REDLOVE / A cor mais quente

68 - Mudanças incomodativas

Matteo Delacroix

Hoje completa dois meses desde que Madelaine fez a cirurgia, e ela já está com quase três meses de gravidez, o que significa que está cada vez mais difícil de manter ela em repouso, ela não para quieta, e quase sempre acabamos que discutindo quando eu a lembro que ela precisa repousar, e a falta de sexo entre nós dois está cada vez mais complicado, já que eu conseguia a deixar mansa, quando acabávamos a briga numa cama. Como hoje, que ela está a dois dias sem me olhar direito, por causa da merda de uma ligação que ela ouviu. O que não era nada demais, mas pra ela, foi uma ofensa.

— Senhor Delacroix — Amanda, minha nova secretária diz entrando em meu escritório — devo pedir seu almoço?

— Sim — digo encarando o relógio, e ela apenas concorda e se retira.

Já está tarde, se eu for almoçar em casa capaz de ouvir ela reclamar por que eu demorei tanto e não comi com ela, e eu estou tão cansado que estou correndo de brigas com a Mad, a gravidez a deixou ainda mais complicada do que já era.

Duas batidas na porta, e eu solto a caneta a encarando e observo abrirem quando eu digo que pode entrar, vestido rosado e salto alto, subo o olhar e vejo Beatrice.

— Sua secretária não está na entrada — ela explica e eu concordo.

— Entre — digo e ela fecha a porta, dando passos até minha mesa.

— Quanto tempo — ela diz sorrindo e eu concordo — sei que não me esperava aqui, mas preciso de uma ajuda, da sua empresa.

— Sente-se — aponto pra cadeira e ela se sente — o que está acontecendo?

— Meus pais se divorciaram — ela diz — e metade da empresa do meu pai, é minha e da minha mãe.

— Quer vendê-las? — franzo o cenho.

— Quero — ela diz e eu concordo.

— Vai precisar da assinatura do seu pai — digo e ela assente.

— Imaginei — ela diz pegando algo na bolsa — mas meu advogado me ajudou sobre isso, como sou maior de idade e está em meu nome, as minhas podem ser vendidas sem a assinatura dele.

Ela me entrega a procuração e eu leio com calma, e a encaro.

— Tem certeza que quer vendê-las? As ações da empresa do seu pai, dão muito dinheiro — digo.

— Depois do divórcio a minha mãe e eu estamos passando por maus bocados — ela diz mexendo no cabelo — depois que meu pai assumiu o namoro com uma das funcionárias da empresa, só piorou.

— Eu vou analisar as ações, pede seu advogado pra me mandar por e-mail — digo e ela concorda.

— Obrigada Matteo — ela diz colocando sua mão sobre a minha que estava na mesa e eu a encaro.

— Não é nada — digo e ela assente sorrindo.

E antes que ela tire sua mão da minha, a porta se abre e vejo a ruiva grávida entrar com sacolas nas mãos, e seu olhar muda completamente quando ela vê Beatrice, e mesmo Beatrice tirando sua mão de cima da minha rapidamente, sei que Mad viu.

— O que essa Barbie moo faz aqui? — Mad diz entre dentes e vejo minha secretária atrás dela.

— Desculpa senhor Delacroix eu não a vi passar — Amanda diz ofegante e Mad a encara.

— Tinha ordens para não me deixar entrar?

Mad pergunta e eu me levanto, e Beatrice faz o mesmo. E Mad nega ao me encarar.

E Beatrice não diz nada, apenas se retira e sinto que a ruiva vai jogar as sacolas nela, mas não acontece, Mad apenas continua me encarando enquanto Beatrice sai do escritório e Amanda continua se desculpando fechando a porta, e eu posso finalmente olhar nos olhos furiosos da ruiva a minha frente.

— Ela só veio vender umas ações — começo e ela ri — não pensa besteira.

— Eu só vim trazer a droga do seu almoço — ela bate as sacolas sobre a mesa e ajeita seu vestidinho já indo em direção a porta e eu a impeço, indo até ela e a segurando.

— Mad, é sério — digo e ela me encara.

— Estamos mal a dois dias, você nem se quer tentou se desculpar, venho aqui tentar acabar com isso e vejo aquela vaca com você, estavam de mãos dadas Matteo — ela diz furiosa e se solta de mim.

— Ela agradeceu e tocou minha mão, foi coisa rápida — tento explicar e ela nega passando a mão no rosto.

— Pra que merda ela tocou sua mão Matteo? — ela diz no tom alto e eu passo a mão na nuca.

— Eu não sei amor — digo e ela ri.

— Eu não aguento isso — ela nega e eu a puxo devagar pelo quadril.

— Eu tentei sim me desculpar — mudo o assunto e ela franze o cenho.

— Tentou? Como hoje, não indo almoçar comigo? — ela pergunta.

— Já está tarde, quando me dei conta, sabia que se eu fosse você brigaria por me atrasar — me defendo e ela concorda rindo, ainda furiosa.

— É churrasco? — pergunto abraçando ela e ela evita me olhar, mas sinto o cheiro vindo das sacolas.

— Sim, aproveite o almoço — ela diz empurrando minhas mãos do seu corpo — e sinto muito em atrapalhar você.

— Mad — a chamo e ela me encara e nega.

— Boa tarde Matteo — é o que ela diz antes de sair do meu escritório batendo a porta.

E eu passo a mão no rosto, estressado e cansado disso. Me sento no sofá ao lado e encaro as sacolas, e passo as mãos pelo topete, indo até as sacolas as pegando, e pegando minhas chaves e celular na mesa.

Vejo Amanda na sua mesa e coloco as sacolas sobre sua mesa.

— Já almoçou? — pergunto e ela nega.

— Não senhor, ainda não deu meu horário — ela diz e eu concordo.

— Fique com o almoço — digo e ela me olha surpresa — e cancele todos meus clientes de hoje.

Ela concorda e eu saio, indo até o elevador lendo a mensagem da minha mãe que dizia que Mad não estava em casa, como se ela fosse minha prisioneira.

Entro em meu carro dirigindo de volta pra casa, pensando na ligação que fez Mad ficar furiosa, foi quando um antigo amigo da faculdade me ligou me chamando pra uma festa e eu disse que não dava, e fiz a burrada em dizer que eu estava casado e a espera de um filho, ela se ofendeu por achar que eu coloquei isso como um "problema". Ela até jogou na minha cara que queria os papéis do divórcio pra assinar.