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Simone Tebet
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_Filho da puta, idiota_ gritei ao ver o jogador errar o gol.

_Caramba Simone, ela tava conseguindo dormir_ Soraya me olhou com cara feia.

_Desculpa amor, eu me exaltei_ Gabi começou a chorar.

_Agora você vai colocar ela pra dormir_ ela levantou do sofá.

_Mas, mas eu, oh Soraya, eu_ ela tava brava.

_Cala a boquinha, coloque sua filha pra dormir, agora_ é isso mesmo? Soraya me dando ordens?

_Desde quando você me dá ordens?_ a encarei.

_Não estou dando ordens, mas agora você vai arcar com suas consequências_ me entregou Gabi.

_Não me deixa aqui sozinha, ela quer você, Soraya_ falei.

_Você conta, sempre dá_ ela subiu as escadas, ainda com raiva.

_Não chora, amor, mamãe aqui_ a segurei como um bebê recém-nascido.

Hoje Gabi estava manhosa, dodói, com um resfriado, sempre fica assim quando adoece, andei de um lado para o outro pela sala, baixei o volume da televisão, onde passava o jogo que eu assistia momentos antes.

_Dorme bebê, mamãe está aqui_ disse novamente.

Ela ainda chorava, baixinho agora, dengosa, dei à ela um ursinho, ela jogou na minha cara, que oncinha brava eu tenho, igual a mãe dela, mas se eu dou contar de domar uma, dou conta de outra também.

_Quer que a mamãe leia uma historinha?_ balancei ela no colo.

_Mamãe, mama, mama_ e agora que Soraya não tem mais leite?

_Eu não tenho nem leite, filha, mas mamãe faz a fórmula pra você, hum?_ eu falava como se ela fosse entender.

_Deixa que eu faço_ Soraya ia descendo as escadas.

_Está tudo bem? ainda está brava?_ me aproximei com calma dela.

_E quem disse que eu estava brava?_ é, ela ainda está brava.

_Relaxa, eu faço isso, deitar um pouco_ ela insistiu em ir fazer a fórmula.

Fui indo atrás dela, com Gabi puxando o meu cabelo, a menina tá dodói mas tá brava, me sentei no banco, coloquei ela sentada sobre o balcão à minha frente, a segurando pela cintura.

_Se quiser ir assistir, eu fico aqui com ela_ Sol falou.

_Não, prefiro ficar aqui_ recebi um tapa de Gabi na minha testa.

_Mamãe, mamãe, colo_ levantei e levei ela até a área externa da casa.

Quis colocar ela no balanço que mandei montar, um pequeno parque pra ela aqui, mas a mesma não quis, só queria o meu colo mesmo, parecia estar mais calma, deitou a cabeça em meu ombro, e já não chorava mais.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora