Capítulo 90

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Dias depois

- Tem certeza de que não que não quer que eu vá com você?

- Tenho. São apenas algumas compras. Eu estou bem. Ninguém vai me fazer nada. Vanessa estará comigo.

- Me preocupo com o bebê. Ei grandão. – disse se ajoelhando em frente a ela, dando um beijo na barriga. – Seus pés estão bem?

- Bem melhor. Não vou demorar. Não aguento mais ficar sem fazer nada. Estou ficando aborrecida. – ele sorriu – Posso levar Suri? – ele a encarou – Quer dizer, ela não tem muita experiência fora do castelo, um passeio normal seria bom. – explicou, Joseph sorriu.

- Não precisa me pedir permissão. Ela é sua filha agora, também. Ela vai adorar. – observou. – Estive pensando...

- Sobre?

- O bebê. Eu acho que é um menino. – ela sorriu e ele abraçou-a dando um beijinho na barriga.

- Por quê?

- Porque ele é maior do que Suri era. Certo, eu não cheguei a ver ela sem o vestido por cima, mas ele é maior. Então é um menino. – concluiu.

- Você quer um menino?

- Eu quero esse bebê. Não importa o que ele seja. – houve batidas na porta, informando que as outras rainhas estavam prontas. – Me prometa que não vai se esforçar, não vai se cansar, não vai tomar sol, e não irá ficar muito em pé. E se sentir qualquer coisa, o que quer que seja, mandará me chamarem.

- Só se me prometer que não ficará preocupado com isso. – beijou os lábios dele carinhosamente.

Os dois deixaram o quarto. Ele a ajudou descer as escadas, carregando-a no colo. Nunca a deixava descer ou subir as escadas sozinhas. Tinha medo de que ela caísse ou tropeçasse, ou então sentisse tontura. Ela não reclamava pela dor nas pernas e na coluna, eram muitos degraus. Quando chegaram ao térreo ele a pôs no chão, com cuidado. Os dois caminharam até encontrar os outros na entrada.

- Onde está Samantha? – perguntou dando falta. Se arrependeu na mesma hora. Cristal desfiou queixas sobre várias coisas. Agora o problema era o tamanho das roupinhas. O bebê não parava de crescer, e Samantha estava querendo mandar refazer tudo, so que um tamanho maior. Joseph tentou entender, mas Micaela apenas negou com a cabeça.

- Samantha está se aprontando. – Nicolas respondeu encontrando os demais. – Sabe, eu acho que devemos chamar um médico. – ele cruzou os braços. Todos o olhavam. – Não adianta mais negar isso.

- Negar o que? – Micaela estava confusa.

- Que você está com vermes. – respondeu de modo debochado, e Micaela revirou os olhos, abraçando a barriga. Cristal estava mais vermelha que uma pimenta.

Robert sorriu pela reação da esposa, se afastando. Mas uma mão pálida o segurou pelo braço. Era Vanessa. Tinha uma expressão conturbada. Era um misto de preocupação, frustação e receio. Ela olhava a barriga de Micaela, que tentava acalmar Cristal.

- O que foi? – perguntou em um tom baixo.

- Há algo estranho com esse bebê. – ela disse ainda olhando a barriga de Micaela. Robert olhou, inclinando a cabeça para o lado, mas não encontrou o ponto.

- Estranho? – repetiu, tentando entender.

- É. Eu não sei o que é. Algo anormal, diferente. Algo errado. – havia preocupação ali.

Suri surpreendentemente se engajou no enxoval do irmão, o que fez Micaela e Vanessa a colocarem na carruagem que saiu a frente com Cristal e Samantha. Vanessa parecia distante, pensativa.

- Está tudo bem? – Micaela estranha ver Vanessa tão calada.

- Ei. – Joseph desceu as escadarias. Tinha o manto dela nas mãos. Passou ele em volta do ombro dela, abotoando-o. – Tome cuidado. – advertiu mais uma vez quando a carruagem parou. Ele a ajudou a subir. Enquanto Vanessa subia sozinha. Ele fechou a porta e passou a frente para falar com o cocheiro. Sua voz era ameaçadora. – Dê um único tombo ou sacudida nessa carruagem, e eu vou mandar cortarem sua cabeça. – e não corra.

