Capítulo 14

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Joseph já não procurou Micaela. A princípio ela pensou que ele realmente estivesse mal, mas quando ele passou por ela ignorando-a, soube que não o era. Não fez nada, todavia. Não havia nada que pudesse fazer. Doía ficar longe dele, mas ela sabia qual era seu lugar. Voltou para o seu trabalho, como sempre foi e Nina, deliciada com a situação a deixou em paz. Mas Micaela ainda usava o pequeno escapulário que ele pusera em seu pescoço, usaria sempre.

Joseph, por sua vez sentia demais a falta dela, mas o remorso o corrompia, era errado para memória de Camila o que ele estava fazendo. Fazer um jantar de luxo e levar uma criada como sua companhia, o que ele estava pensando? Seus pais, se vivos o matariam só de pensar nisso. E a pobre Camila, ela não merecia.

- Pelo amor de deus, tu estás insuportável. – disse desistindo e se afastando da planilha.

- A rota está traçada, é essa e ponto. – disse duro.

- Pois vá nela tu com teus homens e morram lá. – disse, com os olhos sérios – Sua tolice não é um motivo pelo qual eu pretenda morrer, Joseph.

Nada funcionava. Os dois precisavam trabalhar juntos em um plano de ataque, mas não se entendiam: Joseph estava irritante e Nicolas já era arisco por si só. Não era de sua natureza se curvar.

A falta de apoio de Zac e a indecisão de Robert que não queria travar uma guerra que não era dele também não ajudavam. Estava impossível prosseguir com a guerra desse jeito.

- Com licença. – pediu batendo na porta.

- Entre. – disse parada em frente a janela. O vento brincava com os cabelos dela.

- Bom dia, minha senhora. – Samantha assentiu, se abraçando.

Micaela se pôs a trabalhar. A cama era enorme e precisava ser feita logo. Trabalhou em silencio estirando os lençóis, as cobertas, afofando as almofadas. Enfim...

- Necessita de algo, senhora?

- Me diga algo que eu precisasse que você poderia me dar? – disse divertida com a ideia. Micaela ergueu as sobrancelhas, considerando.

- Não sei, a senhora apenas parece triste. Pensei que gostaria de algo, perdão.

- Não, me perdoe tu. Fui grosseira, você so queria ajudar. – disse saindo da janela. Usava um vestido cinza. Ela suspirou olhando ao redor – Estou realmente infeliz, mas não é nada que ninguém possa resolver.

- Gostaria... de conversar? – perguntou hesitante.

- Implorei a Nicolas que não aceitasse o pedido de Joseph. Essa guerra não é nossa, não precisávamos estar aqui. Mas não sei, parece que o instinto de briga e batalha correm junto com o sangue dele, e ele já aceitou. – ela caminha até a poltrona de seu quarto, se sentando – Agora os dias são de incertezas, não sei se seremos atacados. Não sei quando meu marido resolverá atacar. Não sei quando vou vê-lo sair para o campo de batalha, e não sei se irá retornar. Essas instabilidades me incomodam.

- Entendo. – disse acompanhando o raciocínio dela.

- Como é teu nome?

- Micaela, senhora. 

- E o pior, nós éramos felizes Micaela. – disse, o rosto com um tom de raiva. – No nosso reino não há uma fronteira tão fortemente guardada, não há homens sendo treinados para morrer, não há famílias destroçadas. La há paz, há calma. Éramos felizes. Fomos desde o momento em que Nicolas me tirou para dançar no baile em que os pais dele deram para escolher sua noiva. Esta guerra não é nossa! Eu não conheci Camila e eu não quero que meu marido se arisque a vingar a morte dela! – ela suspirou novamente, o rosto delicado – A cada dia eu espero que isso tudo acabe, mas por fim não quero que aconteça. Não vou suportar vê-lo sair para a batalha, embora cada dia saiba que está se aproximando.

Se entregando ao inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora