Capítulo 98

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- Agora. – disse fechando a garrafinha. Ela segurava um lenço nos pulsos. O corte fundo já havia cicatrizado. Os dois concordaram que a mistura seria mais eficiente, mais forte que apenas um dos dois. – Sabe o que fazer. Metade para cada um, a menina primeiro. Seja rápida.

- Tire-o de lá. – disse a ele.

Joseph cuidava de Micaela adormecida. Os bebês ficaram em berços no quarto deles. Acariciava os cabelos dela, terno. Quando houve batidinhas na porta. Robert entrou, tinha um sorriso no rosto.

- Todos estão lá embaixo comemorando, venha.

- Não vou deixá-la, sozinha.

- Ela não vai nem notar. Não irá acordar tão cedo. Vamos!

- Eu já volto – sussurrou, beijando a testa dela – Apenas um copo. - impôs e Robert assentiu.

Assim que saíram. Vanessa já estava no quarto. Caminhou até Micaela, mas ela dormia profundamente. Se virou para o berço, preocupada. Não possuía nenhuma experiência com bebês. Ela apanhou a menina sutilmente nos braços. Apanhou a garrafinha, retirando a tampa e levou até os lábios da menina, incerta. A menina franziu o cenho, caindo no choro. Ela arregalou os olhos.

- Shhh, shhh, neném bonitinho, shhh – disse tensa. Chorar só piorava a condição dela. – É mentira... – a bebê parou de chorar quando a garrafa pairou perto de seu rosto – É isso? – levou a garrafa com mais cuidado até a boca da menina, que aceitou e começou a beber com força. – Fome, podia ser mais óbvia, Vanessa? Isso beba. - disse satisfeita.

A menina se encheu na metade da garrafa. O coração já não batia mais fraco, descompensado. Era forte. Limpou o canto dos lábios dela a mancha vermelha que ficou. Deixou-a no berço e apanhou o menino. Foi mais fácil dessa vez. No fim a garrafinha ficou vazia, e os bebês na cama. Ela saiu, pressentindo a volta de Joseph. Robert a alcançou no corredor.

- O que foi aquilo? – rosnou.

- A menina se assustou. Nada de mais. – disse entregando a garrafinha.

- Tem noção do quanto foi difícil convencer Joseph que não tinha ouvido choro nenhum?

- Robert, eu fiz. Eles beberam. Não irão morrer, o sangue estará fora do organismo antes mesmo do anoitecer de amanhã. Eles cresceram e serão lindas criancinhas humanas saudáveis e fortes. Agora eu vou dormir. – disse com um sorriso ameaçador. Robert riu, e Vanessa deu as costas, sumindo dali.

Joseph retornou ao quarto e velou o sono de Micaela, até que o dia amanheceu. Despertou sobressaltado, mas Micaela lhe acariciava o rosto.

- Perdão.

- Dormiu de sapatos. Quantas vezes vou ter que ralhar contigo? – perguntou carinhosa.

- Me distrai. Eu a acordei? – ela negou. Ele lhe beijou a testa. Um chorinho os alcançou – Parece que acordei alguém. – disse sorrindo. Ele se levantou, apanhando os filhos nos braços. Os acomodou na cama. – Charlotte. – disse tocando o rosto da menina. – George. – disse beijando a mãozinha do filho.

- George e Charlotte Plotnikova – ela o corrigiu, fazendo-o rir. Charlotte balançou a mãozinha em punho fechado. – Acho que ela tem fome. - observou

Micaela tomou o impulso para se sentar, e Joseph a ajudou. Ele entregou Charlotte, que se pôs a mamar assim que a mãe ofereceu seu seio. Micaela fez uma careta, sorrindo. A sensação era estranha, mas gostosa. Era bom sentir aquele vínculo, era mãe. Joseph apanhou George, e o menino pouco incomodado com a situação se aconchegou ao calor do pai. Nada mais podia estragar aquele momento.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora