Capítulo 102

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Micaela entrou no castelo correndo. Fazia pouco caso de Joseph que ria dela.  O caso era que eles haviam se atrasado, e ela sabia que essa altura o filho estaria fazendo um escândalo. Ela dispensou a criada e apanhou o filho no colo. Charlotte estava irritada, com fome, mas George ficava birrento. Ele passou para o banho enquanto ela alimentava os bebês.

- Vai descer? – perguntou fechando a camisa. Tinha o cabelo molhado.

- Não, estou cansada. Ainda irei amamentar Charlotte, e preciso de um banho. Se importa se eu jantar aqui em cima hoje?

- Claro que não. Mando trazerem aqui. – ele beijou sua testa – Sabe que só irei, pois iram questionar minha ausência.

- Então sugiro que vá antes de Nicolas aparecer na porta. – Joseph fez uma careta e ela sorriu. Ele a beijou novamente e saiu.

Micaela olhou o filho, O menino adormeceu. Se levantou, colocando-o no berço e apanhou Charlotte. A menina se pôs a mamar satisfeita, com os olhinhos vagando. A verdade era que Micaela queria ficar sozinha. Estava triste. Era a única coisa que tinha para ajudar Suri, e falhou. No fundo ela sempre soube que perderia. Agora não fazia sentido recomeçar. Charlotte dormir mais rápido que o irmão, então Micaela foi para o banho. As marcas em seu corpo eram como um lembrete de como foi fraca. Ela se vestiu e quando voltou para o quarto, o jantar havia sido entregue. Faminta, ela jantou e largou a bandeja sobre a mesinha. Apagou as velas do quarto deixando apenas a lareira acesa, e foi para debaixo dos cobertores. Se sentia triste. Não por ter transado com Joseph, ela era mulher dele, isso era seu direito e dever, mas por não poder ajudar Suri. Estava com um misto de sono e tristeza quando ele entrou no quarto. Joseph não disse nada ao ver as luzes apagadas. Se aprontou para dormir, entrando debaixo das cobertas.

- Ei. – disse baixinho, se virando para ela. Micaela o olhou. Ele tocou em seu rosto, acariciando carinhosamente – Porque está tão triste, meu anjo? – ela sorriu de canto.

- Não é nada. – disse, beijando a mão dele. Joseph a observou, acariciando o rosto dela, ternamente. Ela não disse nada, apenas manteve o olhar com o dele. Deus, o amava tanto!

Então ele abaixou os olhos, e ela sentiu a mão dele abrindo a sua, em seguida depositando a chave em sua mão.

- Está fazendo isso porque venceu? – perguntou, observando.

- Não. – disse, colocando o cabelo dela atrás da orelha. – Estou fazendo isso porque nada que eu faça e te entristeça tanto pode ser certo. – ele tocou o nariz dela. Micaela abriu o sorriso mais lindo, e ele sorriu – Bem melhor assim.

- Obrigada, obrigada, obrigada. – disse, pulando no colo dele, enchendo-o de beijos. Joseph riu da espontaneidade dela – Eu vou conversar com ela, ela não fará isso de novo, eu prometo. – disse, lotando o rosto dele de beijos.

- Eu... – interrompido por selinhos. Ele riu de novo – Eu sei, mas posso pedir uma coisa?

- O que quiser.

- Deixe para ir falar com ela amanhã, quando amanhecer. – disse apanhando a chave da mão de Micaela. Ela o viu colocar a chave na mesinha ao lado da cama – Eu tenho saudades demais para ser capaz de deixar você sair daqui agora. – disse, cheirando o ombro dela. Micaela sorriu.

- Tudo bem. Sei de algo que ajudar matar o tempo e a saudade. - sussurrou mordendo o pescoço dele.

- O que? – perguntou. Mas Micaela não disse. Ela mostrou. Tomando seus lábios em um beijo. Joseph retribuiu se movendo para cima dela.

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- Uma flor para seus pensamentos. – Nicolas disse alcançando Vanessa no corredor. Ela sorriu.

- O jardim é cheio delas, se eu quiser uma, é só buscar. – disse divertida.

- O que há?

- Estou entediada. Cada um tem o que fazer, e Zach está preso a guerra, quer lançar uma ofensiva o mais cedo possível... enfim.

- Chega ser um pecado. – disse se virando de frente para ela, bloqueando-a no corredor. Vanessa ergueu a sobrancelha – Deixar de lado uma mulher tão bonita como você, seja qual for a razão. – ele ergueu a mão, tocando o maxilar dela. Estava fria como sempre.

- Nicolas... tem noção que perderia a mão se Zach visse isso? – questiona se aproximando dele. Ela faz a menção de passar por ele, mas parou ao seu lado, virando o rosto de modo que seu hálito esteja perto do rosto dele. Nicolas manteve seu olhar de frente para ela, sorrindo de canto. – Ou o que faria se soubesse o modo de como anda me assediando ultimamente?

- O que acha que ele faria, sabendo que você tem correspondido? – perguntou, dando corda.

- Teria coragem, Nicolas? – questiona, intrigada. – Você é casado.

- E minha esposa confia em você como amiga. Não me desafie, Vanessa. Amo Samantha, mas não sou conhecido por ter limites.

Ele apanhou o braço dela, que foi arremessada contra a parede. E então ele a beijou. E o pior, ela correspondeu. Não era Zach, não tinha seu calor, seu cheiro, seu gosto. Mas não era ruim. Os lábios de Vanessa estavam frios, como se tivesse com gelo na boca por muito tempo. Ele gostou disso. Suspirou, se afundando no beijo dela, as mãos subindo pelas costas, moldando seu corpo. Ela enlaçou os dedos pelos cabelos macios dele, sentindo o corpo rígido, pressionando-a. O perfume de Nicolas a instigava, fazia ela querer mais. Ele apanhou o maxilar dela, prendendo o rosto, mordendo seu lábio, antes de voltar a devorar sua boca. Aquilo durou minutos...

- Viu Nicolas? – a voz de Joseph veio de longe. Os dois se separaram, ainda juntos, ofegantes, se encarando.

- Vi naquela direção, senhor.

- Eu vou subir, vou ver os bebês. – Micaela avisou, a voz longe também.

- Guarde como uma recordação – sussurrou nos lábios dele, que sorriu – Me solte. – Nicolas soltou as mãos, e ela saiu dali. Ele riu passando as mãos no cabelo, limpando os lábios em seguida.

- Recordação... sei. – disse para si mesmo - ESTOU AQUI, JOSEPH!

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora