Capítulo 53

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- NÃO!!! – rugiu, apanhando-a nos braços. – Ei, acorde. Você me prometeu! Prometeu para mim. Acorde. – murmurou angustiado, balançando ela em seu colo. Micaela não se mexia. - Micaela, por favor! - Joseph caiu no choro. Não fez questão de esconder. Ele apanhou o rosto dela entre as mãos, buscando encontrar algo. Mas já não havia mais nada o que fazer. Ergueu a mão, tremendo e fechou os olhos dela, em seguida unindo as testas dos dois. Soluçou forte, deixando a dor transparecer. Deus, o que ele havia feito?

"Eu o amei desde o momento em que coloquei meus olhos nele, e até o momento em que ele fechar os meus olhos".

Vanessa passou por Zach, se ajoelhando junto a Micaela. O vestido se sujando de sangue dela que estava no chão. A mão buscou o peito imóvel da outra, os dedos dedilhando em busca de algo. Robert sorriu de canto, trazendo Cristal para si, e esperou.

- O que está fazendo? – Joseph estava rouco, confuso pelo choro. Então, parecendo encontrar o que procurava, Vanessa começou a fazer impulsos no peito de Micaela com as mãos. Uma...duas...três...

- Sopre ar para ela. – ordenou ela, parando o movimento para olha-lo. Joseph nem questionou: levou os lábios até a boca dela, passando todo ar de seus pulmões. Quando a deixou seus lábios estavam cobertos de sangue. Logo Vanessa impulsionava contra o corpo de Micaela novamente. Robert deixou a cabeça cair levemente como se procurasse escutar algo. – Outra vez. – Ordenou a Joseph. Ele tomou folegou de novo e levou até a boca dela.

Vanessa continuou impulsionando Micaela, porém na segunda vez Micaela tossiu. Robert sorriu, ao encontrar o som que procurava antes mesmo de Micaela tossir. Joseph olhou, estava surpreso. Mas como?

Zach riu consigo mesmo. Vanessa investiu rapidamente agora, como se quisesse que os batimentos dela se acelerassem. Pouco tempo depois Micaela tossiu de novo, e ela abriu os olhos. Vanessa a largou, se afastando.

- Você...você voltou. Graças a deus. – ele encostou a testa na dela de novo.

- Eu voltei? – perguntou confusa. Se sentia dormente.

- É claro que voltou. – Vanessa se levantou dando privacidade aos dois.

- Eu te prometi. – disse forçadamente orgulhosa. Joseph riu, tremulo.

- Tu és teimosa. – Zach repreendeu Vanessa voltando para ele, vitoriosa.

- Eu não aceito perder. – disse simples – Eu disse que ela vive, então ela vive. Preciso me trocar. – disse divertida vendo seu vestido sujo de sangue.

- Meu pequeno demônio. – disse carinhoso para ela, abraçando-a e beijando seus lábios.

- Claro que você prometeu, eu irei tirá-la daqui. – Joseph passou a mão por debaixo dos joelhos dela com cuidado.

- Você não vai mais me matar? – perguntou intrigada.

- Não irei mais. – Micaela tentou rir, mas acabou tossindo. – Cale a boca, antes que eu mude de ideia de novo. – blefou e ela assentiu. Ela gemeu de dor quando ele a carregou – Vai passar. – Prometeu, e ela assentiu. Ele desviou o caminho de todos, saindo dali com ela apressadamente.

E nada mais aconteceu naquela masmorra...

Micaela não sabia para onde estava indo. Estava zonza, confusa. Seu corpo doía. Havia apanhado tanto nos últimos dias. Todos os seus músculos pareciam estar rígidos e os ossos deslocados. Seu rosto... Deus, seu rosto estava completamente dormente, inchado assim como os olhos. A pele sensível. Ela ouviu Joseph pedindo pelo médico da realeza e comida. Logo ouviu ele subindo. Houve barulho de água de chuva caindo. Ele a colocou sentada em um banquinho, retirou suas roupas que estavam se deteriorando. Uma vez nua, ele a colocou dentro da banheira. Micaela gritou ao sentir a água sob seus cortes, ardendo.

- Shh, vai passar logo. Prometo. – Micaela gemeu, mas não disse nada.