- Sim, alteza.

- Sabe... você precisa parar com isso. – Nicolas repreende Joseph, enquanto ele vê a carruagem se afastar.

- Me deixe em paz. – murmurou saindo dali.

Uma vez na carruagem, ao se afastarem do castelo. Micaela estava muito bem, mas Vanessa parecia observá-la. Então não se conteve.

- Como... está se sentindo? – Micaela ficou surpresa.

- De todas as pessoas que eu pensei que Joseph fosse colocar para me vigiar, você foi uma das últimas que imaginei. – respondeu achando graça.

- Não. – corrigiu – Não digo apenas agora. Na gravidez, em um sentindo geral. – Micaela abraçou a barriga.

- Ah, meu bebê é grandão. Fora isso, tudo normal. Eu tenho sono, enjoo, as vezes desmaio, minha coluna dói, meus pés incham, meus seios estão doloridos pelo leite. Nada demais. Por quê? Por acaso...

- Não. Não vai crescer uma melancia na minha barriga tão cedo. Acredite. – Micaela riu, divertida. – Curiosidade apenas. Você não sente nenhuma dor? Na cabeça ou no peito, nada assim?

- Não. – disse confusa – Eu deveria?

- Não. Claro que não. – disse sorrindo de canto.

Vanessa voltou a ficar pensativa, e Micaela resolver não interromper. A viagem não demorou muito. Elas iam apenas em uma loja. Quando a carruagem parou, houve um alvoroço. Micaela tentou abrir a porta, mas alguém segurou.

- Só um instante, alteza. – pediu.

- O que há? – perguntou estranhando.

- A notícia de que estamos vindo para cá deve ter vazado. Sem contar que Samantha, Cristal e Suri já devem ter passado. Não é nada demais.

E foi verdade. Alguns instantes depois o cocheiro abriu a porta. Solfados haviam dados as mãos fazendo uma barreira, afastando os súditos. A imprensa também estava ali. Vanessa saiu da carruagem, elegantemente. Mas Micaela teve dificuldade. Tinha medo de tomar um esbarrão ou qualquer coisa que machucasse o bebê.

- Ajude-a. – Vanessa ordenou ao cocheiro, que deu a mão a Micaela, que agradeceu descendo a carruagem.

- Estou te atrasando, não é? – perguntou sem jeito. Vanessa riu.

- Atrasando? Quem? – brincou e Micaela sorriu – Vamos, está frio aqui. – disse quando a carruagem saiu.

Micaela assentiu e elas caminharam um passo, mas o alvoroço se fez mais alto. Todos queriam ver a barriga de Micaela, ninguém ainda havia visto a gestação dela. Havia fotos, e as pessoas se espremiam. Micaela parou por um instante para acenas para todos, o que causou uma onde de gritos e Vanessa sorriu de canto, sem acenar para ninguém, mas sendo simpática. Por fim, elas entraram na loja, e a segurança barrou a entrada.

Mais tarde naquele dia, fotos de Micaela e Vanessa juntas assim como de Suri, Samantha e Cristal estavam circulando nos folhetins em destaque, mesmo sendo preto e branco. E bem longe dali... alguém se daria ao trabalho de ler a notícia. Hades observou o sorriso radiante de Suri, de mãos dadas com Cristal e Samantha, a pequena coroa em seus cabelos, mas sua atenção foi para outra coisa.

- Aberração. – condenou, olhando o ventre de Micaela. O folhetim dizia que ela estava de seis meses, mas a barriga dela já tinha o tamanho de nove. Ele largou o folhetim com nojo, passando a mão no cabelo. – Onde aquele desgraçado está? – rosnou.

O desgraçado estava lá como foi mandado. Nas redondezas do castelo de Joseph, esperando o momento certo.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora