Capítulo 68

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- Ei – disse, cutucando o pai – Vocês dois, pelo amor de deus, acordem! – disse impaciente.

- Está sentindo al... -os olhos sonolentos se abriram se abriram – Micaela. – chamou, cutucando a outra. Micaela suspirou, abrindo os olhos novamente, depois arregalando-os.

- Ah meu deus. – exclamou.

A menina estava de pé ao lado da cama, diante deles, olhando-os com um sorriso radiante no rosto.

- Você está vendo isso também? – perguntou olhando a filha, mas agarrado ao braço de Micaela

- Deu certo. – murmurou maravilhada – Joseph, você vai quebrar meu gesso. – avisou, olhando a menina, mas se referindo ao braço que ele segurava. Ele a soltou.

- Por que vocês estão sem roupa no meu quarto? – perguntou erguendo as sobrancelhas.

- Não é o momento de falar sobre isso. – disse se sentando. O vestido frouxo não aderiu ao seu corpo, quase levando-a de volta ao chão. Joseph a amparou, ainda olhando a filha. Estava pálido. – Sente alguma coisa?

- Na verdade, não. – disse, o rosto ansioso – Eu acordei e vocês estavam dormindo. Eu me levantei, depois lembrei que não podia, ia gritar, mas desisti. – contou – Olhe isso! – ela caminhou em direção a eles, orgulhosa. Mancava um pouco, mas era apenas um detalhe. Joseph agarrou Micaela novamente. – Eu posso andar!

Houve um momento de silencio entre eles. Até que Micaela se soltou de Joseph e se levantou, abraçando a menina que riu gostosamente, comemorando. Joseph continuou pálido. Nem acreditava que aquele pesadelo finalmente havia acabado. Suri o olhou, como se esperasse sua aprovação. Mas ele não conseguia falar. Apenas estendeu a mão para ela, que caminhou até ele, pegando-a e abraçou forte. Micaela sorriu vendo a expressão dele sob o ombro da menina.

- Meu bebê. – murmurou, rouco. Suri se agarrou ao ombro do pai, quietinha. – Estou tão orgulhoso de você. – completou dando um beijinho no cabelo dela.

Joseph olhou Micaela, que observava quieta, e disse um "obrigado". Ela apenas sorriu. Foi um longo dia, Suri desceu para o almoço, se comportando como uma perfeita dama, e conversou com as rainhas presentes educadamente. Primeiro houve um momento de surpresa, admiração, depois a comemoração, os parabéns, um champagne foi aberto.

Micaela ficou à beira, principalmente atenta a Suri, mas Joseph a surpreendeu, chamando-a. Depois do almoço, Suri ficou irredutível, queria conhecer o mundo em uma tarde, e foram precisos Micaela e Joseph para conte-la. A noite foi pior ainda, a menina a não queria dormir por nada.

- ACABOU! – disse exasperada. Joseph e Suri se olharam. Micaela tentava pôr a menina na cama há quase duas horas, mas Joseph brincando com ela, não a ajudava – Já chega. Saia daqui. – ordenou apanhando-o pelo braço. Suri gargalhou gostosamente. – Fora – ela o empurrou até a porta do quarto. Ele soltou um beijinho para a filha, que retribuiu, e ela o empurrou para fora – Suma daqui. – e ia fechar a porta, mas ele segurou seu braço.

- Te esperarei. – disse em tom baixo, os olhos encarando os dela. Ele sorria.

- Grande novidade. – revirou os olhos, e ele riu. Ela o empurrou e fechou a porta – Agora você mocinha. – disse se virando. Suri pulou para fora da cama, rindo e correu para o banheiro. Micaela suspirou.

Levou mais meia hora até ela conseguir pôr Suri para dormir. Por fim, ela cobriu a menina sorrindo, apagando as velas e saiu. O cansaço a apanhou na porta. A escadaria da torre parecia interminável, e ela até considerou dormir ali. Por fim abriu a porta da torre, vendo Joseph sentado na cama, sem camisa, os cabelos molhados, banho recém tomado.

- Você está despencando. – lamentou, vendo as olheiras dela. Ele tentou contar o tempo que Micaela havia dormido... Mas a lembrança dele se perdia no momento em que ele voltou a torre, após ter encontrado os restos do diário de Camila, e a encontrou lá. Quando ele a atacou na porta do quarto, logo depois ela fugiu, então perdeu noites cuidando de Suri... ele suspirou.

- Nada que um pouco de sono não resolva. – disse se aproximando, e ele a puxou para o seu colo. – Você viu o sorriso dela? – perguntou cansada, mas sorrindo. Sentiu as mãos dele começarem a puxar os cordões do vestido.

- Esperei por esse momento a minha vida toda. – puxou o vestido solto pelos ombros dela, deixando o espartilho. Logo estava puxando os cordões do espartilho, removendo-o – Obrigado – disse, dando um beijinho no ombro dela ao terminar. Ela sentiu o espartilho frouxo e se encostou nele, de olhos fechados, fungando o pescoço dele. Joseph deu um beijinho no maxilar dela.

- Você cheira a sabonete. – comentou fungando dele novamente, que riu.

- Vou te dar um banho. – ofereceu, se levantando e a levando-a junto. Ele empurrou o vestido dela de qualquer jeito, deixando-o no chão. Micaela estava quase dormindo em pé. Tropeçou alguns passos e ele a pegou no colo.

- Você acabou de sair do banho. – observou, meio aérea.

-Shh. – ela assentiu, se acomodando no peito dele. Ficou lá, quieta, até que ele sentiu ele tirando o resto da sua roupa, então a agua quente a acolheu. Ela suspirou.

- Esse momento tinha que ser romântico. – observou, sentindo as mãos dele subindo em seu pescoço, massageando. Ele estava sentado na borda da banheira.

- Está sendo. – disse, e ela deixou a cabeça cair quando ele apertou seus ombros. As mãos dele eram fortes, e seus ombros estavam tensos, doloridos.

- Mentiroso. – disse, soprando a espuma, e ele riu – Por que não entra na água comigo?

- Porque... – os dedos dele traçaram o ombro dela, apertando a pele cansada, e ela suspirou – Eu não tenho controle, porque se eu entrar na água vou acabar fazendo o que não devo. Porque se eu fizer amor com você, vai acabar entrando em coma. – disse beijando a testa dela, que riu – Só quero que você descanse.

- Amanhã...

- Não vai precisar nem me lembrar, eu prometo.

Joseph massageou até que ela desfaleceu, caindo no sono. Ele ensaboou, a banhou, e se desafiou a não a acordar. A carregou com cuidado, secando e a vestiu. A pegou no colo, levando-a para cama e a deitou. Soltou o cabelo dela, ajeitando-o travesseiro, e a cobriu.

Se secou, apagou as velas e se deitou ao lado dela. Sorriu no escuro, porque assim que se deitou, ela, já adormecida o abraçou, deitando a cabeça no peito dele. Ele amava cada um desses atos. A abraçou trazendo-a para si, e ela suspirou em seu sono.

- Durma bem, meu amor. – murmurou, beijando-lhe o cabelo.

E ela dormiu. O sono era profundo, merecido, cansado, o sono dos justos. Dormiu a noite toda. Ela não sabia, mas o dia seguinte seria longo.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora