33 - Acidente

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Madelaine

Pelas ruas movimentadas de Boston, eu caminhava sem rumo, apenas encarando minhas botas enquanto andava pelas calçadas, respiro fundo ao sentir alguém trombar em mim e rosno um "merda" e atravesso a rua sem prestar atenção, e ouço as pessoas grita...

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Pelas ruas movimentadas de Boston, eu caminhava sem rumo, apenas encarando minhas botas enquanto andava pelas calçadas, respiro fundo ao sentir alguém trombar em mim e rosno um "merda" e atravesso a rua sem prestar atenção, e ouço as pessoas gritarem, e encaro o carro em minha direção e paraliso, ouvindo o freio queimar os pneus no chão, e sinto a pancada contra mim, que me faz cair no chão, e o susto foi tão grande, que eu nem se quer sentia dor, apenas meio tonta sentindo minhas vistas falharem e as pessoas aparecerem me ajudando, e eu não ouvia o que diziam, apenas notava seus lábios mexendo e nego.

— Menina, você está bem? — um senhor me pergunta e eu apoio as mãos no chão me sentando e concordo.

— Eu estou... estou bem — digo sentindo minha perna doer, no local da batida.

— Sorte que ele freiou, e a batida não foi pior — ouço alguém dizer e ignoro, me levantando, mas fraquejo quase caindo.

— Mad — a voz rouca dele soa e eu nem tenho a chance de olhar pra ele, já que caio sentada no chão e vejo novamente pessoas me ajudarem.

Matteo me pega no colo mandando me soltarem, também ouço pedidos de desculpa e sou colocada no carro dele, ele bate a porta e faço careta colocando a mão sobre minha barriga, que dava fisgadas bem abaixo da barriga, escoro a cabeça no banco e Matteo entra em seu carro dirigindo com pressa.

— Está machucada? — sua voz sai meio que nervosa e eu nego.

— Minha perna está doendo — digo tentando mexê-la mas desisto quando a sinto doer.

— Estou indo para o hospital.

Ele diz e eu apenas concordo, e sinto outra fisgada de cólica e me mexo no banco, notando que o Matteo me olhava preocupado a cada segundo. E quando chegamos no hospital ele me pegou no colo novamente e entrou comigo, chamando os enfermeiros, que fizeram algumas perguntas.

— Ela foi atropelada — Matteo responde quando me colocam na maca e eu coloco a mão sobre o local que dava fisgada de cólicas — e ela está grávida.

— Preencha a ficha, cuidaremos dela.

A enfermeira diz antes de empurrar a maca pelo corredor e perco Matteo de vista, mas começo a chorar ao sentir a dor em minha perna aumentar. E quando entramos naquele quarto e vejo o médico me olhar surpreso e os enfermeiros explica o que aconteceu comigo, ele se aproxima encarando minha perna avermelhada e arranhada.

— Grávida? — ele pergunta tirando minha mão de cima da minha barriga e eu concordo — Precisamos de exames com urgência — ele diz encarando os enfermeiros e me olha meio que tenso — sente dores?

— Cólicas — digo e ele assente pensativo.


Matteo Delacroix

Ando de um lado para o outro, passando a mão em minha cabeça já sem paciência, já faz uma hora e meia que ela foi com eles e ninguém me responde merda alguma aqui.

— Senhor Delacroix — a enfermeira que a acompanhou me chama — me acompanhe por favor.

Ela diz e eu a sigo, pelo longo corredor enquanto ela mexe no papel em sua mão, e quando entra no quarto eu entro atrás dela, notando Madelaine deitada na maca com uma roupa de hospital, ela me olha e desvia seu olhar, está magoada e sei disso só de olhar pra ela, vejo sua perna enfaixada e seu cabelo preso com elástico, ela pega o remédio que a enfermeira entrega e bebe com a água.

— É o marido? — o médico pergunta e eu concordo sério.

— Está bem? — me aproximo da maca e Madelaine concorda sem me olhar.

Encaro o médico e ele se senta, respirando fundo e mexe nas folhas em sua mesa e me olha, e sei que ele vai me dar uma notícia nada agradável.

— Sua esposa tem IIC — ele diz e franzo
o cenho — Incompetência istmocervical.

— O que é isso? — pergunto e ele tira os óculos, ainda me olhando e olha pra Madelaine que continua calada, com certeza ele já conversou com ela.

— Uma gravidade conhecida como incompetência istmocervical, é a dificuldade do colo do útero em suportar o peso da gravidez, dilatando antes do tempo e resultando em aborto tardio ou parto prematuro.

— E o que significa, ela não vai conseguir manter a gravidez?

— Eu perdi o bebê — a voz dela me faz olhar pra ela e vê seus olhos encarar os meus após ela dizer aquilo, me dá uma dor no peito, molho meus lábios notando ela desviar o olhar, e não consigo pensar direito.

— Como eu disse, o colo do útero não suporta bem o peso de uma gravidez, e trás grandes riscos, e a queda de hoje, feriu gravemente o colo do útero, fazendo-o se romper.

— Não era pra ser, está tudo bem — Madelaine diz e eu me sento, o médico me observa por alguns segundos, e diz que nos deixará sozinhos, e quando ele sai da sala eu passo a mão no rosto, e nego, essa merda foi por culpa das merdas que eu disse a ela.

— Me perdoa — digo e ela me encara.

— Não foi culpa sua — ela rola os olhos — não era pra acontecer, simples.

— Mad — nego e ela fecha os olhos e respira fundo, os abrindo com mais calma.

— Não estou feliz por isso acontecer, por incrível que pareça, mas também não estou triste, estar grávida, não estava nos planos, ainda mais ter um filho com você, meu melhor amigo. Seria loucura!

— Daríamos um jeito — digo e ela nega.

— Seria péssimo, nossa amizade acabaria.

— Acha mesmo que um filho acabaria com a nossa amizade?

— Tenho certeza.

Ela diz e eu nego, e ela mexe em seu cabelo e se ajeita na cama fazendo careta mexendo em sua perna e eu engulo seco, sentindo o amargo em minha boca, e não podia ser sério, ontem descobri que seria pai, hoje descubro que o "bebê" que minha melhor amiga esperava comigo, já não existe mais.

— Sua mãe está transando, da pra acreditar? Se ela não tivesse inventado aquela palhaçada com meu nome, eu até que estaria feliz por ela.

— Acha engraçado isso?

— Que foi? Ela é ranzinza e está começando a ter uma vida sexual novamente depois de ficar viúva.

— Não vamos falar disso nesse momento — nego ao me levantar e vejo ela ri fraco.

— Lamento por ele — ela diz colocando a mão sobre a barriga — mas... não era pra ser.

— Sinto muito, de verdade — digo sabendo que por dentro, ela está mal, só está mudando o foco pra não demonstrar que estava começando a gostar da ideia que teríamos um filho juntos.

REDLOVE / A cor mais quenteOnde histórias criam vida. Descubra agora