Capítulo 56

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A recuperação de Micaela foi muito mais demorada e sofrida do que Joseph gostaria. O médico realmente achou ossos quebrados no corpo dela. Agora ela tinha o pulso engessado, e grandes tiras de ataduras em volta das costas, comprimindo-as no lugar. Mal conseguia respirar.

Os roxos foram se tornando azulados, que se tornaram amarelos, até que sumiram aos poucos. Mais de um mês se passou. Suri agora tinha um caderninho onde marcava os dias, até o prazo final do pai. Joseph revirou os olhos para isso. A menina, infelizmente herdará a tenacidade dele. Micaela já não sentia mais tanto sono, mas não havia muito o que fazer. Então ficava na cama. Joseph não saia do lado, deixará até a guerra de lado.

- Engraçado. - disse, certa vez. Joseph notou que ela respirava superficialmente pela boca e desejou ter encontrado outro jeito de curá-la do que com as ataduras.

- O que é engraçado? – perguntou olhando-a.

- Você sabe toda a minha verdade, toda ela. – começou, mas parou para respirar.

- Isso é engraçado? – perguntou observando-a com um breve sorriso.

- Engraçado porque eu não estou morta. – o sorriso dele se fechou.

- Não tem graça.

- Na verdade, eu tinha certeza de que ia morrer. Assim que soubesse, nos últimos dias depois de ter lhe dito não, eu considerei se viver valia a pena sob aquelas circunstâncias. – ela parou para respirar novamente – Muitas vezes o tive em meus braços com medo da sua reação quando soubesse da verdade, e aquela fosse a última vez. – ela parou para tomar um gole de ar – E no final, eu nem morri.

- Não morreu, e nem morrerá. Pare de repetir isso, logo se livrará do gesso e tudo irá ficar bem. – disse, ela sorriu olhando-o.

- Na verdade, eu devia ter morrido. – continuou.

- Pelo amor de deus, você está com febre? – perguntou levando a mão a testa dela, que riu. – Se não parar de repetir isso, vou lhe amordaçar. – ela riu ainda mais, parando para respirar. Ele sorriu, se sentando de novo.

- Eu teria me casado com você. – observou.

- Mentido? – perguntou pensando. Micaela assentiu, ele riu. – Então teríamos uma grande confusão quando descobrissem.

- Hades não permitiria. – disse e já não sorria.

- O que há com ele? – perguntou observando a expressão dela.

- Ele não permitiria que eu fosse feliz. – disse com o semblante triste – Encontraria um modo de arruinar tudo. Ele não vai permitir que eu viva em paz, enquanto ele ainda viver.

- Então ele vai morrer. – resumiu, beijando a cabeça dela que sorriu.

- Ele matou meu pai, Joseph. – Joseph se lembrou do dia da morte do pai dela – Minha mãe ainda está, a qualquer hora por puro capricho resolverá de matá-la. Não irei suportar se isso acontecer.

- Não vai acontecer. – tranquilizou ela, mas não adiantou.

- Como pode saber?

- Porque a mantendo viva ele nutre a esperança de que você volte para buscá-la. Ele espera por isso. – Micaela observou esse ponto – Algo que notoriamente também não vai acontecer. – disse olhando para ela, que sorriu.

Ambos ficaram em silencio por minutos.

- Micaela. – ela levantou o olhar para ele – O que disse sobre Suri, sobre a flor... a flor que incapacitou Suri, aquilo pode curá-la?

- Acredito nisso com a minha vida. – respondeu e ele assentiu.

- É só disso que eu preciso saber. – respirou fundo. O problema seria apenas passar na fronteira do castelo de Hades

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- O problema não vai ser entrar lá, problema vai ser sair. – dias haviam se passado, Micaela dormia. Joseph olhava ela dormir como sempre. Os reis discutiam como buscar a flor.

- Não sei por que vocês veem isso como um problema, é surpreendentemente simples. – Nicolas pareciam estar entediado.

- Nem todos nós temos o dom de nos esconder na escuridão. – Vanessa riu.

- Nem todos nós precisamos ir. – Ofereceu satisfeita.

- Nem pense nisso. – cortou e Vanessa suspirou, cruzando os braços – Voltamos à estaca zero.

- Eu vou. – disse, e Joseph a olhou. Ele ergueu a sobrancelha e levou as mãos fechando os olhos dela.

- Volte a dormir. – ordenou e Vanessa riu.

- Me escute, Joseph. – todos esperavam e Joseph de mal gosto, tirou a mão – Inventem uma mentira, como se...

- Não.

- Como se eu tivesse ido para enviar um recado. – tentou – Qualquer coisa.

- Não.

- Eu apenas preciso de uma noite, e logo estarei de volta. – completou. Os outros avaliaram, mas...

- Não é não.

- Não seja teimoso. – pediu.

- Você nem consegue andar. – cortou.

- Conseguirei dentro de pouco. – rebateu.

- Já disse: Não! – exclamou, exasperado.

- Olha essa briga de galinha aqui para não quebrar meus ovos. – interrompeu a discussão e Vanessa ria gostosamente.

- Eu adoro esse castelo! – disse divertida, e Zach sorriu ao som da voz dela.

- Ela teria uma justificativa, é um fato. – Robert observou.

- Não irei entregá-la nas mãos dele. – disse ultrajado.

- Quem disse em entregá-la, ela irá voltar. – propôs.

- Não. – disse entediado. Micaela rosnou – Quieta – ela fechou a cara para ele.

- Vocês podem me deixar ir. Eu vou e volto ainda hoje. – Vanessa se ofereceu, sorridente.

- Vanessa, eu já disse não. – cortou, sem se virar para olha-la.

- Já fiz isso antes. – lembrou. Zach virou o rosto, e o olhar dele a fez se calar, mesmo contragosto.

- Quem vota por mim?

- Como é a história? – perguntou

- 4 votos.

- Eu simplesmente não vou deixar. – disse sorrindo debochado.

- E eu simplesmente irei fugir – rebateu e Nicolas gargalhou – Já o fiz uma vez, e com sucesso.

- Eu a amo. – Nicolas disse rindo. Joseph ainda encarava Micaela, sem palavras.

- Está decidido, ela irá. Porém senhoras e senhores em nome de deus não digam isso a ninguém. Se o espião souber, Hades saberá e então não podemos garantir a volta dela. – pediu obvio, e todos assistiram.

Joseph ainda reclamaria, e muito, mas no final perderia para a maioria: Micaela iria, era o único modo.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora