Capítulo 24

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- Ei, com licença. Você viu Mica... sangue de cristo. – disse Ian quando Micaela se virou.

- Creio que eu tenha visto. – disse vendo a cara de choque dele. Será possível que os boatos não chegaram a Ian.

- Que diabos aconteceu com você? – perguntou olhando-a de cima a baixo – Seus cabelos... você o cortou? Por quê?

- Coloquei para lavar. – disse debochada – Você sumiu. – comentou dando pela falta dele.

- Fui mandado com o grupo para alinhar as amaduras, daí passei um tempo fora. Mas escute, eu tenho algo para ti. – ele buscou no bolso da calça, Micaela esperou confusa. Ele tirou um envelope amassado. – Já está comigo há duas semanas, mas não havia encontrado.

- O que é isso? – perguntou apanhando o envelope amassado.

- É de tua mãe para ti. – disse e Micaela arregalou os olhos.

- Mas... como você... como conseguiu? Meu deus – disse me choque.

- Chad. – disse em justificativa. Um sorriso lindo se estampou no rosto dela. Um sorriso puro e contagiante.

- Ian, obrigada. – disse e pulou no pescoço dele, abraçando-o.

Foi exatamente nesse momento que Joseph a viu. Ela com um sorriso dele no rosto, e em seguida se lançando no pescoço de outro. Ele sentiu raiva. Uma raiva violenta. Quem era aquele homem? Piorou quando Micaela encheu-o o rosto dele de beijinhos. Ela realmente estava feliz...

- Ele ainda disse que com cautela, poderá me mandar uma resposta tua para ela. Parece que Hades está viajando, então as coisas estão um pouco calmas por lá. Foi o que Claire me disse.

- Você a encontrou? – perguntou e Ian assentiu, satisfeito. – Garanhão. – brincou, e ele revirou os olhos.

- Ande, vá. Preciso voltar ao trabalho. Se der, passo em teu quarto antes de dormir, para conversarmos. Tenha cuidado com essa carta Micaela. – alertou sério, e ela assentiu.

Micaela saiu dali quase saltitando. Ian caminhou tranquilamente, até que se bateu com Joseph em pessoa. Parado com uma expressão dura.

- É sua namorada? – questionou com a sobrancelha erguida, enquanto o outro se curvava em reverência Ian franziu o cenho.

- Quem? Micaela? – Joseph esperou. – Não senhor, é uma amiga.

- Amiga. – mediu, encarando o outro. A cena era realmente cômica. – Tudo bem, pode ir.

- Com licença. – Ian disse saindo dali.

Joseph bateu em retirada atrás de Micaela. A encontrou nos fundos da lavanderia, sentada no chão, com as pernas dobradas, os braços amparados nos joelhos e segurando o rosto. Havia um papel em suas mãos. E ela estava... chorando?

- Micaela? – perguntou, sua raiva estava esquecida. Ela estava feliz a poucos minutos, por que agora chorava? Micaela se sobressaltou ao vê-lo ali, levantando os olhos azuis desarmados até ele.

- Você se machucou? – perguntou preocupado. Micaela negou com a cabeça, se levantando e secando o rosto. Os olhos continuavam úmidos.

- Não foi nada. – respondeu rouca.

- Que papel é esse? – pediu confuso, estendendo a mão.

- Não é nada, senhor. – Joseph revirou os olhos.

- Me deixe ver. – pediu, avançando.

- Não! – disse recuando. Joseph realmente não estava entendendo. – Joseph por favor, não. – pediu com a careta nas costas. Ele hesitou. Pelo menos ela o chamara pelo nome. Ele assentiu recuando em sinal de paz.

- Me digas o que foi. – pediu sem atacá-la. Micaela dobrou a carta e guardou no decote. Ele observou o ato.

- Era uma carta.... da minha mãe. – ela não mentiria para ele, ainda assim. – Eu... eu pedi para ir embora, para voltar pra casa.

- Por que fez isso? – perguntou exaltado. Micaela ergueu a sobrancelha, olhando-o. – Aliás, por que achou que eu permitiria?algo sobre ter Micaela longe de seu domínio o atormentava.

- Não te preocupes, ela não me quer de volta em casa. – Joseph respirou fundo, virando o rosto por um momento para se acalmar.

- Por isso choravas. – disse, agora que o susto passará penalizado. Não gostava de vê-la sofrer.

- Eu disse que era bobagem. – disse olhando o chão. – Eu... eu preciso voltar a trabalhar. Suri está sozinha. – disse caminhando.

- Espere. – disse, puxando-a pelo braço.

Mas ele não a beijou, nem tentou nado do tipo. Apenas a abraçou. Um abraço que dava força, o mesmo abraço que deu a ela, quando ela chorava pela morte do pai. Micaela iria repeli-lo mas não aguentou. Chorou. Se abraçou a ele, e chorou.

- Shh... – disse alisando os cabelos dela, enquanto outro braço a mantinha firme em seu braço. – Vai passar. – prometeu meio que a ninando. Sentiu o ombro de sua camisa se molhar com as lagrimas dela.

- Porque você fez isso comigo. – questionou com a voz tremula tomada pelo choro e pelos soluços que vinham. – Deus, eu confiava em você!

- Me perdoe. – pediu com os olhos fechados, o nariz nos cabelos dela, aspirando o perfume que continuava o mesmo.

- Eu não consigo. Eu não confio mais em você. Eu não posso. – disse aproveitando os últimos segundos que restavam em seus braços.

- Você sabe que eu jamais quis seu mal. Eu me precipitei. Eu não soube como agir.

- Já basta. – disse e ele a sentiu se afastar dele. O rosto dela estava molhado de novo. – Queres meu bem? – Joseph esperou. – Me deixe viver em paz, então, esqueça tudo. - pediu, e antes que ele pudesse responder ela havia saído a passos rápidos, secando o rosto. Os braços dele sentiram falta do corpo dela, mas ele não a seguiu

A cabeça de Joseph só conseguia manter uma pergunta. Não importava agora o passado, ou Hades ou a guerra. Apenas uma pergunta: Como reverteria aquilo?

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora