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Ayla Miller

Encaro aqueles olhos tão perto, os lábios apenas alguns centímetros de distância, posso simplesmente o beijar rápido que ninguém irá ver, mas falta a coragem de fazer isso. Desvio o olhar, e encaro as pessoas lá embaixo, pequenas, parecem formigas andando de um lado para o outro.

Meus olhos ficam fixos em algo que eu não queria, um palhaço, me encarando com um balão azul. O rosto todo branco, com tinta preta nos olhos e boca, a pior coisa que eu já vi em toda minha vida, até parece que minha alma saiu do corpo pelo frio que está dentro de mim.

Não faz sentindo... por que ele estaria olhando fixo para mim?

- Por que... aquele palhaço está me encarando?

E o mais ridículo, é que ele segura um balão da minha cor preferida. O sorriso enorme que abre em seu rosto me faz temer qualquer coisa, porém, tudo fica escuro com uma mão em meus olhos.

Isaac vira meu corpo e tira sua mão, me dando a vista de apenas seu rosto.

- Não olha...

Concordo com a cabeça, e tento focar em seu perfume, nos beijos, em como ele me tocou aquele dia, e sua voz baixa. Tudo isso me faz esquecer rápido o que acabei de ver, e agora, estou com vontade de sentir aquilo.

O tempo acaba, e nos retiramos da roda gigante. Andamos pelo parque mais um pouco, e brincamos em algumas barracas, para depois disso, comermos de novo. Respiro fundo após passar horas aqui, foi melhor do que imaginei, e o parque já está um pouco mais vazio.

Paro de andar, mas não porque o Isaac parou, e sim, porque aquele mesmo palhaço que me encarava com um balão azul, não está muito distante da gente.

- Isaac...

- Vamos pelo outro lado. - uma mão fica sobre meu pulso, e decidimos ir por onde tem mais gente

Começamos a andar, e era óbvio que o palhaço iria nos seguir. Isaac apressa os passos, eu também, o medo está mandando correr, e não demora para isso acontecer, agora, sou eu quem estou puxando o Isaac.

O palhaço atravessa pelos pequenos corredores entre as barracas, para poder pegar um atalho, e isso não é bom. Ele está fechando a única saída, e tenho certeza que esse cara é o maldito assassino.

- Para onde vamos? - pergunto

- Por aqui.

Isaac volta a me puxar, vamos reto, passando por algumas pessoas, e nos afastando em seguida delas. Não estou entendo, Isaac está me levando para mais distante, e não podemos fazer isso! Temos que ficar com a multidão, nos misturamos nela.

- Isaac! É melhor voltarmos - puxo meu braço, me afastando dele

- O quê? Mas vamos dar de cara com ele. Me segue, sei por onde sair.

- Não.

Ele me encara sem entender, e parece procurar por palavras para dizer.

- Anda logo! Ou você quer ficar e abraçar ele?

- Se nos afastarmos das pessoas, o pior pode acontecer. Temos que voltar! - o respondo com pavor na voz

Me viro, e por reflexo por ver alguém, afasto meu corpo, tropeçando no meu próprio pé e caindo. Enquanto minha bunda dói, o balão que sobe pro céu logo estoura, e uma faca para em meus pés quando Isaac tira do palhaço.

Eu não sei como que foi, mas sei que Isaac me salvou. Escuto um rosto ser espancado, e a tinta que estava naquela pessoa, começa a sair pelos punhos do garoto furioso.

Um suspiro em meu ouvido, faz minha alma sair do corpo, e nem precisei olhar, para ver outro palhaço agachado segurando um balão azul. Pelo desespero, apenas me levanto e começo a correr, o medo está falando mais alto, não vou conseguir ter forças o suficiente para brigar com um.

Vou ter pesadelos por um semana se eu sair viva daqui.

Passo entre algumas barracas fechadas, e tento me esconder entre elas, até algo passar voando perto da minha orelha. Olho para o lado assustada, e o mesmo cara vestido de roupa preta dos pés a cabeça, segura uma arma com silenciador.

Se ele está aqui tentando me matar, então... quem são os que estão vestidos de palhaços? Olho na direção que vim, e aquele cara que me perseguia, volta correndo desesperado após ver um cara armado.

Era uma pegadinha...?

Dereck! Aquele filho da puta! Ele é o único que sabe que morro de medo de palhaços, e após aquele vexame de tomar um soco meu, decidiu apelar.

Saio dos meus pensamentos após outro tiro, e por desespero novamente, começo a correr na mesma direção em que estava indo. E para minha "sorte", dei de cara com a casa do palhaço, o único lugar para esconder.

Só pode ser brincadeira!

Os tiros me fazem entrar, e com pouca iluminação, caminho entre os corredores, com o coração na mão, e a alma lá fora, me esperando sair para poder entrar novamente em meu corpo.

Fico longe das paredes, sempre tem algum boneco vestido para assustar. Apresso meus passos, até entrar em uma sala que não queria nem morta.

O labirinto de espelhos

- Ayla!

Entro mais afundo, quando o assassino me chama.

- Não adianta fugir para sempre! Uma hora ou outra, você vai morrer!

- O que você quer? - grito, como estou no labirinto, vai ser difícil ele me achar aqui, posso descobrir algumas coisas sobre ele - Por que eu? Nunca te fiz nada!

- Não, você não fez! - sua voz está longe - Mas seus pais, sim! Eles precisam entender a dor de perder alguém importante, talvez assim, eles param com essa maldita matança.

- Meus pais nem gostam de mim, acho que não vai fazer muita diferença - novamente grito

- Não gosta? Você é a preferida deles, por isso que estou te perseguindo, é por isso, que te quero morta.

Preferida? De onde ele tirou isso?

Continua...

NOTAS DA AUTORA

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NOTAS DA AUTORA

Eita que no próximo capítulo tem revelações!

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