Capítulo 73

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Joseph acordou no cair da noite. Avisou que não desceria para jantar, e ela entendeu. Chovia furiosamente lá fora. Após se aprontar para dormir, Micaela ficou perto da janela, olhando a chuva cair. Quase não se via nada lá fora, o cheiro era gostoso e o barulho era reconfortante. Ela caminhou até a porta, abrindo-a de leve. Não havia ninguém lá fora. O que não mudava o fato de Nicolas sempre aparecer do nada, no meio do escuro. Ela fechou a porta com cuidado e saiu na ponta dos pés. Na curva do corredor, não havia ninguém. Então ela correu.

Correu como se sua vida dependesse disso. Joseph estava em seu quarto. Tinha tomado banho, se preparava para dormir, ele abriu a gaveta e procurando uma pasta terminou derrubando-a no chão.

- Que maravilha. – murmurou consigo mesmo, se abaixando. Estava catando os papeis quando a porta se abriu e fechou em seguida. Ele virou o rosto para ver a imagem dela parada, encostada na porta ofegando. Estava de camisola, cabelos soltos e descalça.

- Consegui. – murmurou para si mesma, passando a mão para trancar a porta. Ela se virou, dando de costas a porta, observando seu olhar confuso.

- O que houve? – perguntou alerta.

- Eu fugi. – disse satisfeita. Joseph teve que rir.

- Fugiu? – repetiu se levantando.

- Sim, fugi correndo. – admitiu, a expressão do rosto dela o fez rir mais ainda. Ela observou por um instante, então ele a viu abrindo a porta novamente.

- Eu não mereço. – disse para si, abrindo a porta. Quando tomou impulso para sair, a mão dele a puxou de volta, fechando a porta. Ela sorriu ao sentir a boca dele em seu ombro, os beijos quentes sobre o pescoço. Ele trancou a porta e tirou a chave, largando-a no chão.

- Não conhecia esse teu lado caprichoso. – murmurou, virando-a para si, e viu o sorriso travesso dela.

- É novo. – provocou e ele sorriu tomando a boca dela em seguida.

Uma coisa era certa, ela não voltaria para o quarto aquela noite.

- O que há? – perguntou vendo o semblante dela.

- Vão vir me buscar. – disse frustrada. – Assim que derem minha falta. – Joseph olhou para a porta, a tranca não impediria de Nicolas armar um pandemônio aos risos ainda.

- Temos que sair daqui.

- Para onde? – perguntou e ele se afastou dela, tentando manter o foco – Pare de me tratar como se eu fosse outra pessoa. – ralhou.

- Como é? – achou graça no biquinho dela.

- Pare de pensar em mim como uma rainha, como alguém da realeza. – insistiu.

- Mas você é alguém da realeza. – brincou, apanhando o queixo dela com a mão, selando os lábios.

- Eu sou tua mulher. Não me trate cheio de não me toques, não vou aceitar. – joseph riu, e ela se jogou na cama de braços abertos – Ótimo, continue rindo. Não vai demorar e Nicolas estará do outro lado da porta. – mas ele so conseguia observa-la. – O que foi?

- Tem uma mulher linda se espreitando na minha cama. É indecente de tão tentador. – ela sorriu.

- Se não sairmos daqui, irão me levar embora. – lembrou.

- Sei de um lugar, mas vamos nos molhar. – entrou no closet pegando duas capas, Micaela sorriu.

Ele vestiu a capa dela, puxando seu capuz, em seguida dando a mão e indo sentido a porta. Os dois avançaram rapidamente pelo corredor da torre, descendo as escadas em silencio. Após observarem o corredor, saíram em disparada. A chuva do lado de fora era forte, eles correram até que ele ouviu o riso dela, o que o fez parar.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora