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Simone Tebet
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_Não, eu vou endoidar_ dei um murro na parede.

_Calma Simone, toma um pouco..._ Janja foi falar.

_Eu não quero água, Janja_ empurrei ela e me afastei.

Saí andando por aquele corredor imenso, segui por outro, até chegar do lado de fora daquele andar, tirei do meu bolso uma carteira de cigarro e um isqueiro, antes que eu pudesse ascender, vi Janja chegar ali também, furiosa.

_Você vai largar essa merda, e vai agir como uma esposa descente_ puxou o cigarro da minha mão.

_Me devolve, Janja, me..._ ia dizer.

_Cala a boca, sabe o que eu faço com isso aqui? olha só o que eu faço_ começou a pisar no cigarro.

Vi ela pegar o isqueiro da minha mão e jogar longe, para a rua lá em baixo, puxou o masso de cigarro da minha mão também e jogou no chão, começando a pisar também, ficou destruído, gastei dinheiro à toa.

_Essa porra não custou o seu dinheiro_ falei alterada.

_Essa porra vai destruir você_ me calei.

Havia um banco de concreto ali, onde me sentei, ainda calada, baixei minha cabeça, minha perna tremia, denunciando meu nervosismo, ela se sentou ao meu lado, passou a mão na minha costa, fazendo um carinho.

_Ela vai ficar bem, bom... eles vão..._ foi falar.

_Não existe eles, Janja, não existe mais eles, não existe mais_ disse.

_Você quem examinou ela?_ perguntou debochada.

_Não foi nem preciso para eu saber que não existe mais criança ali_ falei.

_É vidente também, Simone?_ continuou com o seu deboche.

_Janja, me deixe aqui, só, me deixe com minha dor, me deixe sofrer_

_Sofrer por antecipação não vai te levar à lugar nenhum, te levará somente à ruína, sua idiota_

_Para Janja, ai caramba, ai, para Janja_ do nada ela começou a me encher de tapa.

_Vai lavar esse rosto, sua mulher precisa te ver bem, você precisa estar bem pra ela_ falou.

_Minha mulher... a minha mulher colocou a vida do nosso filho em risco e perdeu ele_ continuei insistindo.

_Ela fez isso para te defender, e para com isso Simone, por quê insistir nessa ideia?_ perguntou alterada.

_Por quê é a verdade, Janja_ gritei.

_Essa é a sua verdade sobre o que você acha, ainda não obtivemos respostas sobre a verdade da situação_ eu comecei a chorar.

A cena de horas antes não sai da minha cabeça, Soraya deitada em meu colo, gritando para salvar a vida do nosso bebê, o qual ela ainda ia me contar, mas diante do ocorrido, ela me contou que iríamos ser mães outra vez, e agora... agora eu não sei de mais nada.

O preço de um amor bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora