Matteo DelacroixVê minha mãe furiosa daquele jeito já me era de costume, e ela andava de um lado para o outro tentando não surtar, e eu continuava sentado na antiga poltrona do meu pai, a observando. Por mais que ela estivesse furiosa, ela não surtaria, até por que ela é uma senhora de classe, não dá vexames.
— Quantas vezes eu pedi que sossegasse com uma mulher e você me dizia que não queria isso pra você, agora me aparece com essa ideia de se casar — ela nega passando as mãos em seu rosto — logo com essa... essa menina.
— Madelaine já está em minha vida a muito tempo — dou de ombros — nos reencontramos e vimos que não dar pra negar o que sentimos.
— Conta outra Matteo, sabemos bem que você não é assim, o que ela te prometeu? Ou o que ela te disse? — ela pergunta e logo arregala os olhos e eu franzo o cenho — Oh céus!
— Ela não está grávida — digo já sabendo que esse era um dos maiores medos da minha mãe, já quis até me fazer congelar esperma e operar de vez pra não acontecer nenhuma gravidez não planejada com qualquer mulher.
— Tem certeza? Só o que faltava, engravidar essazinha — ela diz com arrogância e eu rolo os olhos.
— Ela será minha esposa, e sua nora, então acho melhor deixar as desavenças de lado — digo e ela me encara.
— Ao menos me diz que o noivado vai demorar um pouco — ela respira fundo — ao menos até você se arrepender e vê que está maluco.
— Me caso com ela na próxima semana.
Digo observando ela cair sentada na cadeira e eu coço a nuca, mamãe não diz nada, apenas me encara com a mão no peito e eu respiro fundo, indo até ela.
— Você está me castigando por causa da Beatrice, é isso?
— Não tem nada haver com aquela palhaçada — digo pensativo.
— Ela sim é uma boa noiva filho, de uma família rica e principalmente, uma moça de etiqueta.
— Sei que consegue deixar Madelaine como uma moça dessas em uma semana até meu casamento.
— Isso é impossível, seria impossível até em um ano, aquela menina não tem modos de uma garota decente.
— Mãe — a repreendo e ela se levanta com raiva.
— Não me esqueci do que vi no seu quarto quando você completou quinze anos — ela diz e eu franzo o cenho — ela estava prestes a descer sua calça, uma pervertida a vagabunda.
— Ainda se lembra daquilo? — pergunto rindo.
— Claro que sim, vi meu filho ser molestado — ela diz e eu acabo que rindo mais.
— Eu tinha quinze anos e ela tinha doze, olhando agora, não seria eu a vítima ali, não acha?
— Não pode se casar com ela — ela diz batendo o pé.
— O próximo domingo mãe, ela será sua nora, então por favor, chega disso ok?
— Não pode estar fazendo isso comigo.
— Eu te amo, tome um remédio e relaxe.
Digo ao beijar seu rosto, e saio da livraria, notando Madelaine conversar com a empregada na maior intimidade e acabo que rindo disso, e vejo ela me olhar e a empregada se retirar.
— Ao menos a empregada me recebeu de bom humor — ela diz encarando minha mãe que também sai da livraria.
— Olá Madelaine — minha mãe diz e Mad sorri provocativa.
— Continua maravilhosa, Geórgia. Quer dizer, já posso te chamar de sogrinha né?
Mad provoca e minha mãe me encara e eu sorrio de canto notando o quanto as duas se detestavam, e logo puxo Mad pra subirmos a escada, e ela sobe admirando tudo, até as cerâmicas que pisava. E isso me faz lembrar o orfanato, Madelaine sempre foi curiosa. Quando cheguei no orfanato ela já estava lá, com seus cabelos laranjas e seus olhos arregalados como sempre, ela tinha seis anos e eu estava prestes a completar nove. Bastou alguns dias no orfanato pra mim e Mad nos tornarmos inseparáveis, e as freiras sofriam com a nossa dupla, fazíamos pegadinhas com todo mundo, nos sujamos e fazíamos a madre sempre surtar. Isso até eu ser adotado, pela minha mãe. Um ano depois que cheguei, e deixar Mad foi uma das piores fazes da minha infância. Sorte a minha que meu pai sempre me levou pra visitar ela, ou a buscava, fazendo as madres permitir sempre sua saída. Mad nunca foi adotada. E por mais que ela diga que não se importava com aquilo, eu sabia que a cada família que ia ao orfanato e saia com uma criança e não com ela, a machucava. E fiquei feliz quando ela completou dezoito anos e se mandou de lá.
Quando me mudei de Estrasburgo a quase cinco anos, o contato diminuiu, e no orfanato sempre recebia cartas, e Madelaine gostava de cartas, então sempre nos comunicamos, e as vezes via redes sociais, mesmo que eram poucas vezes, já que a adolescência me mudou um pouco. Mas o importante é que nunca perdi o contato com Madelaine.
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REDLOVE / A cor mais quente
Roman d'amourMatteo não esperava que sua vida fosse mudar depois de um simples acordo com sua melhor amiga, ele sabia que Madelaine aceitaria, só não sabia que ela se apaixonaria. E Madelaine é durona demais, pra assumir que ela caiu no papo dele, que ela é mais...