Ele deu banho nela com cuidado. Precisou trocar a água várias vezes. Alguns cortes recomeçavam a sangrar ao serem lavados. Ele trouxe água até os cabelos dela que gemeu novamente ao sentir água no couro cabeludo. Parecia haver cortes em toda parte do corpo dela. Micaela se sentia um pouco melhor. Mas Joseph não. Podia se ver os roxos enormes, a boca, nariz e sobrancelha partidos.

- Por favor, diga que me perdoa. – pediu torturado.

- Continue me dando banho, assim o perdoarei. – brincou e ele riu de leve.

- Estou falando sério. Fiquei cego de raiva pela mentira, se quer pensei. Tu sabes, sou uma anta. – Micaela sorriu.

- Eu sempre soube que esse dia aconteceria. Agora me sinto leve. E não tenho mais nada a esconder. Finalmente estou livre. – disse, olhando a água. – E no final, eu não morri.

- Eu simplesmente não conseguiria matá-la. Apesar de tudo, eu amo você. – Micaela sorriu, olhando ao redor.

- Me trouxe para o seu quarto? – perguntou. Era a sala de banho da torre.

- Precisa se recuperar. – Justificou. Ele terminou de massagear os cabelos dela com cuidado, e os enxaguou. Ele apanhou a esponja lavando o rosto dela e todo seu corpo. – O médico está chegando. Sente algo?

- Levei uma grande surra, estou moída. E faminta. – Joseph sentiu aquilo como uma pancada em seu coração. Ela não comia a dias!

- Serei levado a julgamento. – comentou, esfregando o braço dela delicadamente com a esponja. Micaela o encarou.

- Por quê?

- Primeiro, a pedi em casamento. Depois junto ao concelho votei contra sua execução.

- O que vai acontecer com você? – perguntou, olhando-o.

- Não sei. Ninguém da minha linhagem foi a julgamento. Talvez eu perca a coroa, ou me exilem. Podem até me matar, por ato a coroa.

- Não quero que se prejudique por minha causa. – Apesar da dor que sentia, ela estava feliz por não ter mais segredos entre os dois. Porém ela percebeu que ambos já não eram um casal como antes, algo estava ausente ali.

- Não me importo. – ele continuou banhando-a.

Depois que ela estava totalmente limpa, ele encheu a banheira novamente com água quente e óleos perfumados, deixando-a relaxar. Joseph saiu por uns instantes para buscar roupas a ela. Quando voltou a carregou para fora da banheira, secando-a e a vestindo-a, penteando seus cabelos. Levou-a até sua cama, cheios de travesseiros em sua volta como se tivesse medo de que a caísse.

O médico chegou logo, a consultou e receitou algumas ervas para dor. Depois que o médico se foi, Joseph levou uma bandeja enorme de comida para ela, que comeu satisfeita. Pediu que as criadas fizessem a fusão das ervas para que ela tomasse, era para ser uma xicara, mas ele trouxe um copo enorme.

Micaela estava satisfeita. Não sentia fome, sede. Apenas sentia dor quando se mexia. Ele se aproximou puxando os cobertores para cima dela, cobrindo-a. Logo acendeu a lareira deixando o ambiente gostoso. Micaela estava quase caindo no sono quando percebeu ele ao seu lado.

- Se sentir alguma coisa, qualquer coisa, apenas olhe para mim. – disse puxando a poltrona próxima a cama.

- Não seja... tolo. Deite-se aqui, a cama é enorme. – disse bocejando, cada vez mais sonolenta.

- Você não me odeia? – perguntou olhando-a. o rosto estava inchado, com marcas roxas e alguns pontos partidos.

- Não. Juro que não. – Joseph a observou – Você devia ter me matado. Qualquer um teria me matado. Nicolas, Robert, Zach... Teriam me matado sem questionar. Mas você não. Eu menti para você, e ainda sim me deixou viver. Sou grata por isso. – estava com os olhos fechados, vencidos pelos cansaço – Eu o puxaria para a cama, mas não tenho forças. – disse sonolenta.

Joseph tirou os sapatos, e suas roupas, passando para debaixo dos cobertores junto a ela. Quando a olhou ela já dormia, exausta. Ele apanhou a mão dela e a beijou levemente. Como havia encontrado uma mulher assim, dentre todas no mundo? Como pode permitir que a raiva o cegasse ao limite e deixar que a machucassem naquele ponto?

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora