Capítulo 11

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Os dois saíram juntos. Era estranho ver o castelo vazio daquele jeito. Joseph a levou pelos fundos do castelo, e os dois se embrenhando no mato por um tempo. Ele levava a cesta e Micaela segurava o vestido para poder andar.

- Aonde estamos indo? – perguntou logo atrás dele.

- Não consegue ouvir? – perguntou se virando para olhá-la. Micaela parou um instante aguçando o ouvido, era água escorrendo.

- O rio? – perguntou e ele sorriu assentindo.

- Cuidado com as pedras. – disse e a apanhou com um braço, erguendo-a do chão. Micaela dobrou as pernas e ele a passou pelas pedras, pondo-a no chão novamente.

Os dois chegaram até o rio em poucos minutos. Havia uma parte onde era raso, dava para ver as pedras, mas ao centro era fundo e havia correnteza. O dia estava frio. Joseph os levou até uma parte seca, debaixo de uma árvore. Os dois se sentaram ali e nem comeram, largando a cesta de lado. Apenas conversaram. Joseph fez perguntas sobre o passado dela e ela respondeu exclusivamente com a verdade, ocultando apenas o fato de onde passara o resto da vida. Depois foi a vez dele falar. A conversa fluía levemente, ambos riam, era normal.

- Na época da peste todos ficaram muitos apreensivos, eu deveria ter 11 anos. Meus pais me trancaram em um quarto fechado, e ninguém me visitava. – disse franzido o cenho – A início eu achei que tinha feito algo errado, mas era para evitar que alguém me tocasse e passasse a doença. Um pouco radical, é verdade. – disse dando os ombros. Micaela riu e ele não aguentou e acabou rindo também. – Mas depois ficou tudo certo

- Eu não me lembro dessa época, era pequena ainda. – disse pensativa. Descobriria que era 4 anos mais nova que Joseph. – Mas me lembro que minha mãe vendia doces e bolos... e ela sempre me deixava ficar com as panelas, os tachos e as colheres. – disse e Joseph sorriu. – Não ria, era uma delícia. Pena que dava dor de barriga depois.

- Eu não tive essas experiências que as crianças normais têm. Tipo brincar na terra, ou lamber panelas. – disse sutilmente, e ela sorriu. – Era tudo dentro dos conformes, eu nasci dentro do castelo e cresci aqui. Precisava servir de exemplo. Sempre foi uma porcaria. – Micaela riu e ele assentiu – Não quer me dizer nem onde moras? Eu posso ajudar tua família. – o sorriso de Micaela morreu. – Não não fique triste. – se antecipou, tocando-lhe o rosto. – Eu só pensei que seria de ajuda com os funerais, e eles saberem onde tu estás e que estás bem.

Micaela não disse nada, pensativa. Na verdade sabiam. Seu pai morrerá porque, orgulhoso que sempre foi, passara na cara de Hades que Micaela estava no castelo de Joseph, sob os domínios dele: ou seja, no único lugar onde Hades não poderia ir buscá-la. Joseph se antecipou sentando-se mais perto dela apanhando seu rosto entre as mãos.

- Esqueça, não vamos tocar nesse assunto. - propôs os olhos verdes preocupados – Se te entristece já não me interessa.

Micaela observou por um instante, erguendo a mão para levá-la até o rosto dele. Queria poder tanto desabafar! Mas sabia qual seria seu destino se ele soubesse a verdade. Doía saber que seria pelas próprias mãos dele. Então se calou.

Ele se aproximou para beijá-la, mas ela se levantou. Ele a olhou confuso e viu ela puxando as amarras do vestido.

- O que está fazendo? – pergunto confuso.

- Vamos tomar banho. – disse sorrindo, puxando as cordas do espartilho que foi se afrouxando.

- O que? Está frio! – protestou aprontando para o rio. Micaela riu debochando dele, e uma vez que o vestido a afrouxou, o retirou de seu corpo. Ficando apenas com a roupa debaixo.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora