Acho que é isso que é o amor.
Talvez eu devesse aprender mais com as minhas palavras. Pensei.
— Nossa. — O professor retirou os óculos, suspirando. — Quando dei esse trabalho, nunca imaginei que vocês falariam de forma tão intensa. Meus parabéns, Mya.
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A Maior Conquista: O Amor
RomanceAtingir uma meta ou um sonho muitas das vezes é uma tarefa bem difícil. Abrir mão de lazeres e das suas próprias vontades para conquistar o tão aguardado objetivo é bem complicado. Mas para Mya essa tarefa não era muito difícil, pois sempre soube ex...