Capítulo 110

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Vanessa sumiu como um borrão no ar, mas no segundo que ia direto no pescoço de Hades, ele desviou. Ela se virou para ele, com o cenho franzido.

- Não pode ser. Você não pode estar aqui, não foi convidado a entrar.

- Eu não sou uma anormalidade, eu sou normal. Apenas tenho bons reflexos. Os únicos demônios que vivem aqui são você e seu amigo, Robert.

- Como sabe tanto?

- Você matou minha mãe, Vanessa Nefas. É claro que eu ia querer saber quem eu teria de enfrentar. Eu iria procurar por você, assim que terminasse com a aberração que está tossindo debaixo da cama.

- O que faria de você um homem morto.

- Mas falando em aberração... isso é você. É o que você é. O que você faz, na floresta com Robert. Ah, eu vi. Tive ânsias.

- Pior é gente que entra no quarto de crianças inocentes e indefesas, atacando para compensar o fato de que é um completo fracassado. Há de fato beleza no que sou, pessoas se ajoelham na minha presença... já você? Sabe o que sou, sabe o que vou fazer com você, e ainda sim está parado na minha frente.

- Não tenho medo de você. – disse ele sorrindo. O sorriso dela era ainda maior.

- Não sabe o que já vi, não sabe o que já fiz, e muito menos o que sou capaz de fazer. Mas eu vou te ensinar uma coisa sobre ter medo.

E ela partiu para cima dele. Suri que via debaixo da cama, viu o vestido de Vanessa sumir do chão, e o par de botas sumir logo depois. Em seguida, baques e barulhos de pano se rasgando. Os dois eram como borrões, rodopiando pelo quarto, batendo sobre as coisas, quebrando-as, e então a mão do homem apanhou o bracinho dela, puxando-a com força para fora da cama.

- Tire as mãos dela. – Vanessa grunhiu. – AGORA!

- Como quiser, majestade. – ele a soltou, jogando-a com força no chão. A testa da menina bateu com força, e ela gritou soluçando em seu choro. Vanessa pulou em cima dele novamente.

Ela era forte, rápida. Conseguiu apanhá-lo pela gola da camisa, erguendo-o do e lançando-o no chão. O barulho foi alto. As mãos buscaram o pescoço dele, mas ele a puxou, jogando-a no chão, chutando-a. Ela rapidamente se virou e partiu para cima dele, e cravou os dentes em seu pescoço. Hades gritou, tentando empurrá-la. Caiu de joelhos. Vanessa virou o rosto, cuspindo o sangue dele, não engoliu nenhuma gota. Mas um cheiro de sangue fresco, limpo chamou sua atenção. Vanessa ergue o rosto e viu Suri caída, a testa lavada de sangue.

Hades se rastejou para longe de Vanessa, segurando seu pescoço, aproveitando sua distração com a menina. Vanessa preocupada com a menina, limpou sua testa com cuidado.

- Ei, consegue me ver?

- Minha cabeça dói.

- Eu sei, respire fundo e não deixe que o sono a leve.

Só que ao deixar Hades fugir, ela percebeu que não havia o ferido o suficiente para imobilizá-lo. E tinha vários outros alvos ainda dentro do castelo.

Micaela rodava de um lado para o outro, podia ouvir os gritos, as flechas, o barulho do metal, as bombas, os cavalos, o cheiro de algo queimado. Ela estava inquieta. Não se aproximava da janela, olhava de vez em quando em busca de Joseph. Mas a cena de pessoas matando a fazia querer desmaiar.

- Por que diabos essa porta está aberta?

Micaela precisou de um segundo para entender. Vanessa estava toda rasgada, havia arranhões em seus braços, mas sua boca, seu queixo, o pescoço e o colo lavados em sangue.

- Não é meu... Hades mandou lembranças.

- Hades? Você o viu? Ele... Suri! – exclamou vendo-a nos braços de Vanessa. A testa cheia de sangue – É dela?

- Pare de gritar, não diga tolices. Não gosto de crianças, devem ter um gosto horroroso. – caminhou ate a cama de Micaela, deixando a menina lá. – Hades tentou enforcá-la, não sei de quem foi a ideia estupida de manter todos separados, mas sei que não foi de Zach, então estou resolvendo.

- Suri, está bem?

- Melhor que nós duas, agora ela está dormindo.

Vanessa trocou o vestido, por um vestido de Micaela.

- Estamos em guerra, estou preocupada com Joseph...

- Cuide de Suri, e use isso. – ela entrou um arco e flecha.

- Eu não sei atirar.

- Não tem problema, apenas certifique de que Zach não esteja no meio, divirta-se. Irei buscar as outras, assim que eu sair, tranque a porta. Se Suri acordar e dizer que dei a ela algo para beber ou algo anormal que Hades tenha dito, negue. Diga que foi algo fruto da sua imaginação. – ela avisa, saindo do quarto.

Micaela tentou com o arco mais de uma vez, falhando, então desistiu. Apanhou água e uma toalha limpa, e limpou a testa da menina. Depois de limpa, ela largou a água suja no banheiro e voltou para a janela.

- Com licença alteza. – havia uma pessoa na porta, encostada. Micaela se virou, no reflexo. De imediato ela viu o problema que ela estava: Nina estava na porta, perto demais do berço.

Pena ela não ter trancado a porta quando Vanessa mandou.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora