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Simone Tebet
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_Vem meu amor, por quê está chorando?_ ouvi Soraya falar no outro quarto.

E eu tô aqui na cama, jogada, com raiva e sofrendo ao mesmo tempo, eu e ela brigamos, e eu não queria isso, agora estou me culpando, por ter sido tão estúpida com ela mais cedo.

_Preciso consertar essa bagunça_ murmurei baixo.

Não era o quarto ou a casa que tava bagunçada, e sim nossa relação, já é a terceira vez quem brigamos em menos de uma semana, após a dor do luto pela perda do nosso bebê outra vez, Soraya ficou mais estressada após sofrer tanto em silêncio.

A paciência dela tá no limite, ontem mesmo ela deixou de assistir à um filme porque demorou para começar e ela não tava mais afim de esperar, tem sentido uma coisa dessa? não sei, mas ela tá assim, e hoje o motivo da briga foi porque eu deixei a toalha sobre a cama.

_Isso filha, mamãe segura você_ falou ela, ainda lá do quarto.

Já fazem dois meses desde que ela sofreu aquele aborto, isso à levou ficar ainda mais agarrada em nossa filha, dá todo o seu tempo para ela, e sua alimentação voltou a ficar bagunçada de novo.

_Oi Janja, vou daqui... o quê? mas que inferno, bom, eu indo_ bufei irritada.

Confusão, confusão, e mais confusão, aposto que vamos brigar novamente por que eu vou dizer que preciso sair, mas eu sou a chefe da máfia, eu sou a mafiosa, e há muitos problemas que apenas eu posso resolver.

Me levantei, comecei a andar pelo quarto pensando em como vou lhe dizer isto, mas ela vai entender, eu sempre saio para resolver essas coisas, o problema é que ela está estressada, então...

_Ei, Sol..._ a chamei enquanto colocava meu relógio.

Mas assim que vi aquela cena, eu achei melhor ficar calada por um momento, minha filha estava andando, sozinha, sem o apoio de Soraya, que sorria também em ver os passinhos de Gabi.

_Mama... mama_ ela queria dizer mamãe.

_Não acredito no que meus olhos vêem_ falei.

Me abaixei rapidamente quando ela veio andando em minha direção, estava só de fralda, e descalça, com o cabelo bagunçado, havia acordado do seu cochilo da manhã.

_Vem com a mamãe, vem_ quando ela chegou mais perto, eu a abracei.

_Mama... hum mama_ já ficou irritada pelo grude.

_Vai até à sua outra mãe agora_ falei.

E então ela foi indo, devagar, mas foi, chegou até Soraya e ela a abraçou também, mas logo Gabi ficou irritada também pelo abraço da mãe, queria ficar solta, ainda mais que está aprendendo a andar agora.

_Como você cresceu, minha abelinha_ falei.

_O tempo passou depressa_ Soraya falou.

Eu concordei em um balançar se cabeça, levantei de novo, e fui até ela, sentei no chão ao seu lado, não dissemos nada, ficamos apenas vendo a nossa filha andar pelo quarto, se abaixando para pegar alguns brinquedos do chão.

_Ia me dizer alguma coisa?_

_Er... iria, a Janja me ligou_

_Estão precisando de você?_

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora