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Soraya Thronicke
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_Mamãe... mamãe..._ Gabi puxou minhas mãos do meu rosto.

_Desculpa meu amor, tudo bem_ fiz um carinho em seu rosto.

_Chola não, mamãe_ pediu outra vez.

Olhei por um tempinho pra ela, seu rosto tava suado, brincava à alguns minutos atrás aqui no quarto de suas mães, agora ela tá sentada em meu colo, fazendo um carinho em mim.

_Soraya, você viu onde eu..._ Simone se calou ao entrar no quarto.

_Hum? vi o que amor?_ fingi que estava tudo bem.

_Você, pera aí, você chorando? Sol, olha aqui pra mim_ não virei meu rosto.

_Colo mamãe sisa_ Gabi saiu de cima de mim.

_Vamos ali com a vovó Vilma?_ pegou Gabi.

_Vovó ilma, vovó ilma_ saiu falando com Simone do quarto.

Me irritei comigo mesma, por tá chorando tanto desde cedo, ainda mais na frente da minha filha, não gosto que ela me veja assim, eu sou sua heroína, como ela chama de maneira ainda desajeitada, mas como posso ser sua heroína se as vezes sou uma ruína?

_ chega, vamos , passou_ me levantei.

Calcei os chinelos, andei de um lado pro outro, o que eu ia fazer mesmo? ah, logo corri pro banheiro, pela ânsia que me deu de repente, tive tempo de chegar e colocar tudo pra fora, tudo o que havia ingerido no café da manhã de hoje.

_Eita filho, não gostou do que a sua mãe comeu mais cedo?_ lavei minha boca.

Logo em seguida lavei meu rosto, passei a toalha, mas senti ânsia de novo, o mesmo processo, lavar a boca, e lavar novamente após escovar os dentes, me sentei sobre o vaso por um momento, e pousei a mão em minha barriga, de agora três meses.

_Soraya? Sol? amor?_ ouvi os chamados de Simone no quarto.

_Banheiro, estou aqui_ não precisei falar tão alto para ela ouvir.

_, vamos , me conte agora_ falou.

_Te contar o quê?_ levantei.

_O motivo das suas lágrimas, me conte_ disse de novo.

_Eu não quero ver minha filha sofrendo_ falei de uma só vez.

_Aconteceu alguma coisa? machucaram a nossa filha?_ perguntou séria.

_Fisicamente não, mas na verdade..._

_Vem , me conta isso direito_

_Simone, eu não quero mais que nossa filha para aquela porcaria de creche_

_Mas o que aconteceu? pode me explicar?_ respirei fundo.

A cada palavra que eu ia soltando do acontecimento de hoje, Simone apertava mais a coberta de nossa cama, sei que também não foi fácil pra ela ouvir isso, mas ela tinha que saber, uma hora ou outra, então decidi não esconder, seria pior depois.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora