Capítulo 33

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Os dois ficaram quietos até que as primeiras gotas de chuva caíram. Era um aviso que tinham que sair dali.

- Não faço a mínima ideia de onde foi parar o meu cinto. – disse divertido – Não tem luz aqui?

- Não! – disse, segurando-o. Joseph a olhou, vendo quase nada. – Não quero que me veja.

- Por quê? – perguntou confuso. Silencio como resposta. Ele abaixou o rosto, encostando como o dela... estava quente. – Está com vergonha de mim, carinho? – perguntou, tirando o cabelo dela do rosto. Ela seguiu calada. – Não seja boba. – ele mordeu o rosto – Foi bom, não foi? – ela assentiu mortificada. – Eu estou vendo você agora.

- Não está, não. – murmurou quieta.

- Estou sim. – ela pode ver os olhos dele quase ameaçadoramente no escuro, e se encolheu. Ele riu, selando os lábios com os dela – Continuamos isso depois, pode ser divertido. – ele levou um tapa no escuro – Mas ira chover, temos que ir.

Joseph ajeitou a calça, fechando-a e se levantou, tateando pelo cinto no chão. Ela se sentou e se deitou de novo. Ele se virou tentando enxergar.

- Eu terei que levá-la, carregada? – perguntou divertido.

- Não, eu sei andar. – respondeu a voz quase perdida no escuro.

- Então...

- Me diz, como eu vou sair? – ele recebeu um bolo de panos no peito. O apanhou, apalpando. Era a blusa dela.

- Oh. – e ele teve um acesso de risos. As gargalhadas gostosas ecoavam pelo celeiro, sobressaltando alguns cavalos.

- Eu estou rindo? Como irei voltar? Não posso ficar aqui assim, alguém pode entrar! Joseph! – exclamou, vendo que ele não parava de rir.

- Seria ótimo ver alguém me confrontar. – disse parecendo divertido com a ideia. – Agora assim que eu achar meu cinto... – ele levou uma cintada leve no braço e ouviu o riso dela. – Virou graça me bater? – perguntou mais sorria, apanhando o cinto, colocando-o no lugar.

- É divertido. – A garoa estava engrossando. Micaela se levantou, ajeitando a capa sobre si, soltando os cabelos, e apanhou os trapos da roupa dela. – Venha.

Ela caminhou até a porta, sem ter a mínima ideia de onde ele estava. Quando abriu as portas do celeiro, a luz que vinha de fora a iluminou. Ela se virou e ele estava bem atrás dela, fazendo-a se sobressaltar. Ele sorria.

- Está linda assim, - disse, olhando-a de cima abaixo. A capa era grande para ela, arrastava ao chão. Os cabelos soltos caídos sob o veludo.

Micaela sorriu e ele a abraçou pelo ombro, os dois saindo sob a garoa, caminhando tranquilamente. Alguém os viu, mas isso já é história para outro dia

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Horas depois, em um lugar muito distante dali...

O chão era branco, alvo, incomum para os daquela época, que em geral eram de madeira escura. Um sapato preto listrado caminhou por ali. Era um quarto. Tudo ali era claro, tudo muito refinado. A cama king size tinha vários travesseiros, era acolchoada. O quarto em si era enorme, havia vários espelhos, várias poltronas, cômodas, uma saída para um banheiro e uma para o guarda-roupas. Na cama havia uma mulher sentada. Usava um vestido luxuoso, vermelho vinho. Sua pele branca era assustadora, e os cabelos tão escuros quanto podiam ser. Ela penteava os cabelos levemente, por fazer. O homem se aproximou detrás dela.

- Eu não tenho  nenhuma negação razoável para isso, você tem vossa alteza? – Zac brincou, erguendo a mão. Havia uma carta e um cartão em sua mão.

A mulher se virou, olhando o marido. Os olhos dela eram um castanho suave. As maçãs do rosto eram pálidas, mas os lábios eram corados. Ela sorriu ao visualizar o marido: gostava do que via. Ele sorriu de volta, parecendo tão encantando quanto ela. Ela ergueu a mão, tão branca quanto o resto do corpo, que carregava uma aliança dourada, e apanhou o papel, lendo-o. Era um convite para um baile.

- São mais inteligentes do que eu havia pensado. Os subestimei. – disse, ainda lendo o papel – Não querido, eu não tenho uma negação para isso. – disse Vanessa, abaixando o papel para encarar o marido.

Na falta de objeção, algo era certo: Eles iriam.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora