Capítulo 31

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Na manhã seguinte...

Joseph acordou aos poucos, e se virou. Pela primeira vez em mais de 5 anos havia alguém na cama. O braço dele buscou o corpo frágil de Micaela, abraçando-a. Ele abriu os olhos, vendo Micaela dormir ao seu lado, os cabelos caídos pelo travesseiro em cascatas. Ele apanhou um dos cachos menos vivo do que costumava ser, e enrolou entre os dedos tentando modelá-los. Quando soltou ele voltou ao normal. Ele revirou os olhos.

- Joseph, trate de acordar, eu quero saber se... – Nicolas entrou no quarto e parou na porta, travado com a cena a sua frente. Joseph e Micaela abraçados, cobertos até a cintura, ela de espartilho dormindo – Curioso. – disse prestes a cair na gargalhada.

- A porta não estava trancada? – Nicolas ergueu a mão com um molho de chaves, ainda admirando a cena – Ótimo. – Joseph trouxe Micaela ainda mais para si, na defensiva. Dormindo, ela acolheu o braço dele em sua cintura, a mão o segurando suavemente.

- Pelo visto, você está bem. – disse cruzando os braços.

- Perfeitamente. Quer dar licença? – perguntou exasperado.

- Quem diria vossa alteza real... – disse, os olhos claros sondando o rosto de Joseph – Tu realmente se apaixonaste pela criada. – concluiu, intrigado.

- É assunto seu? – perguntou na defensiva, puxando ainda mais Micaela para si. Mais um pouco, desmontaria a pobre moça.

- Mas é claro que não. – disse divertido – Com sua licença, alteza. – disse debochado se curvando. Joseph revirou os olhos. Nicolas saiu rindo, fechando a porta, e o riso dele foi audível até dentro do quarto.

Ele olhou o rosto dela que ainda dormia tranquilamente. Se lembrou da voz dela, afogada gemendo seu nome, há apenas algumas horas atrás. Ele sorriu, afundando o rosto no pescoço dela, beijando-a. Micaela despertou, se espreguiçando, manhosa e sorriu também.

- Bom dia, anjo. – murmurou beijando o rosto dela docemente.

- Bom... dia? – perguntou, arregalando os olhos. Joseph ergueu a sobrancelhas. Micaela olhou em volta, a claridade da luz do dia entrava pela janela fechada, e o perfume do orvalho denunciava que já havia amanhecido.

- Algo vai mal? – perguntou olhando para janela, sem entender.

- Claro que vai mal, como eu vou sair daqui agora? – perguntou se sentando. Ela puxou o lençol para se cobrir, Joseph riu, deitando-se no travesseiro – Não ria! Eu deveria ter ido embora assim que você dormisse, que diabo! – disse aflita.

- Eu tenho roupas, posso emprestar. – brincou dando um beijinho no ombro nu dela. Então imaginou Micaela vestindo suas roupas e gargalhou gostosamente, voltando ao travesseiro.

- Eu pareço estar com graça? – perguntou ultrajada. Joseph estava ficando vermelho pelo riso. – Como é que eu vou sair daqui, Joseph? Não posso simplesmente desfilar de roupão pelo castelo! – ele demorou um instante para conseguir ter folego.

- E eu tampouco permitiria. Só eu posso vê-la, só eu posso tocá-la... – disse apanhando o rosto dela com a mão – Só eu. – impôs, e viu o bico que ela fez – Não fique assim. – disse beijando o bico dela – Passará o dia aqui comigo, cuidando de mim. – avisou.

- O dia inteiro? – perguntou, erguendo a sobrancelha.

- E a noite inteira. – disse, e ela riu. Ele a puxou deitada novamente, mordendo-lhe a orelha. – Você se ofereceu para o trabalho.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora