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Soraya Thronicke
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Eu estava na igreja com a minha mãe, era dia de culto, mas a minha cabeça estava tão longe, nem prestava atenção no que o pastor dizia para todos nós, fui me ajeitar no banco, para poder encostar a costa no banco, porém, me afastei, ainda doía.

_Está com dor ainda, minha filha?_ mamãe perguntou baixo.

_Sim, tudo ainda dói_ respondi baixo também.

_Olhou hoje como está?_

_Nem preciso olhar para saber que ainda um estrago_ ela baixou sua cabeça.

Havia se passado um dia da surra que levei do papai, tudo porque alguém contou que me viu conversando com a mafiosa, assim que cheguei em casa, meu pai já estava com o seu cinto na mão.

Em nenhum momento ele teve pena de mim, muito menos ligava para onde estava batendo em mim, as marcas do meu braço ainda estão presentes, um pouquinho roxa, mas o pior tá na minha costa.

Não lembro quantas cintadas eu levei nessa região, foram tantas que nem deu para contar, nem consegui ir para a faculdade hoje, sei que todos ali iriam achar bem estranho aquelas marcas em meu corpo.

_Quando chegarmos eu passo uma pomada em você, minha filha_

_Não precisa, mamãe, não quero que ninguém veja o meu estado_

_Mas eu sou sua mãe, não sou uma pessoa qualquer, Soraya_

_Eu não quero, mamãe, estou com vergonha de mim mesma_ talvez eu tenha sido um pouquinho grossa com ela.

Não demorou muito e chegou o momento de ir cantar, levantei, eu fazia parte do coral, mas algumas pessoas já estavam posicionadas no baixo palco, peguei o papel e o microfone.

Estranhei uma nova pessoa no violão, sempre foi um rapaz que tocava, hoje não era ele que tava ali, o pastor então foi apresentá-lo para nós, era o seu filho, Carlos, era o nome dele.

O mesmo não parava de olhar pra mim, isso já estava me incomodando, voltei a olhar para as pessoas que estavam presentes, ele começou a tocar, e eu iniciei a música.

Meus pensamentos outra vez foram para longe, me fazendo lembrar do beijo que eu tive com a Simone naquela noite, meu sorriso automaticamente apareceu em meu rosto.

Dez longos minutos se passaram de cantoria, e logo terminou, assim como o culto também, sempre encerrávamos com música, fui até meu banco pegar minha bolsa, mamãe conversava com uma amiga sua.

_Bela voz você tem_ alguém disse próximo de mim.

_Ah, obrigada_ era o filho do pastor.

_Como você se chama?_

_Soraya, e o seu é Carlos, ?_

_Sim, isso mesmo, prazer em conhecer você_ esticou a mão para um aperto.

Quando vi que ele queria puxar assunto, inventei que já ia embora, saí dali e fui até a mamãe, avisando que ainda não iria pra casa, falei que ia visitar uma amiga, pois estava doente.

_Eu também vou, minha filha, preciso fazer novos curativos nas mãos do seu pai_ ela falou.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora