Ayla Miller
A música alta está por toda parte, e o cheiro de álcool e cigarro incomoda um pouco meu olfato. Estou aqui todo santo dia, não passo em casa antes de vir para essa boate, quero evitar todas as formas estar naquele lugar, o clima com a minha família nunca está agradável, sempre tem discussões de todos os lados, e isso me incomoda o bastante para querer fugir todo dia.
Ryan me indicou esse lugar, ele vem comigo, bebemos e fumamos por um tempo, além de conversar baboseiras, é a única forma de ocupar a minha cabeça e me sentir mais leve antes de chegar em casa e ouvir broncas da minha mãe, dizendo que sou uma garota imprudente e preguiçosa.
Eles têm a forma de esvaziar a cabeça. Como? Tirando vidas. Até parece serem ceifadores, só sabem fazer isso, cobrar as pessoas, e matar aqueles que quebram regras da família Miller. Meus pais vivem dizendo que um dia serei igual a eles... puf, que ridículo! Não quero o mesmo caminho, nunca irei tirar a vida de uma pessoa, por isso, faço as minhas regras e quebro as que foi dada para mim.
É até ridículo falar que sou rebelde em uma família onde todos são assassinos e ricos. Até meus avós — parte de pai e mãe — são assim, os antepassados também eram, e eu sou a única, de toda a geração Miller, a quebrar as regras e não viver no mesmo caminho.
Quero ter uma vida calma, ter um ótimo marido e quem sabe no futuro, alguns filhos. Essa vida de ser mafioso não é para mim, não mesmo!
E todo dia tem uma discussão em casa por causa dessa minha rebeldia, parece que todos ficam contra mim. Não vai demorar até eu ser expulsa e ter que me virar nesse mundão.
— No que está pensando?
Viro minha cabeça para o loiro com uma cara de dor, com certeza deve ser dor de cabeça.
— Em como vou lidar com meus pais quando chegar em casa — digo uma pouco alto devido à música
— Eles ainda insistem em você seguir os passos deles?
— Sim. E eu nego toda vez. — sorrio para o garoto que toma sua bebida — Mas está sendo muita pressão, não sei quanto tempo vou aguentar isso.
— Você sabe que pode dormir lá em casa toda vez que precisar.
— Eu sei, mas meus pais vão incomodar os seus, e não quero dar problema para vocês. Se eu sair de casa, eles farão de tudo para estarem no meu caminho, me impedindo de ter um emprego ou arranjar uma casa, e se eu morar com alguém, vai fazer de tudo para aquela pessoa me abandonar na rua. Sério... isso tá me matando aos poucos — desvio o olhar e encaro aquela gente toda dançando
Ryan se cala, ele sabe que não tem poder o suficiente para entrar em conflito com a família Miller. Na verdade... ninguém tem. Suspiro bem alto, já não sei o que fazer, pensar nisso me faz ter dor de cabeça.
O celular em minha mão vibra pela décima vez com uma ligação do meu pai, é melhor eu voltar, não quero seus homens na cola procurando por toda cidade de Seattle. Me levanto, deixando o celular tocar em minha mão.
— Eu vou indo, antes que meu pai manda alguém atrás de mim — faço o nosso cumprimento — Até amanhã!
— Até!
Coloco a mochila no ombro e vou na direção a porta da boate, até sair por ela. O ar fresco da cidade faz meu corpo gelar, já está tarde, e eu amo esse horário, sem ninguém na rua, nenhum carro ou um ser vivo andando por aí, apenas eu.
Caminho pela calçada de volta para casa, não vou de táxi, quero ir andando.
Um carro para ao meu lado, fecho os olhos, sei que é meu pai. A porta é aberta, e simplesmente entro, já ouvindo seus murmúrios
— Não sabe atender o celular, Ayla? — pergunta furioso — Quantas vezes eu já disse para você atender quando eu ligar?
— Meu celular estava no silencioso — olho para o homem furioso
Sua mão passa sobre a barba bem feita em seu rosto, e logo após ele bagunça seus cabelos lisos que estava em um penteado para trás. Meu celular começa a tocar, e faz barulho, pelo visto me ferrei mais ainda.
— No silencioso? — ele estreita seu olhar, furioso comigo — Até quando você vai continuar MENTINDO?!
Um tapa no vidro faz meu corpo todo tremer, e lentamente o medo consumir a minha alma. Observo a rachadura que faz no vidro, e a tensão que está dentro do carro, é por isso que evito ficar em casa, porque as coisas sai fora do controle.
Ele respira fundo, e faz barulho ao soltar o ar que segurou. Rafael passa a mão em seus cabelos, os colocando na posição que estava, para trás.
— Vamos falar sobre o motivo que te liguei — ele tenta ser calmo, mas não está conseguindo só pelo rosto vermelho e as pequenas veias em seu pescoço — Suas notas no colégio estão péssimas, e esse ano as chances de você reprovar são altas — ele fecha seus olhos e novamente respira fundo — Se você não quer seguir as regras da família ou os passos, sugiro que pelo menos tenha notas boas para poder ir pra uma faculdade descente. Seja uma aluna excelente, e pare de fazer bagunça na sala.
— E o que vai mudar eu ter notas boas?
— O SEU FUTURO, PORRA!
O celular em sua mão, simplesmente despedaça em vários.
Continua...
NOTAS DA AUTORA
Podemos ver que a família Miller é um amor 🥰
Obrigada por ler! Não se esqueçam de votar, é uma forma de me ajudar a continuar com o livro, bjs, e até agorinha! ❤️
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O Nerd
FanfictionApós alguns anos estudando no colégio Owls, Ayla percebe um garoto. Isaac Willian, o cara mais inteligente do colégio Olws, um exemplo de aluno e filho, sonho de toda mãe, educado, bonito, inteligente e focado em seu futuro. Tem uma inteligência ún...