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Simone Tebet
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_Por quê, Sol?_ sussurrei baixinho, olhando pro céu.

Estava na lage de uma das casas que fico quando estou na comunidade, a noite havia chegado, eu não sei nem que horas são agora, estou aqui há tempos, e nem sinto vontade de levantar, talvez eu fique aqui para sempre.

Passei a ponta dos dedos sobre a tatuagem em meu peito que eu fiz há um bom tempo atrás, fechei os olhos, não me arrependo em nenhum momento de ter riscado uma parte do meu corpo para homenagear o meu amor por ela.

Virei o antebraço esquerdo, para olhar diretamente o outro desenho que eu fiz ali no meu pulso, dois pezinhos minúsculos, outra homenagem ao filho que esperávamos sem ao menos saber, Soraya tava grávida.

_Que droga, que droga, que droga_ passei as mãos pelo cabelo.

Começou a ficar frio, logo senti algumas gotinhas de chuvas molharem o meu rosto, decidi descer, indo para a cozinha, Janja preparava algo, ao me ver, veio em minha direção e me abraçou.

_Ei, chorando outra vez?_ perguntou baixo.

_É, chorando outra vez!_ respondi.

_Estou fazendo uma macarronada_ disse.

_Eu não quero comer_ fui para a sala.

Minha barriga roncava, denunciando a fome que eu tava sentindo, não como nada desde ontem à noite, tomei apenas um gole de café antes de pegar no sono, depois de ter me dopado de remédios.

_Você precisa se esforçar, vamos _ me chamou.

Conhecendo como a conheço, ela iria ficar insistindo por horas, dias, meses e até anos, nos sentamos à mesa, ela me serviu, o cheiro tava bom, peguei o garfo, enrolei a massa entre os dentes finos e brilhantes do objeto em minha mão.

_Come logo, nem que seja um pouquinho_ incentivou.

Levei até a boca, ela me olhava, querendo saber se eu iria ingerir mesmo a comida, até que desceu sem que eu sentisse ânsia, levei a segunda garfada até a boca, e quando vi, o prato já estava limpo, havia comido tudo.

_Pra quem disse que não queria comer..._ brincou.

_Estava boa sua comida_ disse à ela.

Limpei com o guardanapo o canto dos lábios, tomei um copo de suco, levantei e fui até o banheiro, tomei um banho, e me deitei na cama, ouvi Janja conversar com alguém lá na cozinha, não dei importância, levantei para pegar alguns comprimidos, quando ela chegou no quarto.

_Me dê isso aqui, pare com isso Simone_ brigou.

_Janja, me deixa aqui sozinha, vai_ me sentei.

_De jeito nenhum, pra deixar você se entupir de remédios de novo?_ falou brava.

_ assim pra conseguir dormir_ retruquei.

_Levanta e trocar de roupa, agora Simone, não testa minha paciência_

_E eu posso saber pra onde você vai me levar? não quero sair..._

_Soraya acordou_ o que ouvi de Janja me fez travar.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora