Capítulo 4

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Uma semana se passou. Micaela trabalhava feito uma condenada. Fazia de tudo: Limpeza, lavava roupas, cozinhava, limpava quartos... Enfim, tudo. Mas por final estava tão cansada que o pânico não conseguia atingi-la. Já começara criar uma rotina, e estava feliz com isso. Feliz porque já conhecia boa parte do castelo, feliz porque não se batia mas com Joseph.

Depois do trabalho, quando ela já estava se preparando para dormir, Ian sempre a visitava. Se tornara um bom amigo. Conversava com ela um pouco, a fazia rir, até lhe dera um livro de presente. A respeitava muito. Mesmo vendo-a de camisola, pronta para dormir, nunca lhe dirigiu um olhar desrespeitador. Ela estava satisfeita com isso.

- Mas papai, eu não posso nem ir ao pátio? – insistiu.

- Não, não é seguro. Você fica dentro do castelo como sempre. – Disse paciente – Não tens para ti todas as tuas bonecas, teus brinquedos e tuas panelinhas? Ursos, e tudo mais?

- Tenho. – disse emburrada

- Tem mais alguma coisa que você deseja ter? me diga o que é e o terá de imediato. – Perguntou acariciando o rosto da filha.

- Se tiver, não hesite em me dizer, sim. Seja um pouco paciente bebê. Eu vou resolver tudo isso e poderá sair. – Prometeu e a menina assentiu.

Micaela estava trabalhando quando Nina apareceu aparentemente para sacanear. Lhe ordenou que levasse uma tapeçaria enorme até a lavandeira, batesse o pó e a escovasse. Micaela cambaleou pelos corredores e obedeceu limpando tudo, e voltando para pôr no lugar.

- Esse trambolho. – Murmurou cambaleando pelo corredor com uma tapeçaria enorme nos braços.

- Terminou? – perguntou Nina ao se bater com ela.

- Sim senhora. – Disse quieta.

- Deixe-me ver. – Micaela teve vontade de soltar a louca, e lembrar o quanto aquilo era pesado. Nina olhou ponta a ponta da tapeçaria e largou – Isso está imundo.

- Perdão?

- Leve de volta e torne a limpá-la. Agora! – Ordenou. Micaela assentiu e deu as costas para voltar a lavanderia.

No meio do caminho se bateu com algo estranho. Uma menina. Estava em uma cadeira de rodas.

- Oi. – disse sorrindo. Suri sorriu também

- Oi. – Micaela ia apertar a mão da menina, mas se desiquilibrou com o peso da tapeçaria.

- Desculpe. – disse desistindo. – Tudo bem com você?

E Suri falou. Desabafou. Disse que estava triste, pois não havia quem ficasse com ela. Micaela querendo ajudar a menina chamou-a para ajudar com a tapeçaria, assim poderia conversar mais. Suri encantada, ofereceu seu colo para colocar a tapeçaria, assim Micaela empurrava a cadeira. Pena Suri não ter dito de quem era filha. Pena maior ainda Micaela ter tirado a menina do castelo sem permissão.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora