Capítulo 32

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Dias depois...

Micaela acordou. Não estava chovendo, o que era raro. Ela se sentou, tirando o cabelo do rosto, e olhou a camisola amarrotada. Mas inteira. O que era mais raro ainda. Olhou para o lado da cama e viu Joseph dormindo pesadamente sem camisa, coberto de qualquer jeito. Se soltar dele foi quase uma luta corporal, mas ela conseguiu, pondo o travesseiro nos braços dele em seu lugar. O dia claro parecia um pressagio, um aviso... O medo violento que ela sentia, a angústia e seu receio não evitaram o mal que estava por vir. Talvez esses fossem os últimos dias com Joseph.

Ela não desperdiçaria isso sendo fraca: Agora isso não resolveria nada. Ela trancaria seu medo em um compartimento escondido, onde ele não pudesse atrapalhar. Foi pensando assim que ela se levantou, se banhou e se arrumou. Saiu do banheiro e estava se penteando quando a voz de Joseph a reprovou.

- Por que tem essa maldita mania de me deixar sozinho na cama? – ele sinceramente odiava isso.

- Porque tu ficas lindo dormindo. – disse sorrindo, passando a escova nas pontas do cabelo – Eu não vou acordá-lo, e preciso trabalhar. Logo tu dormes e eu irei.

- Ainda rasgarei esses travesseiros, então quero ver o que tu vais pôr em teu lugar. – disse debochado, e ela riu. Ele gostou do som do riso dela – Venha aqui. – chamou estendendo a mão.

- Joseph. – reprovou, sem se mover – Sempre que tu acordas, me atrasa.

- Agora. – ordenou, insolente e ela suspirou se aproximando. Se sentou na cama, olhando-o e ele se sentou atrás dela, deixando-a entre suas pernas apanhando a escova de sua mão. Passarei o dia fora hoje. – disse, passando a escova cuidadosamente no cabelo dela.

- Devo me preocupar com sua saída? – perguntou virando o rosto.

- Não. – disse se divertindo com os cachos dela – Só vou com Nicolas resolver algo na cidade. Devo voltar ao entardecer.

- Estarei aqui. – disse aninhando as costas no peito dele, que deixou a escova de lado, abraçando-a.

- É claro que estará. – disse beijando-lhe a orelha de modo mordido, fazendo-a sorrir se encolhendo. Ele trouxe o rosto dela para si, beijando-a de modo apaixonado, doce.

E ela se atrasou. Quando ele saiu seguido por um Nicolas impaciente e cheio de piadas, o sol já estava alto.

- Bom dia. – cumprimentou ela, entrando na cozinha. Nina tomava café. Micaela preparou a bandeja de Suri, um pouco mais apressada pelo horário, mas quando ia sair não perdeu a oportunidade de passar a mão descaradamente no copo de Nina, derrubando-o e ensopando a outra de suco de laranja. Nina gritou, se levantando, mas já era tarde.

- VOCÊ NUNCA VAI PARAR COM ISSO?! – gritou possessa.

- Não, é divertido. – completou, apanhando a bandeja e saindo dali, sem dar atenção.

Micaela passou o dia tranquilamente como Joseph estava fora, ela passou o dia todo com Suri, a menina adorou ter a babá inteiramente de volta.

Desde o episodio de Willow Creek, Micaela dividia seu tempo entre pai e filha, alternando entre os dois. Na ausência de um, ela podia ficar com o outra. Joseph demorou o dia todo fora, até mais. Pretendia voltar ao anoitecer, mas já era tarde quando conseguiu entrar no castelo. Nicolas nem o deu boa noite, a convivência forçada não era uma boa amiga, foi para o seu quarto.

Joseph subiu até o andar do quarto da filha, e abriu a porta do quarto dela cuidadosamente. Ela já dormia um sono tranquilo. Ele foi ate ela, ajeitando seu cobertor e lhe dando um beijo na testa. Em seguida saiu atrás de Micaela. Não via a hora de poder tê-la em seus braços outra vez, para poder esquecer o dia cansativo que teve. Mas ela não estava em seu quarto. Ele foi até o antigo quarto dela, mas também estava vazio.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora