Capítulo 59

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Quando Micaela e Joseph acordaram faltava pouco para o amanhecer. Ela acordou primeiro, e ficou ninando-o, acariciando lhe o cabelo. O sono de Joseph era tão profundo que ele levou duas horas para despertar. Primeiro ele suspirou, voltando a realidade, depois ela sorriu quando ele a abraçou mais forte.

- Que horas são? – perguntou rouco, mas ainda com os olhos fechados.

- Não tenho ideia. Acho que é tarde. Ou cedo? – ela observou a janela – A chuva não me permite pensar. – Joseph ergueu o rosto tentando focar no relógio.

- Vai amanhecer. Como é possível? Ninguém se quer apareceu por aqui. – questionou abraçando ela novamente.

- Creio ter ouvido algo sobre doce jesus e algo pegando fogo enquanto dormia. Certo, devia ser um sonho.

- Você está bem?

- Maravilhosamente. – ele fungou o pescoço dela. – Escute, acha que posso ver Suri hoje? Não quero que teu prazo termine.

- Será ótimo vê-la sem receber um ultimato em troca. - respondeu aliviado e Micaela riu. Joseph ergue o rosto, os lábios encontrando os dela no escuro, beijando-a várias vezes docemente. Ela tocou seu rosto, aceitando seus beijos. Até que percebeu que ele sorria. – Deus estou faminto. – ela riu alto.

- Não devera ter nada na cozinha agora. Só se me permitir descer.

- Não. Não pretendia mesmo ir. Não sairei daqui e nem você. – disse voltando a deitar a cabeça no colo dela, que voltou acariciar os cabelos dele. Ambos ficaram em silencio.

- Por que não dorme mais um pouco? – perguntou ninando-o

- Você está com sono? – perguntou brincando com os cachos dos seus cabelos.

- Você tem por nós dois. – brincou e ele sorriu. – Durma meu amor, estarei aqui.

- Qualquer coisa...

- Olharei para você. – respondeu suave em seu ouvido. E ele já não disse mais nada.

Nada mais foi dito. Joseph dormiu algum tempo depois, e Micaela logo em seguida. Amanhã será um longo dia...

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Suri acordou com um toque suave em seu rostinho. A menina suspirou, despertando. Ainda de olhos fechados não viu quem a acordava.

- Quer ver? – Joseph olhou Micaela que sorriu. Suri não ouviu.

- 4 dias. – murmurou para si própria, então encheu o peito de ar. – PAPAAAAI! – chamou e Joseph ergueu as sobrancelhas. Do último mês para cá era sempre isso: ela nem se quer abria os olhos e já gritava por ele, para se lembrar do acordo. Uma vez experimentou ignorá-la, o resultado foi Suri ter ficado sem voz por dois dias, por conta da garganta inflamada.

- Estou bem aqui na sua frente, Suri. – disse ainda com as sobrancelhas erguidas.

- Faltam quatro dias. Ai meu deus. – Micaela sorriu – MICA! – a menina deu impulso os braços, pulando no pescoço de Micaela que riu. Joseph tentou alertar sobre as costelas, mas Micaela enchia Suri de beijinhos – Você voltou. – disse feliz.

- Seu pai não disse que voltaria? – perguntou acariciando os cabelos da menina.

- Creio que comentei. Um...dois...três... o último mês inteiro. – disse, cruzando os braços.

- Eu pensei que... onde estava? – perguntou cruzando os bracinhos.

- Precisei viajar.

- E onde estão os remédios? – perguntou esperta.

- Não consegui ainda, por isso viajarei em breve novamente. – respondeu tocando o nariz dela.

- Na verdade, não irá.

- Irei, pois, a maioria vence.

- Do que estão falando? – estava confusa. Micaela negou com a cabeça. – O que aconteceu com seu braço?

- Cai da escada, dei de cara no chão. – disse mostrando o braço. Suri riu.

- Suri! – Joseph ralhou.

- Perdão. - Disse prendendo o riso – Eu já disse para não andar tão depressa, falei para você. Vai ficar assim para sempre?

- Não, apenas algumas semanas. O fato é que viajarei novamente. Não importa quanto tempo eu demore, ou até mesmo se eu não voltar...

- Micaela.

- Mesmo que eu não volte. Não pode ralhar com todos e parar de comer. Promete? – Suri assentiu.

- Mas eu não preciso de remédios, nem ao menos estou doente. – contrapôs desgostosa.

- Saberá na devida hora.

- Irei deixá-las sozinhas, estou me sentindo desnecessário aqui. Não toquem fogo no castelo, demorara uma vida para construir outro. – pediu sorrindo, e saiu dali.

Micaela passou a manhã toda com Suri. Lhe deu seu café da manhã, brincaram, riram. Quando deu meio-dia, Micaela saiu para buscar seu almoço. Fazia frio aquele dia, chovia bastante.

- Micaela, eu estava... – Joseph parou na porta do quarto de Suri – Onde está Micaela?

- Foi buscar o meu almoço. – respondeu simples. Joseph, assentiu e deu as costas – Papai! – chamou e ele se virou.

- Sim?

- Feche a porta. – Ele fechou a porta desconfiado – Escute. Eu não... eu não o odeio. – disse, quietinha. Joseph se aproximou da cama.

- Não?

- Claro que não. Eu o amo. – Joseph sorriu – Eu apenas estava brava, porque achei que o senhor não queria dividir a Micaela comigo. – explicou.

- Dividir? – estava confuso.

- É. Pensei que quisesse prender ela só para você. não é justo, convenhamos. – Joseph ergueu a sobrancelha, suspenso. – Papai, não sou boba. Já vi o modo como ela te olha, e o sorriso bobo que o senhor fica quando a observa. – Joseph a encarava – Já os vi se beijando uma vez. – Ele se engasga, tossindo.

- Como?

- Pensaram que eu estava dormindo, mas não estava. Achei bonitinho se quer saber. – disse tranquila. – Por isso achei que tinha ficado com ela só para ti. Mas nunca o odiei. – Joseph estava tentando se recuperar – Tudo bem se quiser ficar com ela.

- Tudo? – ela assentiu.

- Me perdoe por ter sido grossa? – pediu acanhada, ele sorriu.

- Está tudo bem agora. – disse apanhando a menina no colo, a beijando.

- Suri, eu não encontrei o... ah, perdão. – disse, mas Joseph assentiu para que ela entrasse. Suri estava abraçada em seu peito. – Interrompo?

- Não. Apenas Suri estava me contando como desfrutou da imagem de nós dois se beijando enquanto ela fingia dormir. – disse debochado. Micaela arregalou os olhos, quase derrubando a bandeja. Mas Suri ria, sapeca.

- Está tudo bem. – disse olhando Micaela. Joseph ria do choque em seu rosto.

- Ande, saia daqui. – ralhou com ele, fazendo ele sair - Me deixe apronta-la. – disse tomando Suri

Quando Micaela colocou Suri sentada, as pernas da menina, moles ficaram em um ângulo estranho. Micaela encarou Joseph que arrumava as penas da menina no lugar certo. E foi ali que ela entendeu. Não podia ter mensagem mais clara... Era ela quem teria que resolver aquilo.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora