Horas depois, Micaela chegou das compras e foi descansar. Só que ela não tinha sono, então ficou sentada na cama, pensando. Quando chegou ali, estava fugindo, marcada para morrer. E agora as pessoas gritavam por ela, se aglomeravam para vê-la. Era um mundo confuso. Foi perdida em seus pensamentos que Suri entrou no quarto, quietinha.
- Não queria te acordar. – disse com um embrulho nas mãos.
- Não estou com sono, seu pai me prendeu aqui. – brincou, e suri sorriu. – O que é isso?
- Uma boneca. – disse olhando o embrulho. – É minha, não é nova. Mas é minha preferida.
- E por que você embrulhou? – perguntou observando-a.
- Porque quero dar a ela. O bebê. – Micaela ficou surpresa – Quero dizer, eu gosto muito dela, então o bebê também deve gostar. – Micaela sorriu.
- Deixe isso. Venha aqui. – ela estendeu o braço para ela. Suri fechou a porta, deixando a boneca nos pés da cama e foi até Micaela, sentando-se ao seu lado. Micaela a abraçou pelo ombro, beijando seu cabelo. – Não precisa se desfazer das coisas que gosta.
- Mas é meu irmão, não é? – perguntou vendo a barriga de Micaela.
- Exatamente. São irmãos. Vão poder brincar juntos. Tenho certeza de que seu pai vai encher esse castelo de coisas mesmo. – Suri riu.
- Bom, ele me deixa comprar tudo o que eu peço. – Suri olhou a barriga de Micaela, intrigada. – Está tão grande, não dói?
- Você é a segunda pessoa que me pergunta isso hoje. Não, não dói. Só é pesado. As vezes ele chuta.
- Ele chuta? – Micaela assentiu – Mas por quê?
- Porque ele está crescendo, e não tem muito espaço. Os chutes não doem, ele é pequenininho, eu apenas me assusto. – Suri parece pensar – Ei, me dê sua mão. – ela pegou a mãozinha da menina.
Joseph havia subido para ver Micaela e forçá-la comer alguma coisa. Parou ao ouvir a voz da esposa. Ele abriu a porta, devagar observando, e viu Suri dar a mão a Micaela, que levou a sua barriga. Parecia procurar alguma coisa. Suri ficou calada por um instante, seu rostinho se iluminou.
- Ele me cutucou!
- Ele te chutou.
- Ei, faz de novo. – pediu ao irmão, olhando a barriga dela. Micaela sorriu.
Joseph sorria, parado a porta. Não quis interromper. Estava com aquele sorriso bobo no rosto. Havia um nó em sua garganta, era de emoção e felicidade. Viu Suri se frustrar por não sentir outro cutucão, então saiu dali.
- Acho que ele dormiu. Não vai chutar mais. – disse, vendo a frustação da menina.
- Vamos lá, papai disse que não se deve ter preguiça. -ralhou e Micaela riu. – Aí desisto.
- Não fique chateada. Ele é pequeno, se cansa a cada chute. Depois que ele nascer, poderá brincar com ele o quanto quiser.
- Você não se cansa de ficar aqui o tempo todo?
- Completamente. – afirmou e Suri riu – Vamos dar um passeio? – a menina assentiu, pulando para fora da cama. Micaela desceu com cuidado, apanhando seu manto. – É segredo. – avisou.
Elas desceram em silencio, indo pelos fundos ao jardim. Caminhavam lentamente, sentindo o vento frio.
- Sabe que não precisa sentir ciúmes, não sabe? Do bebê? – Suri a olhou – Ninguém vai roubar seu lugar.
- Sei disso. Só quero que ele nasça logo, já demora muito. – Disse aborrecida – Eu não posso comprar brinquedos, se não sei se é menino ou menina. – reclamou.
- Ele tem seu tempo. – disse acariciando a barriga – Compre todos os brinquedos que quiser. Depois, senão servir damos utilidade.
Micaela não chegou a ouvir Suri. Algo atingiu sua cabeça e ela apagou antes de cair ao chão.
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Se entregando ao inimigo
Romance" Eu nunca pensei que conheceria meu verdadeiro amor desse jeito. Primeiro vi seu lado demônio e depois seu lado anjo" Micaela, uma formosa plebeia. Sendo perseguida e cobiçada pelo rei de seu próprio reino, sendo sua única saída fugir. Agora fugir...